terça-feira, 29 de junho de 2010

Espanha 1 - Queirós 0

Eduardo, o melhor jogador português em campo, prostrado no relvado no final do jogo.
Portugal foi há poucos minutos eliminado pela Espanha no Campeonato do Mundo de Futebol que se realiza na África do Sul.
Na minha opinião o primeiro responsável pela derrota de Portugal foi Carlos Queirós o técnico da Selecção Nacional.
O Seleccionador, a meu ver, voltou a ser pouco ambicioso e cometeu, outra vez, uma série de erros.

Desde logo, e para começar, na constituição da equipa.

Porque fez alinhar de inicio Pepe, um jogador a recuperar ritmo competitivo?
Porque não pôs a jogar Deco, um homem criativo e com boa capacidade de recuperação de bola?
Porque insistiu em jogar com um falso lateral direito, quando tinha dois laterais direitos de raiz na equipa?

Depois na forma como dispôs a equipa em campo.

Se a opção em estruturar a equipa a partir de uma defesa forte, se pode admitir, o mesmo já não se pode dizer, quando se obriga uma equipa com jogadores criativos a jogar em linhas muito recuadas para reduzir os espaços de criação á equipa adversária. Os médios e os extremos podem ter um papel muito importante na forma como a equipa defende, todos o sabemos, mas fazê-los recuar demasiado no terreno de jogo é fatal, porque retira capacidade à equipa para construir jogo e atacar o adversário. Este foi seguramente um dos equívocos de Queirós nesta noite - fazer jogar a equipa em linhas muito recuadas.

E depois, para continuar, o falhanço nas substituições.

Fazer substituições acertadas ao longo do jogo pode alterar o rumo deste e ser decisivo para que uma equipa chegue à vitória. Os grandes treinadores distinguem-se não só por serem bons teorizadores do treino, mas também pela sua capacidade para serem bons estrategas. Muita desta capacidade atesta-se no momento em que fazem as substituições. Mas no que toca a substituições, com Queirós a regra parece ser esta: se um jogador está a jogar bem arrisca-se a ser substituído! Hoje a fava saiu a Hugo Almeida. Este jogador estava a ser a nossa referência na frente de ataque e estava numa fase de nítida subida de rendimento. Resultado: com a sua saída a equipa desorientou-se por completo e perdeu a capacidade ofensiva. O guarda-redes espanhol viu-se transformado num mero espectador, tão raras vezes foi chamado a intervir.

E por fim, a falta de coragem.

Falta de coragem para definir como objectivo principal no jogo a vitória sobre a Espanha.
E falta de coragem para substituir Cristiano Ronaldo, que pela sua apatia e desinteresse pelo jogo, foi, na minha opinião, o pior jogador de Portugal.

É por tudo isto que digo que o resultado do jogo foi: Espanha 1 – Queirós 0.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Associação Cultural e Recreativa de Tabuado faz 30 anos.


Hoje dia 21 de Junho de 2010 a Associação Cultural e Recreativa de Tabuado completa 30 anos de existência.
Quero assinalar aqui este facto e testemunhar publicamente o meu apreço pelo trabalho que esta Associação tem desenvolvido ao longo da sua existência em prol da valorização sociocultural da população de Tabuado e na recolha e preservação dos elementos culturais mais característicos da freguesia.
Cumprimento todos os sócios, particularmente os fundadores e o actual Presidente, Sr. Rui Mendes, e na pessoa destes, endereço a todos os meus parabéns.
Continuem por muitos mais trinta anos!

domingo, 20 de junho de 2010

Visita à Feira do Livro do Porto

Ontem á tarde, debaixo de um sol intenso, foi visitar a 80ª Edição da Feira do Livro do Porto.
O espaço da feira, na Avenida dos Aliados, estava agradável.
Fiquei surpreendido com a quantidade de pessoas que vi por lá. Àquela hora e apesar do sol, andariam por ali à volta de uns trezentos a quatrocentos visitantes, o que acho que é digno de registo.
Pude cruzar-me com algumas personalidades bem conhecidas do mundo das letras e das editoras que por ali estavam, a autografar e a promover as suas obras.
Enfim, passei lá cerca de três horas, percorrendo os diversos stands e esfolheando livros. É algo que me absorve, se pudesse ficaria lá o dobro do tempo e por certo não sentiria a sua passagem.
Ainda bem que fui acompanhado, porque a partir de certa altura, foi "a minha parceira" de visita quem me começou a apontar o relógio, lembrando outros compromissos.
Fiquei com muito boa impressão do certame e quanto aos livros vi por lá obras bem interessantes!

Tabuado e Jose Saramago

São atribuidas a José Saramago as seguintes palavras a propósito da Igreja Românica de Tabuado:

"Dentro e fora, a Igreja justificaria um dia inteiro de apreciação e o viajante sente grande ciúme de quem esse tempo já aqui gastou ou possa vir a gastar ".





