terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Relvas, Relvas...

Depois do ser visto e ser “ouvisto” pelos portugueses...


Ficamos agora a saber que uma RTP que seja um fundo sem poço” nos concursos não é bom para o país...

Palavras para quê? No melhor "relvas" pode cair a nódoa... (!!!)

sábado, 26 de janeiro de 2013

Centro Social Interfreguesias em Tabuado - Inauguração

Aspeto da fachada principal do edifício
Amanhã, dia 27 de Janeiro de 2013, pelas 15:00 horas, vai ser inaugurado o Centro Social Interfreguesias, em Tabuado.
Este equipamento, cuja área de intervenção abrange as atuais freguesias da Folhada, Tabuado e Várzea da Ovelha e Aliviada, compreende as valências de centro de dia, com capacidade para trinta utentes, serviço de apoio ao domicílio e centro de convívio.
O edifício, construído de raiz, contempla espaços devidamente equipados para a prossecução dos seus fins sociais, de que são exemplo uma ampla e muito luminosa sala de estar, uma não menos ampla sala de refeições, uma cozinha com equipamentos industriais e uma lavandaria. A estes espaços juntam-se-lhe zonas de apoio, devidamente adaptadas, como sejam sanitários, cabeleireiro, banho assistido, vestiários e despensas, de vários tipos.
A construção, desenvolvida em dois pisos, contempla ainda uma zona com gabinetes médicos e de enfermagem, com áreas para apoio administrativo e salas de espera, onde será reinstalada a extensão do centro de saúde que funciona em Tabuado. Numa outra parte do edifício funcionarão os serviços administrativos e de ação social da Casa do Povo de Tabuado, entidade promotora do projeto.
Esta obra foi implantada num terreno com 2.400m2 adquirido, há mais de 40 anos, pela população das três freguesias para construção da sede social da Casa do Povo de Tabuado e instalação da extensão de saúde. O custo total da obra rondará os 450 mil euros e foi comparticipada em 200 mil euros por fundos comunitários - verbas do QREN - em 70 mil euros pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses, sendo o restante suportado pela promotora da obra, que angariou - e continua a angariar - fundos junto da população das três freguesias e não só.
Esta é uma obra muito importante para as populações da Folhada, de Tabuado e de Várzea. Permito-me referenciar aqui apenas dois aspetos que atestam, a meu ver, esta realidade. Primeiro – vem colmatar a falta de um equipamento multifuncional para apoio à população sénior desta zona geográfica; Segundo – vem permitir a reinstalação da extensão do centro de saúde em instalações adequadas, potenciando, desta forma, o seu funcionamento em pleno.
Em termos pessoais, a conclusão desta obra deixa-me particularmente contente.
As ligações da minha família à Casa do Povo de Tabuado são antigas. Os meus avós e os meus pais eram sócios daquela instituição e particularmente os meus avós - já falecidos - mantinham com ela uma relação funcional em termos de Caixa de Previdência. Por isso, quaisquer referências à Casa do Povo, fazem-me reviver episódios da minha infância e adolescência e devolvem-me a certeza de que os meus familiares também se incluem no rol dos que, há mais de quatro décadas, contribuíram para aquisição do terreno onde agora se implantou o centro social.
Por outro lado, a conclusão desta obra representa o concretizar de um sonho que, há quase duas décadas, me vinham confessando os impulsionadores do projeto. Muitos foram os avanços e recuos, a começar pela simples – impossível para alguns, mas óbvia para outros - legalização do terreno... Mas a persistência triunfou e com ela triunfaram aqueles que alimentaram o sonho e aquele que manteve viva, ainda que inativa, a Casa do Povo de Tabuado e o seu património social e material.
Estão por isso de parabéns e merecem o reconhecimento público.
Estão também de parabéns todos quantos colaboraram - e continuam a colaborar - para a concretização desta obra.  
Enquanto filho de Tabuado, deixo aqui um “bem-haja” para todos, pois estou certo de que estão contribuir para o engrandecimento das nossas terras – onde incluo Folhada e Várzea – e faço votos para que num futuro próximo se proporcionem as condições para que esta obra seja devidamente rentabilizada em proveito das populações.
O reconhecimento, tantas vezes inesperado e de conveniência, pode ser efémero, mas o mérito que alimentará este projeto traduzir-se-à na concretização do desafio que agora começa – criar as condições para o tornar útil e sustentável.
Parabéns... E sobretudo, força para o que aí vem!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Retenção na Fonte Ano 2013 – Rendimentos Prediais (25%) e Atividades da Tabela Anexa artigo 151.º do Código do IRS (25%)


