quinta-feira, 20 de junho de 2013

Autores de palmo e meio!

Uma viagem de sonho
            No final de um certo dia, à tardinha, estava na escola… Como a jornada de trabalho já tinha terminado, estava sentada na minha cadeira, com os braços apoiados na mesa e as mãos a segurar-me o rosto. Esperava pela chegada dos meus pais que daí a pouco me viriam buscar.
            Àquela hora, lá na frente, a professora Patrícia, sentada à secretária organizava as suas coisas, preparando a aula do dia seguinte. Ao redor, os meus colegas, em voz baixa, diziam graçolas, contavam segredos, mordiscavam-se uns aos outros… Enfim, uma algazarra em preparação, mas que, por aquela altura, era contrariada pela presença da professora!
            E foi assim, neste ambiente descontraído, que de repente me senti a sonhar. Sem sair da minha sala, senti-me a viajar pelo mundo inteiro!
            Nessa viagem imaginária, estive em sítios muito distantes e percorri quatro continentes: Europa, Ásia, África e América. Nas diversas paragens que fui fazendo fiquei a conhecer alguns países: as suas características, as suas gentes e as suas tradições.
            Para que saibam por onde andei e o que aprendi vou partilhar convosco o roteiro da minha viagem!
            Parti de Portugal, este jardim à beira mar plantado e a minha primeira paragem foi em Espanha, o país que se situa mesmo aqui ao lado!
            Aí chegada, cruzei-me com uma senhora vestida de sevilhana que me disse que a Espanha é um país situado na Península Ibérica, que tem a sua capital em Madrid e que faz fronteira terrestre com Portugal e França. Informou-me também que o regime político espanhol é uma monarquia, que o Rei se chama Juan Carlos e que as principais tradições do seu país são as touradas e as danças sevilhanas.
            Dali parti de barco e fui parar a Inglaterra. Na rua, um polícia com um capacete muito engraçado, falou-me do seu país. Fiquei a saber que a Inglaterra faz parte do Reino Unido, que se situa na ilha da Grã-Bretanha e que a sua língua é o inglês. Que, tal como Espanha, também é uma monarquia e que a sua Rainha se chama Elizabeth II. Então, é caso para dizer “God save the Queen”!
            Deixei aquele lugar num grande navio e poucas horas depois fui parar a FRANÇA. Lá cruzei-me com um ciclista que me deu boleia e me levou a conhecer a cidade de Paris, que é a capital de França. Aí visitei a famosa Torre- Eiffel e o Museu do Louvre e ainda assisti ao final de uma etapa da volta a França em bicicleta, que é um dos eventos mais tradicionais deste país, onde se fala o francês.
            A minha viagem continuou rumo ao centro da Europa e fui parar à Alemanha um país cuja capital é Berlim e que tem uma mulher como chefe do Governo - Angela Merkel. À porta de um bar, um homem alto e loiro, com uma grande caneca na mão, explicou-me que as salsichas e a cerveja são dois dos produtos mais conhecidos da Alemanha.
            E continuei a viajar para leste, para o leste da Europa… Parei então num país muito frio! Estava na Ucrânia, a terra natal da minha colega Sofia. Ali fala-se ucraniano e russo e a capital do país é Kiev. As especialidades gastronomias da Ucrânia são “ o frango a la Kiev “ e o “bolo de Kiev”.  
            E a viagem para leste continuou. Abandonei o continente europeu e entrei na Ásia!
             Fui parar à China, o país mais populoso do mundo. Lá as pessoas pareceram-me ensonadas, porque tinham os olhos em bico! A capital da China é Pequim e um dos seus alimentos mais característicos é o arroz. Aí visitei o monumento mais imponente do mundo, a grande muralha da China e aprendi algumas palavras de mandarim, a língua que se fala por lá.
            Da China, parti por terra e fui parar à ÍNDIA, o segundo país mais populoso do mundo. A sua capital é Nova Deli e lá falam-se várias línguas, mas as principais são o hindi e o inglês. A sua moeda é a rupia indiana e este país é conhecido pelos seus tradicionais encantadores de serpentes, pelas roupas com cores variadas e pelo uso de várias especiarias. A pinta que todas as mulheres usam na testa deixou-me impressionada pois, num primeiro momento, pareceu-me ser varicela! A atenção dada às vacas, que são tratadas como deuses, também me deixou muito admirada...
            E a viagem continuou... Agora novamente de barco. A minha próxima paragem foi em Timor LESTE, um dos países mais pequenos do mundo, cujo território corresponde a metade de uma ilha. Timor foi uma antiga colónia Portuguesa, invadida e ocupada pela Indonésia durante 24 anos. As línguas mais faladas em Timor Leste são o Tétum e o Português e a capital do país é Díli.
De Timor parti para Angola. Para trás deixei a Ásia e entrei noutro continente: África!
         Angola também foi uma colónia Portuguesa, descoberta pelo navegador Diogo Cão, no século XV. Situa-se na parte sul do continente africano e sua língua oficial é o português. Em Angola, cruzei-me com o Pedro Mantorras, antigo jogador do Benfica! Ele levou-me a visitar a capital do seu país, Luanda e disse-me que em Angola existem grandes produções de café e de cana-de-açúcar. Também me disse que Angola é segundo maior produtor de petróleo de Africa e que no país são explorados diamantes. Angola é um país com muitas riquezas e muito quentinho!
            Mas a minha viagem continuou, agora de Avião! Sobrevoei o Atlântico, deixando África para trás e parti em direção à América.
            Aterrei no México e lá fui recebida por um homem muito simpático que falava espanhol e vestia umas roupas muito coloridas e que na cabeça tinha um chapéu enorme. Começou por me explicar que o seu chapéu se chamava sombrero e que aquele era um dos símbolos mais conhecidos do seu país. Depois, informou-me que o México se localiza na América do Norte e que a sua capital, que tem o mesmo nome do país, Cidade do México, é a terceira maior cidade do mundo, com mais de vinte milhões de habitantes. Tanta gente! Disse-me ainda que no México existem muitos vestígios de civilizações antigas como os Maias, os Astecas e outras. Os mexicanos são um povo muito divertido e obrigaram-me a provar os seus pratos tradicionais: os Burritos e a Tortilha. Porque sou criança escapei-me de provar a sua bebida mais famosa, a tequila!
            E do México rumei a norte e cheguei aos Estados Unidos da América, o país mais poderoso do mundo! Este país situa-se na região central da América do Norte e é formado por 48 Estados. A sua língua oficial é o inglês e a moeda usada é o dólar americano. A sua capital é Washington e o presidente do país chama-se Barack Obama. Nos Estados Unidos é muito característica a comida tipo “fast food”: hambúrgueres, batatas fritas, cachorros-quentes, coca-cola… Hum! Tudo comida …
            Viajava assim quando de repente o meu sonho foi interrompido! Oh!
                        - Ana Rita Vieira…
            Entoou a professora Lina à porta da sala.
                        - Podes ir, chegaram os teus pais! 
            Terminava assim o meu sonho... Logo ali pude perceber que esta minha viagem imaginária tinha sido inspirada pelo projeto educativo que desenvolvemos ao longo do ano na minha escola e que teve como objetivo dar-nos a conhecer os países incluídos neste meu roteio de sonho.
            Ah! Já agora e para que saibam, o país que saiu em sorte à minha sala foi a Inglaterra. Então, é caso para terminar dizendo: Goodbye my friends!