Deixo aqui  o endereço do blog de José Saramago, para que, quem quiser, o possa visitar:

A minha leitura de Saramago

Eu fui um daqueles, certamente muitos, que foram absolutamente surpreendidos quando leram pela primeira vez Saramago.
O seu estilo de escrita, com frases muito longas e o uso da pontuação em moldes nada convencionais, baralharam-me completamente.
Lembro-me bem, nas primeiras 30 páginas, tive vontade de desistir.
Afligia-me o facto de o escritor usar vírgulas onde seria suposto usarem-se pontos finais, e de não separar, com travessões, as falas das personagens,...
Mas depois, consegui habituar-me ao ritmo da narrativa e tudo se simplificou; a leitura tornou-se fácil e estranhamente fluida!
É este estilo de escrita, que creio ser único na literatura contemporânea, aliado a uma capacidade criadora absolutamente sublime, que fizeram de Saramago um escritor absolutamente singular e merecedor da minha admiração.
No que toca ao homem Saramago, admiro particularmente a sua postura na defesa da dignidade humana, na luta por uma sociedade mais justa e mais recentemente, na defesa do meio ambiente.
Noto porém uma dissonância entre o autor Saramago e homem Saramago.
Passo a explicar.
Para mim, Saramago enquanto autor, deixou em muitos momentos transparecer na sua narrativa marcas indeléveis de uma dimensão mística, que o homem Saramago acossado pela sua ideologia, sempre tentou ocultar e mesmo combater, nem sempre da forma mais apropriada, na minha opinião.
Custou-me ver este homem, cuja obra lhe deu a passagem à galaria dos imortais, envolver-se em polémicas com Instituições que são tão merecedoras de respeito como o era o seu génio criador. E mais, que essas polémicas, quer pela sua natureza, quer pelo momento em que deflagraram, pudessem ser conotadas com técnicas de marketing para promover a venda dos seus livros.
Ainda assim, penso que as polémicas e as questiúnculas ideologias, que alguns fazem sempre questão de realçar sempre que se fala de Saramago, são minúsculas quando comparadas com dimensão da sua obra. Portanto, o acessório, não pode impedir-me de dizer que Portugal ficou mais pobre, porque viu partir um dos seus filhos mais ilustres. Fica-nos o seu legado.

José Saramago

A esta hora decorre o funeral de José Saramago.
José de Sousa Saramago nasceu no seio de uma família humilde, a 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga, uma aldeia do concelho da Golegã.
Quando tinha apenas dois anos de idade seus pais mudaram-se para Lisboa. Foi na Capital que fez a sua instrução primária e posteriormente os estudos secundários, tendo frequentado o liceu e uma escola técnica.
 Apesar do gosto que demonstra pelos estudos, a sua condição económica não lhe permitiu continuar a formação académica e começou a trabalhar como serralheiro mecânico.
Mesmo afastado da escola, Saramago continua apaixonado pelos livros e cultiva um gosto exacerbado pela leitura; visita com frequência bibliotecas públicas e transforma-se num autodidacta.
Profissionalmente e para prover o seu sustento e de sua família, vai prosseguindo uma carreira onde exerce funções diversificadas, primeiro como funcionário público, nas áreas da saúde e da previdência social, e depois como editor, tradutor e jornalista.
A sua obra literária inicia-se em 1947, com o romance, “Terra do Pecado”. Tinha 24 anos de idade.
Seguiu-se um interregno de 19 anos.
Em 1966, retoma a sua carreira literária, com uma obra de poesia “Os poemas impossíveis”. A partir daí a sua veia literária alimentou uma carreira artística ligada ao mundo das letras que não mais cessou. Foi escritor, argumentista, dramaturgo, contista, diarista, contador de viagens, romancista e poeta.
A partir de 1976 viveu completamente dedicado à escrita.
Em 1998, foi distinguido com o Prémio Nobel de Literatura, o galardão mais alto atribuido a um escritor, a nível internacional.

No anúncio do prémio, a Academia Sueca destacou o talento de Saramago, que "com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia, torna compreensível uma realidade fugidia."
Saramago viu desta forma reconhecido, á escala mundial, o valor da sua obra e foi considerado responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da literatura em língua portuguesa.
Saramago foi também distinguido com o Prémio Camões, distinção maior atribuída a um escritor de língua portuguesa.

Aqui fica a sua obra publicada:

                                               Romances                                                 Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009

Poemas
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975

Contos
Objecto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
O Conto da Ilha Desconhecida, 1997

Crónicas
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL Teve, 1974
Os Apontamentos, 1977
Diário e Memórias
Cadernos de Lanzarote (I-V), 1994
As Pequenas Memórias, 2006

Viagens
Viagem a Portugal, 1981

Infantil
A Maior Flor do Mundo, 2001