Nos últimos dias muita gente tem procurado esta informação. Por isso transcrevo de seguida o artigo 101.º do CIRS devidamente atualizado pela Lei n.º 66-B/2012 de 31/12 – Orçamento do Estado para 2013.
Faço alguns destaques no texto do artigo para melhor perceção das diversas taxas.
ARTIGO 101.º
RETENÇÃO SOBRE RENDIMENTOS DE OUTRAS CATEGORIAS
1 - As entidades que disponham ou devam dispor de contabilidade organizada são obrigadas a reter o imposto, mediante a aplicação, aos rendimentos ilíquidos de que sejam devedoras e sem prejuízo do disposto nos números seguintes, das seguintes taxas:
a) 16,5%, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos na alínea c) do n.º 1 do artigo 3.ºde rendimentos da categoria E ou de incrementos patrimoniais previstos nas alíneas b) e c) do n.º 1 do artigo 9.º;
b) 25%, tratando-se de rendimentos decorrentes das atividades profissionais especificamente previstas na tabela a que se refere o artigo 151.º;
c) 11,5%, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos na alínea b) do n.º 1 e nas alíneas g) e i) do n.º 2 do artigo 3.º, não compreendidos na alínea anterior.
d) 20%, tratando-se de rendimentos da categoria B auferidos em atividades de elevado valor acrescentado, com carácter científico, artístico ou técnico, definidas em portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, por residentes não habituais em território português;
e) 25%, tratando-se de rendimentos da categoria F.
2 - Tratando-se de rendimentos referidos no artigo 71.º, a retenção na fonte nele prevista cabe:
a) Às entidades devedoras dos rendimentos referidos nos n.ºs 1, 4 e 14 do artigo 71.º;
b) Às entidades que paguem ou coloquem à disposição os rendimentos referidos nos n.ºs 2 e 13 do artigo 71.º
3 - Tratando-se de rendimentos de valores mobiliários sujeitos a registo ou depósito, emitidos por entidades residentes em território português, o disposto na alínea a) do n.º 1 e na alínea a) do n.º 2 é da responsabilidade das entidades registadoras ou depositárias.

4 - Não existe obrigação de efetuar a retenção na fonte relativamente a rendimentos referidos nas alíneas c), d), e), f) e h) do n.º 2 do artigo 3.º.

Tabelas de Retenção na Fonte para 2013



Tabelas de Retenção na Fonte para o ano de 2013:
            Continente
            (Os pensionistas devem consultar a Declaração de Retificação nº 45-A/2013)
            Madeira
            Açores

sábado, 12 de janeiro de 2013

Plenamente de acordo...


Nenhuma causa, nenhuma religião, deveria justificar a morte
José Ramos Horta,
Ex-presidente da República de Timor Leste.


E já agora, ao contrário do que o próprio dá a entender nesta entrevista à “Visão”, quero acreditar que Ramos Horta será um ótimo candidato a secretário-geral da ONU em 2016. Talvez o melhor de entre os possíveis candidatos de toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa.

A nomeação do ex-presidente timorense e Nobel da Paz em 1996, para o cargo de enviado especial do secretário-geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau, pode funcionar como uma boa rampa de lançamento.

Uma ideia para ser trabalhada no seio dos meios diplomáticos da CPLP.