In “Jornal da Academia” – Academia de Ensino Particular.
Autora: Ana Rita Vieira, aluna do 4º ano

(Publicado com autorização da autora) 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

“Grândola Vila Morena” cantada em Espanha

Quem é que disse que as exportações portuguesas estão a desacelerar?


Vinho do Porto, Cortiça, Pasteis de Belém... E agora o “Grândola Vila Morena”!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Papa Bento XVI renunciou hoje ao seu ministério

Quando foi eleito para a cátedra de Pedro, em 2005, o Cardeal Joseph Ratzinger carregava um fardo, a meu ver, pesado: tinha sido durante 24 anos Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Este órgão, que tem a incumbência de promover e salvaguardar a doutrina sobre a fé e a moral católica em todo o mundo, é talvez o mais importante na estrutura Cúria Romana. Mas, simultaneamente, e por força das suas atribuições, é também aquele que mais frequentemente é visado pelos críticos da Igreja, que vêm nele uma espécie de “condicionador” da liberdade dos fiéis, a quem impõe valores éticos e morais e regras doutrinais. Virá a propósito referir que até ao início do século XX a Congregação para a Doutrina da Fé era conhecida como o Tribunal da Santa Inquisição.
Ora, o exercício do cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, durante grande parte do pontificado de João Paulo II - um dos Papas mais carismáticos de sempre - investiu Ratzinger no papel de uma personagem extremamente conservadora, tendo sido muitas vezes apontado aos olhos da opinião pública como o responsável pela falta de adaptação da doutrina da Igreja aos tempos modernos.
Porventura, por causa desta condicionante, quando a 19 de Abril de 2005 o Cardeal Joseph Ratzinger foi eleito Papa, fiquei algo expectante quanto ao exercício do seu ministério. Também eu fui muito marcado pelo pontificado avassalador de João Paulo II e em muitos momentos fiquei com a sensação de que Papa polaco teria ido mais além em questões fraturantes para sociedade contemporânea, não fossem as imposições emanadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, de que era responsável o Cardeal alemão.
E os meus receios não se desvaneceram nos primeiros tempos do seu pontificado altura em que Bento XVI promoveu a recuperação de alguns símbolos tradicionais da indumentária pontifícia, como por exemplo, o uso de sapatos vermelhos... Esta e outras práticas, confesso-o, afiguraram-se-me a uma espécie de tentativa de restauração de uma certa "aristocracia papal" que achava desadequada para o nosso tempo.
Mas com o passar dos meses, e dos anos, a minha opinião acerca deste Papa foi-se clarificando e fui descobrindo nele um número crescente de qualidades que me levaram a respeita-lo e a admirar cada vez mais a sua personalidade.
Homem estudioso, muito inteligente e extremamente culto, Ratzinger é dado a uma timidez muitas vezes encontrada em personalidades com estas características, mas longo do tempo foi transformando a sua forma de estar em público, adequando-a às suas funções de Sumo Pontífice. Uma transformação deste género é sempre merecedora de relevo, mas, na minha opinião, a de Bento XVI, merece ainda mais destaque dado que se operou, e de uma forma particularmente notória, num homem de idade já avançada.
De resto, o pontificado de Joseph Ratzinger, não foi fácil, sendo pontuado por momentos de grande intensidade e polémica, de que será exemplo mais significativo, a denúncia de casos de pedofilia em larga escala no seio da Igreja Católica. E foi nestes momentos, e noutros, em que por exemplo assumiu publicamente erros históricos da Igreja, que Bento XVI se revelou um homem determinado e um líder particularmente incisivo, que procurou demonstrar a todos quantos o rodeiam que a resolução dos problemas começa pela aceitação da sua existência, sem ambiguidades e passa pelo seu tratamento de forma séria nas suas diversas vertentes, sejam elas religiosas, jurídicas, económicas, políticas, etc.
Em termos doutrinais/intelectuais, Bento XVI lega à Igreja e aos crentes em particular, um pontificado marcado por um pensamento focalizado particularmente no tema da fé. Seja sob a forma escrita, editada e publicada, seja através das intervenções que foi proferindo ao longo dos últimos oito anos, o Santo Padre, teorizou profundamente sobre a forma de entender a fé à luz da razão. Sobre a forma como cada ser humano pode livremente descobrir a verdade da fé se se predispuser a percorrer o caminho que leva à verdade, alimentado pela fé.
Em termos pastorais, do pontificado de Bento XVI ficam as suas viagens apostólicas, realizadas algumas delas em circunstâncias muito difíceis, e os seus encontros com personalidades ligadas a meios académicos, científicos, culturais e políticos, onde procurou constantemente lançar pontes para o diálogo inter-religioso, cultural e científico. 
Enfim, um pontificado relativamente curto, mas muito valoroso, que chega ao fim por vontade do próprio, num gesto sem paralelo na história recente da Igreja.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Lino Tavares Dias - Candidato no Marco