Presidente de Câmara reformada aos 47 anos

A uns pedem sacrifícios a outros... Presidente da Câmara de Palmela vai reformar-se aos 47 anos. 
Assim não! Que a senhora em questão - e outros na mesma situação - tenham direito a uma pensão correspondente aos descontos que fizeram, parece-me pacífico. O que para mim é inadmissível é que a prestação lhe seja atribuída aos 47 anos, numa altura em que idade legal da reforma, para a grande maioria dos portugueses, caminha para os 66 anos.
Que dirá Gerónimo de Sousa, Secretário-geral do PCP, deste episódio? Que são todos iguais, pois claro! Mesmo os comunistas..

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Está decretado: o Presidente da República não pode dar a mão à palmatória

Reconhecer que se errou não é uma virtude? Tentar corrigir um erro não é uma atitude louvável? Insistir num erro não é postura reprovável?
Todos concordarão que a resposta a estas três questões é afirmativa.
Respondemos assim porque no-lo ensinaram os nossos pais quando éramos crianças, os nossos professores quando frequentávamos a escola e os nossos colegas mais experientes quando iniciamos a nossa carreira profissional.
Então se assim é, por que carga de água, permitam-me a expressão, deveria o Presidente da República insistir no mesmo erro em dois anos consecutivos?
Digo isto na sequência de comentários que ouvi a Raul Vaz, na passada sexta-feira, na Antena 1 e a Marcelo Rebelo de Sousa, ipsis verbis, este Domingo, na TVI, sobre o alegado erro que terá cometido o presidente da República, que na opinião dos dois comentadores, não deveria ter suscitado a inconstitucionalidade do corte do subsídio de férias aos pensionistas e funcionários públicos no orçamento de estado para este ano de 2013, uma vez que o não fez em relação ao orçamento para o ano de 2012.
Depreendo portanto que o Presidente deveria ter cometido o mesmo erro em dois anos seguidos, sendo que, de premeio, esse erro, foi confirmado como tal, pelo Tribunal Constitucional.
Neste Domingo também ficamos a perceber que os membros do Governo devem, por uma questão tática, ficar em silêncio; não devem proferir declarações que, de alguma forma, possam ser entendidas como pressão sobre os Juízes do Tribunal Constitucional.
Dessa tarefa encarregar-se-á o professor Marcelo...

domingo, 6 de janeiro de 2013

O dia dos Reis Magos


A 6 de Janeiro, a maior parte das Igrejas Cristãs, celebram a festa dos Reis. Em termos litúrgicos, a Igreja Católica, em Portugal, assina-la a festa da Epifania (que quer dizer manifestação do Senhor) ou vulgarmente apelidada de visitação dos Magos, no Domingo seguinte, se a data não coincidir com um Domingo.
Esta festa tem na sua origem referências bíblicas, que ao longo dos séculos foram sendo acrescentadas com pormenores da tradição cristã.
O evangelista São Mateus, aquele que narra mais pormenorizadamente o nascimento e infância de Jesus, refere:
Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do Rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do oriente. E perguntaram: “onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” (Mt 2 1-2).
Como se vê, os Magos não são quantificados, não se lhe conhece nome, nem são apresentados como Reis. Porém, na tradição cristã foi ganhando forma a ideia de que estas figuras seriam Reis, em número de três e se chamariam Belchior, Gaspar e Baltazar.
Muito provavelmente, ao denomina-los por Magos, o evangelista pretendia indicar que se tratavam de Sábios ou Sacerdotes, estudiosos dos astros e dos escritos proféticos da antiguidade. Assim o faz crer, a forma como tiveram conhecimento do nascimento de Jesus, através da identificação de uma estrela que lhes havia de indicar o lugar onde teria nascido o menino.
A ideia de que seriam Reis aparece na tradição cristã, muito provavelmente, por influência da interpretação teológica do episódio da visitação.
De facto, a Igreja diz que o menino Jesus – o Rei do Universo – se quis manifestar em primeiro lugar aos mais humildes do povo de Israel, representados na figura dos pastores. Mas que de seguida, a quando da visitação dos Magos, se manifestou aos gentios (estrangeiros e não crentes) para mostrar que tinha nascido para salvar toda a humanidade e submeter ao seu domínio todos os reinos e potestades da terra.
Daí que, na tradição, a figura dos Magos tenha sido associada à de Reis, que governavam regiões circunvizinhas (do oriente) e que naquela ocasião terão vindo prestar vassalagem ao Rei dos Reis.
Nessa altura, para venerar a divindade daquele menino, ter-lhe-ão também oferecido presentes.
"E entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e abrindo os cofres ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra" (Mt 2 11).
Como se verifica neste trecho do evangelho, São Mateus refere que os Magos ofereceram ao menino presentes, com três naturezas físicas distintas, ouro, incenso e mirra.
Deste dado pode ter resultado a ideia de que número de Magos seria igual ao da variedade dos presentes, ou seja três, cada um deles ofertando um dos tipos de presente. Há no entanto outras teorias para fundamentar aquela quantificação, que associam o número de Magos, a reinos de regiões vizinhas.
Nesta panóplia de hipóteses há até quem arrisque a personificação dos presentes, sugerindo que o ouro foi oferecido por Belchior, que o incenso terá sido oferecido por Gaspar e que mirra terá sido ofertada por Baltazar.
Quanto aos presentes, propriamente ditos, cada um deles tem um significado doutrinal: o ouro foi oferecido ao menino como sinal da sua realeza, o incenso como sinal da sua divindade e a mirra como sinal da sua natureza humana.

(Noutra ocasião, quiçá para o ano [!], abordarei as tradições ligadas a esta festa. Um bom dia de Reis para todos – ou pelo menos o que resta dele).

A opinião de Mota Amaral

Mota Amaral, deputado do PSD e antigo Presidente da Assembleia da República, escreveu um artigo de opinião no Diário dos Açores onde critica violentamente as políticas seguidas pelo governo.
O PSD através do seu vice-presidente Pedro Pinto já veio dizer que Mota Amaral fez uma declaração que não está ao nível do seu passado  e das suas responsabilidades.
Não quero qualificar as afirmações de Mota Amaral, nem a reação de Pedro Pinto, porque a envolvente económica e social o fará suficientemente, no entanto apetece-me perguntar: não foi Mota Amaral um dos deputados que aprovou o OE para 2013? Se assim foi, como pode um deputado contribuir com o seu voto para aprovação de um documento que antevê com efeitos tão nefastos (e supríveis) para aqueles que o elegeram e representa no parlamento?
Nesta democracia, que se diz representativa, há procedimentos políticos muito pouco compreensíveis à luz do senso comum. Ou melhor, compreensíveis, talvez; aceitáveis, é que não. Sobretudo para quem se rege por princípios morais exigentes.

sábado, 5 de janeiro de 2013

Quem quer ser funcionário público?

Os interessados podem consultar aqui algumas regalias que os esperam no exercício da função.

Segredo de Justiça

A Procuradora-geral da República, Joana Marques Vidal, avançou com uma auditoria aos processos-crime que foram alvo de violação do segredo de Justiça em investigações criminais, nos últimos dois anos. Segundo consta numa nota da Procuraduria, esta ação, que ficará a cargo de um inspetor do Ministério Público, visa não só encontrar os autores dos crimes, mas também identificar as circunstâncias em que os mesmos foram praticados, de forma a poder evitar a sua ocorrência no futuro.
A decisão parece-me acertada porque visa combater um crime praticado com frequência e que não tenho memória de alguma vez ter sido punido. Por outro lado, a realização desta auditoria no início do mandato da nova PGR também se revela interessante, porque o ex-procurador, Pinto Monteiro, foi dizendo, ao longo do exercício do cargo, que lhe faltavam armas para lutar contra este crime...Será que afinal as armas existiam e o que faltava era destreza para as usar? 
Aguardo com expectativa os resultados desta auditoria na esperança de que se forem apurados, com objetividade, factos ilícitos, estes possam ser julgados, para que se acabe de vez com a a ideia de que em Portugal a culpa morre sempre solteira. O que não aconteceu aqui no chamado "caso Rui Pedro"... E ainda bem.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Ano Novo do Bertinho