Calendário das Provas Finais e Exames Nacionais para o ano de 2013


Nesta terça-feira foi publicado o Despacho nº 2162-A/2013 do Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário contendo o calendário das Provas Finais e Exames Nacionais para o ano de 2013.
Os alunos do 4.º ano de escolaridade, para quem, pela primeira vez, as notas das provas finais vão contar para a avaliação final, terão a prova final de Português no dia 7 de Maio e a de Matemática no dia 10 de Maio.
As pautas com os resultados das provas serão afixadas no dia 12 de Junho.  
Os alunos do 2º e 3º Ciclo do Ensino Básico terão a prova final de Português LNM no dia 17 de Junho, de Português no dia 20 de Junho e de Matemática no dia 27 de Junho.
As pautas com os resultados das provas de PLNM serão afixadas no dia 10 de Julho e as de Português e Matemática 22 de Julho.
Em qualquer dos casos e para situações especialmente previstas, o diploma contempla uma segunda fase para realização das provas.
Quanto ao Ensino secundário, a primeira fase dos Exames Nacionais decorrerá entre 17 e 26 de Junho e a segunda fase entre 16 e 18 de Julho.
Consultem o documento, clicando no link que destaquei a azul com o número do Despacho, apontem nas agendas e bons estudos!

O TGV está de volta?

O TGV Lisboa-Madrid afinal avança? Francamente... Mais uma desilusão!
Numa altura em que fala na reestruturação do sector dos transportes - identificado pelos responsáveis políticos como um dos maiores sorvedores de recursos públicos – onde se preveem reestruturações extremamente dolorosas, com extinções de postos de trabalho, redução nos serviços prestados e aumento de tarifas, voltar à carga com um projeto que, há pouco mais de um ano, foi abandonado por razões de insustentabilidade económica é uma decisão que me custa a compreender.
Este tempo que vivemos, em que (1) se sucedem as notícias de uma pertença economia de meiosEP vai cortarnos limpa-neves, iluminação e patrulhamento das estradas – em que (2) se promove o fim da exploração da linha férrea tradicional e se reduz a mínimos questionáveis o investimento na sua manutenção – veja-se o exemplo do projeto de eletrificação da linha do douro no troço Caíde-Marco de Canaveses – em que (3) se fala da necessidade qualificação/racionalização dos investimentos públicos, em que (4) se estabelece como prioridade a reindustrialização do país e em que (5) se submete os portugueses a um esfoço fiscal incomportável - o maior de que há memória - este tempo, dizia, não é o tempo para as meias verdades, ou para verdades de conveniência, é o tempo da coerência, ou da falta dela...

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Poderá Portas travar Ferreira Torres?

O jornal SOL escreve hoje que Portas quer travar Avelino no Marco de Canaveses.
Em tempos e por bem menos, Ferreira Torres apelidou os dirigentes nacionais do seu partido de “cópinhos de leite” ... Veremos o que acontece desta vez!

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Relvas, Relvas...

Depois do ser visto e ser “ouvisto” pelos portugueses...


Ficamos agora a saber que uma RTP que seja um fundo sem poço” nos concursos não é bom para o país...

Palavras para quê? No melhor "relvas" pode cair a nódoa... (!!!)