O David dos “Albertos” é um menino a quem os familiares e amigos, carinhosamente, chamam Bertinho. Vive numa qualquer aldeia deste país e é uma criança feliz. É atento ao mundo que o rodeia, teme os seus perigos, mas a felicidade com que vive a sua infância só lhe permite antever um futuro risonho.
Hoje, ao acordar, olhou para o calendário dos Missionários Combonianos que avó lhe pendurou na parede do quarto. Estamos a 31 de Dezembro, o derradeiro dia do ano.
Bertinho, ainda envolvido no quentinho dos cobertores, sabia que se aproximava um dia especial.
Que bom, nos últimos tempos os dias especiais têm-se sucedido: os anos do irmão, o Natal e agora o Ano Novo...
Quando ainda era acometido por este pensamento e se refazia para o mundo após uma noite de sonhos, a mãe entra-lhe pelo quarto. Acende o candeeiro da mesinha de cabeceira e à média luz sussurra... “Bom dia meninos...
Trazia consigo duas tigelas de leite, com sopas de molete de véspera.
De imediato, Bertinho retribui o cumprimento carinhoso da mãe e levanta-se, encostando-se à cabeceira da cama, com a almofada de permeio para lhe acomodar o encosto. Ao seu lado, Zé Alberto, o irmão com quem partilha a cama, tem mais dificuldade em se libertar do mundo dos sonhos. Mas o aroma do leite quentinho, ensopado no trigo do molete ressesso e uns afagos da mãe lá o trazem de volta ao mundo da luz.
Passado uma hora, Bertinho, devidamente vestido e bem acordado, calcorreia já os enregelados caminhos da aldeia, endurecidos pela geada da madrugada. Faz o percurso que separa a sua casa do posto de recolha de leite, transportando consigo a leiteira, que vai segurando alternadamente com uma das mãos, para repartir pelos dois braços o peso do leite que vai entregar. Com passadas proporcionais ao seu tamanho, vai caminhando ligeiro, mas evita fazer movimentos bruscos para não entornar o leite...
Depois de despejado o conteúdo da leiteira numa vasilha de medição, a senhora Gracinda, uma mulher na casa dos cinquenta e muitos, de estatura baixa, com rosto bochechudo e cabelos brancos, anunciou: “10 litros”. Apontou a quantidade na lista de entregas e despediu-se com um “Então adeus e  até pró ano! Boas entradas…”. O Bertinho ficou satisfeito. A medição do leite rendeu e a responsável pelo posto de recolha da Agros foi ternurenta nas palavras da despedida.
O Bertinho reveza-se com os irmãos e a mãe na tarefa de entregar o leite no posto de recolha. Orgulha-se do trabalho que faz, porque isso fá-lo sentir parte integrante da economia familiar e “o trabalho infantil termina onde começa o bem-estar da família” – pensa ele.
No caminho de volta a casa, passa pela senhora Carolina, a padeira que vende pão numa canastra em frente à loja da senhora Matilde. Porque na manhã seguinte “não haverá pão”, Bertinho vai comprar quantidades reforçadas. Duas dúzias e meia de moletes, mais dois cacetes, para as rabanadas... A Carolina padeira, uma senhora já entrada nos anos, prá aí da idade da avó Rosalina, termina com recomendações de agasalho por causa do frio e depois de pela enésima vez, lhe ter dito que os seus avós foram os únicos convidados na festa no seu casamento, despe-se dele com desejos de muita saúde, boa passagem de ano e “recomendações aos pais e avozinhos”.
Bertinho retoma o seu caminho de regresso a casa. O frio daquela manhã seca de inverno provoca-lhe cieiro nos lábios e as suas faces enregelaram; mas o menino sente o calor da amizade a invadir-lhe o coração!
Ao passar pela casa da senhora Augusta “manquinha”, àquela hora da manhã  com a porta da rua ainda  cerrada, vai meditando no quão importante foi para si o ano que está prestes a terminar.
É uma injustiça que deseje ansiosamente, como as pessoas adultas, a chegada do novo ano quando este me trouxe tantas coisas boas” – exclama em pensamento.
Ao matutar nestas ideias, no seu íntimo balançavam sentimentos aparentemente contraditórios. Por um lado, a nostalgia que o invadia motivada pelo final do ano, fazia-lhe crer que as pessoas mais velhas eram injustas, porque não valorizavam suficientemente tudo que tinham conseguido nesse período de tempo; por outro lado, apreciava a fraternidade que se gerava entre os adultos, com a chegada do ano novo. Aquele espirito de aparente partilha e concórdia, apertava-lhe o coraçãozito, embargava-lhe a voz e até lhe provocava lágrimas de felicidade.
Absorvido nestes pensamentos, Bertinho entra na Costa do Lugar, um caminho ingreme, em terra batida, que vai percorrer, agora em sentido descendente. Dos sacos que carrega na mão esquerda provém um aroma agradável a pão fresco. Aos primeiros metros não resiste à tentação! Equilibra a leiteira vazia no braço direito, e, com a mão agora livre, retira de um dos sacos um molete, que leva á boca e trinca com deleite. Enquanto caminha, as dentadas no pão vão-se sucedendo ao ritmo da mastigação.
Desce cerca de trinta metros e cruza-se à direita com o senhor Oliveira e a senhora Amélia, marido e mulher, que plantam batatas nos quintais da casa da calçada. Ao vê-lo assim – leiteira numa mão, sacos do pão na outra e a mastigar – exclamam:
 “Ah Bertinho! Tu fazes pela vida para chegar ao ano novo… É assim mesmo!”.
Um bocado embasbacado com a situação, mas sem perder o despacho, Bertinho responde “Se quero lá chegar, embora falte pouco, não posso deixar de me alimentar…”.
Em resposta a esta afirmação tão expedita, o casal desata uma gargalhada em uníssono. Bertinho, ato contínuo, solta a saudação: “Tenham um bom ano! …”.
Também para ti!... ” Respondeu o casal a uma só voz.
O senhor Oliveira cobre de novo a careca com um chapéu que tinha retirado da cabeça enquanto falava com o gaiato e volta agarrar com vigor o cabo da enxada, para concluir a abertura de mais um carreiro de batatas.
 Bertinho seguiu em direção a casa.
espírito do novo ano enche-lhe cada vez mais o peito. Desta vez até tinha sido ele a desejar bom ano!
Pouco depois de dobrar a curva do Prazo, dá de caras com a senhora Margarida de Jesus, que regressava a casa depois de ter ido à fonte de Canhões lavar umas peças de roupa. Bertinho saúda-a com um “Bom dia senhora Margarida” e deseja-lhe um bom ano. A senhora, baixinha e de aparência franzina, com sessenta e poucos anos, responde com um abraço e dois beijos, acompanhados de elogios à boa educação e desejos de um bom ano.
Dali, o Bertinho já avista a sua casa e pouco tempo depois o seu percurso estava terminado.
Como está nas férias do Natal e já fez em devido tempo os deveres mandados pelos professores, o Bertinho vai passar o resto do dia liberto de obrigações, que não é o mesmo que dizer sem ocupações...
Ainda antes do almoço, vai, a mando da mãe, à mercearia comprar canela moída, para pôr na aletria... Aproveita estar ali dois passos e vai de novo dar uma olhadela no presépio da barbearia do Boaventura. Bertinho é um apreciador de presépios e este é um dos que mais admira na aldeia. Não é muito numeroso em peças, mas estas são muito bem trabalhadas e o curral, em madeira, é perfeito! Talvez tenha sido feito por algum carpinteiro profissional... E que dizer do efeito que o senhor Boaventura consegue ao combinar o verde do musgo com os ramos de austrália onde coloca a iluminação? "Perfeito (...) " – pensa para os seus botões.
Estava ainda pendurado na rede que contorna o canteiro defronte da janela da barbearia a observar o presépio quando ouve gritar:
Bertinho, ó Bertinho... “ – Era o seu colega Filipe, filho da Emília costureira, que chamava por si. Descia da casa do senhor Gabriel Sousa, que é tio de ambos. Veio ao seu encontro e convidou-o a passar por sua casa. Já tinha conseguido, numa troca com o Tó Tibério, arranjar-lhe o cromo do Néné, que lhe faltava na caderneta. Além disso, este ano, o Bertinho ainda não tinha visto o seu presépio...
Vais ver Bertinho... Está um espetáculo! Tem quarenta peças, só este ano, comprei mais seis ovelhas, um moleiro, dois pastores e uma banda com cinco músicos! Está um espetáculo! Anda daí...
Bertinho não gostava destas deslocações imprevistas. A mãe e a avó estariam a olhar para o caminho para ver quando regressava e, na certa, se persentissem que se atrasava, começariam logo a suspeitar o pior e haviam de pôr pés ao caminho para saber de si. Ainda assim...
A casa do Filipe fica aqui perto, ele tem o cromo que me falta para completar a caderneta e posso dar uma olhadela no seu presépio...” – Pensou.
 Ora, antes que alguma reflexão mais profunda o afastasse desta escapadela, aceitou o convite do amigo.
Vamos lá, mas tem que ser rápido (...) tenho que levar a canela à minha mãe” – Disse.