sábado, 26 de janeiro de 2013

Centro Social Interfreguesias em Tabuado - Inauguração

Aspeto da fachada principal do edifício
Amanhã, dia 27 de Janeiro de 2013, pelas 15:00 horas, vai ser inaugurado o Centro Social Interfreguesias, em Tabuado.
Este equipamento, cuja área de intervenção abrange as atuais freguesias da Folhada, Tabuado e Várzea da Ovelha e Aliviada, compreende as valências de centro de dia, com capacidade para trinta utentes, serviço de apoio ao domicílio e centro de convívio.
O edifício, construído de raiz, contempla espaços devidamente equipados para a prossecução dos seus fins sociais, de que são exemplo uma ampla e muito luminosa sala de estar, uma não menos ampla sala de refeições, uma cozinha com equipamentos industriais e uma lavandaria. A estes espaços juntam-se-lhe zonas de apoio, devidamente adaptadas, como sejam sanitários, cabeleireiro, banho assistido, vestiários e despensas, de vários tipos.
A construção, desenvolvida em dois pisos, contempla ainda uma zona com gabinetes médicos e de enfermagem, com áreas para apoio administrativo e salas de espera, onde será reinstalada a extensão do centro de saúde que funciona em Tabuado. Numa outra parte do edifício funcionarão os serviços administrativos e de ação social da Casa do Povo de Tabuado, entidade promotora do projeto.
Esta obra foi implantada num terreno com 2.400m2 adquirido, há mais de 40 anos, pela população das três freguesias para construção da sede social da Casa do Povo de Tabuado e instalação da extensão de saúde. O custo total da obra rondará os 450 mil euros e foi comparticipada em 200 mil euros por fundos comunitários - verbas do QREN - em 70 mil euros pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses, sendo o restante suportado pela promotora da obra, que angariou - e continua a angariar - fundos junto da população das três freguesias e não só.
Esta é uma obra muito importante para as populações da Folhada, de Tabuado e de Várzea. Permito-me referenciar aqui apenas dois aspetos que atestam, a meu ver, esta realidade. Primeiro – vem colmatar a falta de um equipamento multifuncional para apoio à população sénior desta zona geográfica; Segundo – vem permitir a reinstalação da extensão do centro de saúde em instalações adequadas, potenciando, desta forma, o seu funcionamento em pleno.
Em termos pessoais, a conclusão desta obra deixa-me particularmente contente.
As ligações da minha família à Casa do Povo de Tabuado são antigas. Os meus avós e os meus pais eram sócios daquela instituição e particularmente os meus avós - já falecidos - mantinham com ela uma relação funcional em termos de Caixa de Previdência. Por isso, quaisquer referências à Casa do Povo, fazem-me reviver episódios da minha infância e adolescência e devolvem-me a certeza de que os meus familiares também se incluem no rol dos que, há mais de quatro décadas, contribuíram para aquisição do terreno onde agora se implantou o centro social.
Por outro lado, a conclusão desta obra representa o concretizar de um sonho que, há quase duas décadas, me vinham confessando os impulsionadores do projeto. Muitos foram os avanços e recuos, a começar pela simples – impossível para alguns, mas óbvia para outros - legalização do terreno... Mas a persistência triunfou e com ela triunfaram aqueles que alimentaram o sonho e aquele que manteve viva, ainda que inativa, a Casa do Povo de Tabuado e o seu património social e material.
Estão por isso de parabéns e merecem o reconhecimento público.
Estão também de parabéns todos quantos colaboraram - e continuam a colaborar - para a concretização desta obra.  
Enquanto filho de Tabuado, deixo aqui um “bem-haja” para todos, pois estou certo de que estão contribuir para o engrandecimento das nossas terras – onde incluo Folhada e Várzea – e faço votos para que num futuro próximo se proporcionem as condições para que esta obra seja devidamente rentabilizada em proveito das populações.
O reconhecimento, tantas vezes inesperado e de conveniência, pode ser efémero, mas o mérito que alimentará este projeto traduzir-se-à na concretização do desafio que agora começa – criar as condições para o tornar útil e sustentável.
Parabéns... E sobretudo, força para o que aí vem!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Retenção na Fonte Ano 2013 – Rendimentos Prediais (25%) e Atividades da Tabela Anexa artigo 151.º do Código do IRS (25%)


Nos últimos dias muita gente tem procurado esta informação. Por isso transcrevo de seguida o artigo 101.º do CIRS devidamente atualizado pela Lei n.º 66-B/2012 de 31/12 – Orçamento do Estado para 2013.
Faço alguns destaques no texto do artigo para melhor perceção das diversas taxas.
ARTIGO 101.º
RETENÇÃO SOBRE RENDIMENTOS DE OUTRAS CATEGORIAS
1 - As entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada são obrigadas a reter o imposto, mediante a aplicação, aos rendimentos ilíquidos de que sejam devedoras e sem prejuízo do disposto nos números seguintes, das seguintes taxas:
a) 16,5%, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos na alínea c) do n.º 1 do artigo 3.ºde rendimentos da categoria E ou de incrementos patrimoniais previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 9.º;
b) 25%, tratando-se de rendimentos decorrentes das atividades profissionais especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º;
c) 11,5%, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos na alínea b) do n.º 1 e nas alíneas g) e i) do n.º 2 do artigo 3.º, não compreendidos na alínea anterior.
d) 20%, tratando-se de rendimentos da categoria B auferidos em atividades de elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou técnico, definidas em portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, por residentes não habituais em território português;
e) 25%, tratando-se de rendimentos da categoria F.
2 - Tratando-se de rendimentos referidos no artigo 71.º, a retenção na fonte nele prevista cabe:
a) Às entidades devedoras dos rendimentos referidos nos n.ºs 1, 4 e 14 do artigo 71.º;
b) Às entidades que paguem ou coloquem à disposição os rendimentos referidos nos n.ºs 2 e 13 do artigo 71.º
3 - Tratando-se de rendimentos de valores mobiliários sujeitos a registo ou depósito, emitidos por entidades residentes em território português, o disposto na alínea a) do n.º 1 e na alínea a) do n.º 2 é da responsabilidade das entidades registadoras ou depositárias.

4 - Não existe obrigação de efetuar a retenção na fonte relativamente a rendimentos referidos nas alíneas c), d), e), f) e h) do n.º 2 do artigo 3.º.

Tabelas de Retenção na Fonte para 2013



Tabelas de Retenção na Fonte para o ano de 2013:
            Continente
            (Os pensionistas devem consultar a Declaração de Retificação nº 45-A/2013)
            Madeira
            Açores

sábado, 12 de janeiro de 2013

Plenamente de acordo...


Nenhuma causa, nenhuma religião, deveria justificar a morte
José Ramos Horta,
Ex-presidente da República de Timor Leste.