É um instantinho, vais ver... “ – Disse o outro.
Como planeado, a visita foi rápida e Bertinho, já com o cromo do Néne no bolso, regressa a casa pelo carreiro da levandeira, para encurtar distâncias.
A seguir ao almoço teve uma surpresa. Apesar de não ser Domingo, a RTP 1, começou a emitir o programa do Vasco Granja e os quatro irmãos (três rapazes e uma menina) tiveram uma sessão surpresa de Pantera Cor-de-rosa que se prolongou por mais de uma hora.
O resto da tarde, Bertinho, passa-a a ajudar a família; ora nos trabalhos da quinta – essencialmente a colher alimentos para os animais, porque estes, mesmo em dias de festa, têm que comer, como lhe ensinou seu Pai; ora em lides mais caseiras.
De premeio, ainda há tempo para umas sessões de jogo das escondidas, em versão de cowboys, em que participa grande parte da miudagem do lugar. Quer dizer, os rapazes, bem se vê pela natureza do jogo! A organização é simples e fica quase sempre a cargo dos mais velhos. Reúne-se a garotada disponível e formam-se duas equipas, neste caso, de oito elementos cada. Uma esconde-se, outra caça... As vitórias vão-se repartindo pelas duas equipas. Mas jogo acaba inesperadamente: o João Roque, “o terrível” do lugar, numa manobra arriscada, partiu a pistola de plástico que tinha recebido no sapatinho... Que drama!...
Ao anoitecer a mãe, a avó Rosalina e a senhora Felicidade – uma empregada que faz parte da família e é uma outra avó para o Bertinho e seus irmãos – reúnem-se na cozinha para preparem o jantar de ano de novo. Escolhem a hortaliça, descascam batatas, tiram o bacalhau do demolho... Uma azáfama de panelas e tachos!
Ao Bertinho, ao Zé, á Rita e ao Nuno é entregue a tarefa de pôr a mesa. Louça, talheres, copos, guardanapos de pano… tudo conferido!
Há! Falta o alho cru que os adultos fazem questão de misturar com as batatas, a hortaliça e o bacalhau.” – Assunto resolvido a avó já o descascou e partiu aos pedaços.
“E o galheteiro?” Também já está…
Agora parece estar tudo pronto, o movimento em torno das panelas está reduzido ao mínimo, a lareira arde intensamente e a cozinha está quentinha. O Bertinho e a sua irmã - a Rita - vão chamar o avô Afonso, para que se venha sentar na cabeceira da mesa.
Lá fora a noite está fria e quando se abre a porta da rua sente-se o vento gélido. Na cozinha, a mesa, com três metros de comprimento, está posta. Ao centro, o bolo-rei, ladeado por um arranjo de natal, feito pela Rita, que apesar de novita, já revela dotes de decoradora. O reboliço das cozinheiras acalmou, já todas trocaram de roupa. E eis que se sente uma corrente de ar inesperada. A porta entreabriu-se. É o pai que chega do emprego! Finalmente! Numa mão trás uma regueifa de pão-de-ló e na outra uma caixa muito bonita com duas garrafas, uma de vinho do porto e outra de espumante.
O Jantar vai começar. A Rita, em última hora, propõe que se coloque um castiçal na mesa. Mas todos concordam que o adereço é dispensável. O Nunito acaba de calçar as pantufas ao avô que aquecia os pés à lareira. A mãe roda-lhe a cadeira no sentido da cabeceira da mesa.
Agora sim, está tudo pronto, o jantar de ano novo vai começar. Ao cimo, por de trás da cabeceira da mesa, a leira continua a arder com veemência. Á cabeceira senta-se o avô Afonso. À sua direita a avó Rosalina, à direita desta a mãe do Bertinho. Do outro lado, em frente à mãe, senta-se o pai, ladeado pela Rita à sua direita, que fica sentada entre si e o avô e à esquerda pelo Nuno, o filho mais novo. Á esquerda do Nuno senta-se a senhora Felicidade. De frente para ela, do outro lado da mesa, senta-se o Bertinho e á sua esquerda, entre si e a sua mãe senta-se o seu outro irmão – o Zé.
O jantar começa com a avó a desejar um bom ano para todos e a pedir a Deus para que no próximo ano, neste mesmo dia, a família possa estar de novo reunida a festejar a chegada de um novo ano.
Se assim não acontecer e eu já tiver partido, peço-vos que rezeis um Padre-nosso pela minha alma”- concluiu a avó Rosalina.
O Bertinho repara que neste momento as lágrimas invadem os olhos de todos quantos se sentam à mesa. Mas a certeza de que para o ano ali se encontrarão todos a festejar a aurora de um novo ano, ajuda-os a enxugar as lágrimas.
............, 31 de Dezembro de 1982.