E já agora, ao contrário do que o próprio dá a entender nesta entrevista à “Visão”, quero acreditar que Ramos Horta será um ótimo candidato a secretário-geral da ONU em 2016. Talvez o melhor de entre os possíveis candidatos de toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A nomeação do ex-presidente timorense e Nobel da Paz em 1996, para o cargo de enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, pode funcionar como uma boa rampa de lançamento.

Uma ideia para ser trabalhada no seio dos meios diplomáticos da CPLP.

Presidente de Câmara reformada aos 47 anos

A uns pedem sacrifícios a outros... Presidente da Câmara de Palmela vai reformar-se aos 47 anos. 
Assim não! Que a senhora em questão - e outros na mesma situação - tenham direito a uma pensão correspondente aos descontos que fizeram, parece-me pacífico. O que para mim é inadmissível é que a prestação lhe seja atribuída aos 47 anos, numa altura em que idade legal da reforma, para a grande maioria dos portugueses, caminha para os 66 anos.
Que dirá Gerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, deste episódio? Que são todos iguais, pois claro! Mesmo os comunistas..

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Está decretado: o Presidente da República não pode dar a mão à palmatória

Reconhecer que se errou não é uma virtude? Tentar corrigir um erro não é uma atitude louvável? Insistir num erro não é postura reprovável?
Todos concordarão que a resposta a estas três questões é afirmativa.
Respondemos assim porque no-lo ensinaram os nossos pais quando éramos crianças, os nossos professores quando frequentávamos a escola e os nossos colegas mais experientes quando iniciamos a nossa carreira profissional.
Então se assim é, por que carga de água, permitam-me a expressão, deveria o Presidente da República insistir no mesmo erro em dois anos consecutivos?
Digo isto na sequência de comentários que ouvi a Raul Vaz, na passada sexta-feira, na Antena 1 e a Marcelo Rebelo de Sousa, ipsis verbis, este Domingo, na TVI, sobre o alegado erro que terá cometido o presidente da República, que na opinião dos dois comentadores, não deveria ter suscitado a inconstitucionalidade do corte do subsídio de férias aos pensionistas e funcionários públicos no orçamento de estado para este ano de 2013, uma vez que o não fez em relação ao orçamento para o ano de 2012.
Depreendo portanto que o Presidente deveria ter cometido o mesmo erro em dois anos seguidos, sendo que, de premeio, esse erro, foi confirmado como tal, pelo Tribunal Constitucional.
Neste Domingo também ficamos a perceber que os membros do Governo devem, por uma questão tática, ficar em silêncio; não devem proferir declarações que, de alguma forma, possam ser entendidas como pressão sobre os Juízes do Tribunal Constitucional.
Dessa tarefa encarregar-se-á o professor Marcelo...

domingo, 6 de janeiro de 2013

O dia dos Reis Magos


A 6 de Janeiro, a maior parte das Igrejas Cristãs, celebram a festa dos Reis. Em termos litúrgicos, a Igreja Católica, em Portugal, assina-la a festa da Epifania (que quer dizer manifestação do Senhor) ou vulgarmente apelidada de visitação dos Magos, no Domingo seguinte, se a data não coincidir com um Domingo.
Esta festa tem na sua origem referências bíblicas, que ao longo dos séculos foram sendo acrescentadas com pormenores da tradição cristã.
O evangelista São Mateus, aquele que narra mais pormenorizadamente o nascimento e infância de Jesus, refere:
Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do Rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do oriente. E perguntaram: “onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” (Mt 2 1-2).
Como se vê, os Magos não são quantificados, não se lhe conhece nome, nem são apresentados como Reis. Porém, na tradição cristã foi ganhando forma a ideia de que estas figuras seriam Reis, em número de três e se chamariam Belchior, Gaspar e Baltazar.
Muito provavelmente, ao denomina-los por Magos, o evangelista pretendia indicar que se tratavam de Sábios ou Sacerdotes, estudiosos dos astros e dos escritos proféticos da antiguidade. Assim o faz crer, a forma como tiveram conhecimento do nascimento de Jesus, através da identificação de uma estrela que lhes havia de indicar o lugar onde teria nascido o menino.
A ideia de que seriam Reis aparece na tradição cristã, muito provavelmente, por influência da interpretação teológica do episódio da visitação.
De facto, a Igreja diz que o menino Jesus – o Rei do Universo – se quis manifestar em primeiro lugar aos mais humildes do povo de Israel, representados na figura dos pastores. Mas que de seguida, a quando da visitação dos Magos, se manifestou aos gentios (estrangeiros e não crentes) para mostrar que tinha nascido para salvar toda a humanidade e submeter ao seu domínio todos os reinos e potestades da terra.
Daí que, na tradição, a figura dos Magos tenha sido associada à de Reis, que governavam regiões circunvizinhas (do oriente) e que naquela ocasião terão vindo prestar vassalagem ao Rei dos Reis.
Nessa altura, para venerar a divindade daquele menino, ter-lhe-ão também oferecido presentes.
"E entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e abrindo os cofres ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra" (Mt 2 11).
Como se verifica neste trecho do evangelho, São Mateus refere que os Magos ofereceram ao menino presentes, com três naturezas físicas distintas, ouro, incenso e mirra.
Deste dado pode ter resultado a ideia de que número de Magos seria igual ao da variedade dos presentes, ou seja três, cada um deles ofertando um dos tipos de presente. Há no entanto outras teorias para fundamentar aquela quantificação, que associam o número de Magos, a reinos de regiões vizinhas.
Nesta panóplia de hipóteses há até quem arrisque a personificação dos presentes, sugerindo que o ouro foi oferecido por Belchior, que o incenso terá sido oferecido por Gaspar e que mirra terá sido ofertada por Baltazar.
Quanto aos presentes, propriamente ditos, cada um deles tem um significado doutrinal: o ouro foi oferecido ao menino como sinal da sua realeza, o incenso como sinal da sua divindade e a mirra como sinal da sua natureza humana.

(Noutra ocasião, quiçá para o ano [!], abordarei as tradições ligadas a esta festa. Um bom dia de Reis para todos – ou pelo menos o que resta dele).

A opinião de Mota Amaral

Mota Amaral, deputado do PSD e antigo Presidente da Assembleia da República, escreveu um artigo de opinião no Diário dos Açores onde critica violentamente as políticas seguidas pelo governo.
O PSD através do seu vice-presidente Pedro Pinto já veio dizer que Mota Amaral fez uma declaração que não está ao nível do seu passado  e das suas responsabilidades.
Não quero qualificar as afirmações de Mota Amaral, nem a reação de Pedro Pinto, porque a envolvente económica e social o fará suficientemente, no entanto apetece-me perguntar: não foi Mota Amaral um dos deputados que aprovou o OE para 2013? Se assim foi, como pode um deputado contribuir com o seu voto para aprovação de um documento que antevê com efeitos tão nefastos (e supríveis) para aqueles que o elegeram e representa no parlamento?
Nesta democracia, que se diz representativa, há procedimentos políticos muito pouco compreensíveis à luz do senso comum. Ou melhor, compreensíveis, talvez; aceitáveis, é que não. Sobretudo para quem se rege por princípios morais exigentes.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Quem quer ser funcionário público?

Os interessados podem consultar aqui algumas regalias que os esperam no exercício da função.

Segredo de Justiça

A Procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, avançou com uma auditoria aos processos-crime que foram alvo de violação do segredo de Justiça em investigações criminais, nos últimos dois anos. Segundo consta numa nota da Procuraduria, esta ação, que ficará a cargo de um inspetor do Ministério Público, visa não só encontrar os autores dos crimes, mas também identificar as circunstâncias em que os mesmos foram praticados, de forma a poder evitar a sua ocorrência no futuro.
A decisão parece-me acertada porque visa combater um crime praticado com frequência e que não tenho memória de alguma vez ter sido punido. Por outro lado, a realização desta auditoria no início do mandato da nova PGR também se revela interessante, porque o ex-procurador, Pinto Monteiro, foi dizendo, ao longo do exercício do cargo, que lhe faltavam armas para lutar contra este crime...Será que afinal as armas existiam e o que faltava era destreza para as usar? 
Aguardo com expectativa os resultados desta auditoria na esperança de que se forem apurados, com objetividade, factos ilícitos, estes possam ser julgados, para que se acabe de vez com a a ideia de que em Portugal a culpa morre sempre solteira. O que não aconteceu aqui no chamado "caso Rui Pedro"... E ainda bem.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Ano Novo do Bertinho