(O Ano Novo está próximo mas ainda não chegou... A história do "Ano Novo do Bertinho" continua para o ano! Bom ano para todos!)

Roteiros do (meu) Natal


São Paio de Oleiros – Santa Maria da Feira

“Presépio do Cavalinho” -  O maior presépio do mundo em movimento!

Quadro do presépio

Uma "construção" magnifica que merece ser visitada por quem gosta de apreciar (e fazer) presépios. Ou simplesmente por quem gosta da temática do Natal e da reprodução de cenas do quotidiano através de peças em movimento!


Cozedura do pão no forno a lenha...
O espigueiro...

A procissão...


Comboio e volta a Portugal em bicicleta














 E tantas outras coisas espetaculares... Para admirar até Março, por miúdos e graúdos!
Parabéns ao promotor e aos seus colaboradores. Aqui está um bom exemplo de como uma empresa pode prosseguir fins sociais, de uma forma inesperada e genuína.  
                        

Paços de Brandão – Santa Maria da Feira

Museu do Papel



Muito bem enquadrado em termos paisagísticos - instalado numa antiga fábrica situada na margem de um rio - possuiu material em ótimo  estado conservação, perfeitamente adequado para divulgar a atividade de produção de papel que se desenvolveu naquele local, recorrendo a técnicas industriais que aos olhos do visitante, dada a evolução tecnológica, hoje parecem quase artesanais. 
Muito adequado para fins pedagógicos. Aconselho uma visita. 


Covilhã

Serra da Estrela - Torre

Será neve?













Parece mas não é...













Apesar da falta de neve a experiência foi espetacular! A imagem daquele mar branco que nos rodeava por todos os lados, fica na memória. Imperdível...

Óbidos

A Vila Natal

Óbidos uma vila extraordinariamente bonita...


A Vila Natal... Engraçada, mas com poucos motivos Natalícios, para o meu gosto... Confesso que esperava algo mais!



















Anda assim, agradável!

E por fim no Peso da Régua

Sem contar...


Ele mesmo: o Pai Natal! O maior que vi até hoje. Disseram-nos depois, tratar-se do maior da Europa...