O David dos “Albertos” é um menino a quem os familiares e amigos, carinhosamente, chamam Bertinho. Vive numa qualquer aldeia deste país e é uma criança feliz. É atento ao mundo que o rodeia, teme os seus perigos, mas a felicidade com que vive a sua infância só lhe permite antever um futuro risonho.
Hoje, ao acordar, olhou para o calendário dos Missionários Combonianos que avó lhe pendurou na parede do quarto. Estamos a 31 de Dezembro, o derradeiro dia do ano.
Bertinho, ainda envolvido no quentinho dos cobertores, sabia que se aproximava um dia especial.
Que bom, nos últimos tempos os dias especiais têm-se sucedido: os anos do irmão, o Natal e agora o Ano Novo...
Quando ainda era acometido por este pensamento e se refazia para o mundo após uma noite de sonhos, a mãe entra-lhe pelo quarto. Acende o candeeiro da mesinha de cabeceira e à média luz sussurra... “Bom dia meninos...
Trazia consigo duas tigelas de leite, com sopas de molete de véspera.
De imediato, Bertinho retribui o cumprimento carinhoso da mãe e levanta-se, encostando-se à cabeceira da cama, com a almofada de permeio para lhe acomodar o encosto. Ao seu lado, Zé Alberto, o irmão com quem partilha a cama, tem mais dificuldade em se libertar do mundo dos sonhos. Mas o aroma do leite quentinho, ensopado no trigo do molete ressesso e uns afagos da mãe lá o trazem de volta ao mundo da luz.
Passado uma hora, Bertinho, devidamente vestido e bem acordado, calcorreia já os enregelados caminhos da aldeia, endurecidos pela geada da madrugada. Faz o percurso que separa a sua casa do posto de recolha de leite, transportando consigo a leiteira, que vai segurando alternadamente com uma das mãos, para repartir pelos dois braços o peso do leite que vai entregar. Com passadas proporcionais ao seu tamanho, vai caminhando ligeiro, mas evita fazer movimentos bruscos para não entornar o leite...
Depois de despejado o conteúdo da leiteira numa vasilha de medição, a senhora Gracinda, uma mulher na casa dos cinquenta e muitos, de estatura baixa, com rosto bochechudo e cabelos brancos, anunciou: “10 litros”. Apontou a quantidade na lista de entregas e despediu-se com um “Então adeus e  até pró ano! Boas entradas…”. O Bertinho ficou satisfeito. A medição do leite rendeu e a responsável pelo posto de recolha da Agros foi ternurenta nas palavras da despedida.
O Bertinho reveza-se com os irmãos e a mãe na tarefa de entregar o leite no posto de recolha. Orgulha-se do trabalho que faz, porque isso fá-lo sentir parte integrante da economia familiar e “o trabalho infantil termina onde começa o bem-estar da família” – pensa ele.
No caminho de volta a casa, passa pela senhora Carolina, a padeira que vende pão numa canastra em frente à loja da senhora Matilde. Porque na manhã seguinte “não haverá pão”, Bertinho vai comprar quantidades reforçadas. Duas dúzias e meia de moletes, mais dois cacetes, para as rabanadas... A Carolina padeira, uma senhora já entrada nos anos, prá aí da idade da avó Rosalina, termina com recomendações de agasalho por causa do frio e depois de pela enésima vez, lhe ter dito que os seus avós foram os únicos convidados na festa no seu casamento, despe-se dele com desejos de muita saúde, boa passagem de ano e “recomendações aos pais e avozinhos”.
Bertinho retoma o seu caminho de regresso a casa. O frio daquela manhã seca de inverno provoca-lhe cieiro nos lábios e as suas faces enregelaram; mas o menino sente o calor da amizade a invadir-lhe o coração!
Ao passar pela casa da senhora Augusta “manquinha”, àquela hora da manhã  com a porta da rua ainda  cerrada, vai meditando no quão importante foi para si o ano que está prestes a terminar.
É uma injustiça que deseje ansiosamente, como as pessoas adultas, a chegada do novo ano quando este me trouxe tantas coisas boas” – exclama em pensamento.
Ao matutar nestas ideias, no seu íntimo balançavam sentimentos aparentemente contraditórios. Por um lado, a nostalgia que o invadia motivada pelo final do ano, fazia-lhe crer que as pessoas mais velhas eram injustas, porque não valorizavam suficientemente tudo que tinham conseguido nesse período de tempo; por outro lado, apreciava a fraternidade que se gerava entre os adultos, com a chegada do ano novo. Aquele espirito de aparente partilha e concórdia, apertava-lhe o coraçãozito, embargava-lhe a voz e até lhe provocava lágrimas de felicidade.
Absorvido nestes pensamentos, Bertinho entra na Costa do Lugar, um caminho ingreme, em terra batida, que vai percorrer, agora em sentido descendente. Dos sacos que carrega na mão esquerda provém um aroma agradável a pão fresco. Aos primeiros metros não resiste à tentação! Equilibra a leiteira vazia no braço direito, e, com a mão agora livre, retira de um dos sacos um molete, que leva á boca e trinca com deleite. Enquanto caminha, as dentadas no pão vão-se sucedendo ao ritmo da mastigação.
Desce cerca de trinta metros e cruza-se à direita com o senhor Oliveira e a senhora Amélia, marido e mulher, que plantam batatas nos quintais da casa da calçada. Ao vê-lo assim – leiteira numa mão, sacos do pão na outra e a mastigar – exclamam:
 “Ah Bertinho! Tu fazes pela vida para chegar ao ano novo… É assim mesmo!”.
Um bocado embasbacado com a situação, mas sem perder o despacho, Bertinho responde “Se quero lá chegar, embora falte pouco, não posso deixar de me alimentar…”.
Em resposta a esta afirmação tão expedita, o casal desata uma gargalhada em uníssono. Bertinho, ato contínuo, solta a saudação: “Tenham um bom ano! …”.
Também para ti!... ” Respondeu o casal a uma só voz.
O senhor Oliveira cobre de novo a careca com um chapéu que tinha retirado da cabeça enquanto falava com o gaiato e volta agarrar com vigor o cabo da enxada, para concluir a abertura de mais um carreiro de batatas.
 Bertinho seguiu em direção a casa.
espírito do novo ano enche-lhe cada vez mais o peito. Desta vez até tinha sido ele a desejar bom ano!
Pouco depois de dobrar a curva do Prazo, dá de caras com a senhora Margarida de Jesus, que regressava a casa depois de ter ido à fonte de Canhões lavar umas peças de roupa. Bertinho saúda-a com um “Bom dia senhora Margarida” e deseja-lhe um bom ano. A senhora, baixinha e de aparência franzina, com sessenta e poucos anos, responde com um abraço e dois beijos, acompanhados de elogios à boa educação e desejos de um bom ano.
Dali, o Bertinho já avista a sua casa e pouco tempo depois o seu percurso estava terminado.
Como está nas férias do Natal e já fez em devido tempo os deveres mandados pelos professores, o Bertinho vai passar o resto do dia liberto de obrigações, que não é o mesmo que dizer sem ocupações...
Ainda antes do almoço, vai, a mando da mãe, à mercearia comprar canela moída, para pôr na aletria... Aproveita estar ali dois passos e vai de novo dar uma olhadela no presépio da barbearia do Boaventura. Bertinho é um apreciador de presépios e este é um dos que mais admira na aldeia. Não é muito numeroso em peças, mas estas são muito bem trabalhadas e o curral, em madeira, é perfeito! Talvez tenha sido feito por algum carpinteiro profissional... E que dizer do efeito que o senhor Boaventura consegue ao combinar o verde do musgo com os ramos de austrália onde coloca a iluminação? "Perfeito (...) " – pensa para os seus botões.
Estava ainda pendurado na rede que contorna o canteiro defronte da janela da barbearia a observar o presépio quando ouve gritar:
Bertinho, ó Bertinho... “ – Era o seu colega Filipe, filho da Emília costureira, que chamava por si. Descia da casa do senhor Gabriel Sousa, que é tio de ambos. Veio ao seu encontro e convidou-o a passar por sua casa. Já tinha conseguido, numa troca com o Tó Tibério, arranjar-lhe o cromo do Néné, que lhe faltava na caderneta. Além disso, este ano, o Bertinho ainda não tinha visto o seu presépio...
Vais ver Bertinho... Está um espetáculo! Tem quarenta peças, só este ano, comprei mais seis ovelhas, um moleiro, dois pastores e uma banda com cinco músicos! Está um espetáculo! Anda daí...
Bertinho não gostava destas deslocações imprevistas. A mãe e a avó estariam a olhar para o caminho para ver quando regressava e, na certa, se persentissem que se atrasava, começariam logo a suspeitar o pior e haviam de pôr pés ao caminho para saber de si. Ainda assim...
A casa do Filipe fica aqui perto, ele tem o cromo que me falta para completar a caderneta e posso dar uma olhadela no seu presépio...” – Pensou.
 Ora, antes que alguma reflexão mais profunda o afastasse desta escapadela, aceitou o convite do amigo.
Vamos lá, mas tem que ser rápido (...) tenho que levar a canela à minha mãe” – Disse.
É um instantinho, vais ver... “ – Disse o outro.
Como planeado, a visita foi rápida e Bertinho, já com o cromo do Néne no bolso, regressa a casa pelo carreiro da levandeira, para encurtar distâncias.
A seguir ao almoço teve uma surpresa. Apesar de não ser Domingo, a RTP 1, começou a emitir o programa do Vasco Granja e os quatro irmãos (três rapazes e uma menina) tiveram uma sessão surpresa de Pantera Cor-de-rosa que se prolongou por mais de uma hora.
O resto da tarde, Bertinho, passa-a a ajudar a família; ora nos trabalhos da quinta – essencialmente a colher alimentos para os animais, porque estes, mesmo em dias de festa, têm que comer, como lhe ensinou seu Pai; ora em lides mais caseiras.
De premeio, ainda há tempo para umas sessões de jogo das escondidas, em versão de cowboys, em que participa grande parte da miudagem do lugar. Quer dizer, os rapazes, bem se vê pela natureza do jogo! A organização é simples e fica quase sempre a cargo dos mais velhos. Reúne-se a garotada disponível e formam-se duas equipas, neste caso, de oito elementos cada. Uma esconde-se, outra caça... As vitórias vão-se repartindo pelas duas equipas. Mas jogo acaba inesperadamente: o João Roque, “o terrível” do lugar, numa manobra arriscada, partiu a pistola de plástico que tinha recebido no sapatinho... Que drama!...
Ao anoitecer a mãe, a avó Rosalina e a senhora Felicidade – uma empregada que faz parte da família e é uma outra avó para o Bertinho e seus irmãos – reúnem-se na cozinha para preparem o jantar de ano de novo. Escolhem a hortaliça, descascam batatas, tiram o bacalhau do demolho... Uma azáfama de panelas e tachos!
Ao Bertinho, ao Zé, á Rita e ao Nuno é entregue a tarefa de pôr a mesa. Louça, talheres, copos, guardanapos de pano… tudo conferido!
Há! Falta o alho cru que os adultos fazem questão de misturar com as batatas, a hortaliça e o bacalhau.” – Assunto resolvido a avó já o descascou e partiu aos pedaços.
“E o galheteiro?” Também já está…
Agora parece estar tudo pronto, o movimento em torno das panelas está reduzido ao mínimo, a lareira arde intensamente e a cozinha está quentinha. O Bertinho e a sua irmã - a Rita - vão chamar o avô Afonso, para que se venha sentar na cabeceira da mesa.
Lá fora a noite está fria e quando se abre a porta da rua sente-se o vento gélido. Na cozinha, a mesa, com três metros de comprimento, está posta. Ao centro, o bolo-rei, ladeado por um arranjo de natal, feito pela Rita, que apesar de novita, já revela dotes de decoradora. O reboliço das cozinheiras acalmou, já todas trocaram de roupa. E eis que se sente uma corrente de ar inesperada. A porta entreabriu-se. É o pai que chega do emprego! Finalmente! Numa mão trás uma regueifa de pão-de-ló e na outra uma caixa muito bonita com duas garrafas, uma de vinho do porto e outra de espumante.
O Jantar vai começar. A Rita, em última hora, propõe que se coloque um castiçal na mesa. Mas todos concordam que o adereço é dispensável. O Nunito acaba de calçar as pantufas ao avô que aquecia os pés à lareira. A mãe roda-lhe a cadeira no sentido da cabeceira da mesa.
Agora sim, está tudo pronto, o jantar de ano novo vai começar. Ao cimo, por de trás da cabeceira da mesa, a leira continua a arder com veemência. Á cabeceira senta-se o avô Afonso. À sua direita a avó Rosalina, à direita desta a mãe do Bertinho. Do outro lado, em frente à mãe, senta-se o pai, ladeado pela Rita à sua direita, que fica sentada entre si e o avô e à esquerda pelo Nuno, o filho mais novo. Á esquerda do Nuno senta-se a senhora Felicidade. De frente para ela, do outro lado da mesa, senta-se o Bertinho e á sua esquerda, entre si e a sua mãe senta-se o seu outro irmão – o Zé.
O jantar começa com a avó a desejar um bom ano para todos e a pedir a Deus para que no próximo ano, neste mesmo dia, a família possa estar de novo reunida a festejar a chegada de um novo ano.
Se assim não acontecer e eu já tiver partido, peço-vos que rezeis um Padre-nosso pela minha alma”- concluiu a avó Rosalina.
O Bertinho repara que neste momento as lágrimas invadem os olhos de todos quantos se sentam à mesa. Mas a certeza de que para o ano ali se encontrarão todos a festejar a aurora de um novo ano, ajuda-os a enxugar as lágrimas.
............, 31 de Dezembro de 1982.

(O Ano Novo está próximo mas ainda não chegou... A história do "Ano Novo do Bertinho" continua para o ano! Bom ano para todos!)