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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Casa da Música – Iniciativa Casa Aberta



Decorre entre 17 e 21 de janeiro a “Casa Aberta”, iniciativa promovida pela Casa da Música, no Porto.

Esta é uma atividade que se repete e que permite ao visitante, de forma gratuita, aceder aos recantos daquele edifício emblemático onde se respira música.

O programa contém um conjunto diversificado de iniciativas que inclui visitas guiadas gratuitas e possibilidade de assistir a ensaios, participar em atividades educativas, ver filmes e ainda visitar palcos e bastidores.

É uma boa oportunidade para os que são menos propensos a este género de manifestação cultural lhe fazerem uma primeira abordagem, de forma descontraída.  Também me parece interessante para gente de tenra idade, que por lá fui vendo em número considerável nos anos anteriores.

Está de parabéns a Casa da Música por, mais uma vez, promover esta iniciativa, cujo programa pode ser consultado aqui.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

“Grândola Vila Morena” cantada em Espanha

Quem é que disse que as exportações portuguesas estão a desacelerar?


Vinho do Porto, Cortiça, Pasteis de Belém... E agora o “Grândola Vila Morena”!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Papa Bento XVI renunciou hoje ao seu ministério

Quando foi eleito para a cátedra de Pedro, em 2005, o Cardeal Joseph Ratzinger carregava um fardo, a meu ver, pesado: tinha sido durante 24 anos Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
Este órgão, que tem a incumbência de promover e salvaguardar a doutrina sobre a fé e a moral católica em todo o mundo, é talvez o mais importante na estrutura Cúria Romana. Mas, simultaneamente, e por força das suas atribuições, é também aquele que mais frequentemente é visado pelos críticos da Igreja, que vêm nele uma espécie de “condicionador” da liberdade dos fiéis, a quem impõe valores éticos e morais e regras doutrinais. Virá a propósito referir que até ao início do século XX a Congregação para a Doutrina da Fé era conhecida como o Tribunal da Santa Inquisição.
Ora, o exercício do cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, durante grande parte do pontificado de João Paulo II - um dos Papas mais carismáticos de sempre - investiu Ratzinger no papel de uma personagem extremamente conservadora, tendo sido muitas vezes apontado aos olhos da opinião pública como o responsável pela falta de adaptação da doutrina da Igreja aos tempos modernos.
Porventura, por causa desta condicionante, quando a 19 de Abril de 2005 o Cardeal Joseph Ratzinger foi eleito Papa, fiquei algo expectante quanto ao exercício do seu ministério. Também eu fui muito marcado pelo pontificado avassalador de João Paulo II e em muitos momentos fiquei com a sensação de que Papa polaco teria ido mais além em questões fraturantes para sociedade contemporânea, não fossem as imposições emanadas pela Congregação para a Doutrina da Fé, de que era responsável o Cardeal alemão.
E os meus receios não se desvaneceram nos primeiros tempos do seu pontificado altura em que Bento XVI promoveu a recuperação de alguns símbolos tradicionais da indumentária pontifícia, como por exemplo, o uso de sapatos vermelhos... Esta e outras práticas, confesso-o, afiguraram-se-me a uma espécie de tentativa de restauração de uma certa "aristocracia papal" que achava desadequada para o nosso tempo.
Mas com o passar dos meses, e dos anos, a minha opinião acerca deste Papa foi-se clarificando e fui descobrindo nele um número crescente de qualidades que me levaram a respeita-lo e a admirar cada vez mais a sua personalidade.
Homem estudioso, muito inteligente e extremamente culto, Ratzinger é dado a uma timidez muitas vezes encontrada em personalidades com estas características, mas longo do tempo foi transformando a sua forma de estar em público, adequando-a às suas funções de Sumo Pontífice. Uma transformação deste género é sempre merecedora de relevo, mas, na minha opinião, a de Bento XVI, merece ainda mais destaque dado que se operou, e de uma forma particularmente notória, num homem de idade já avançada.
De resto, o pontificado de Joseph Ratzinger, não foi fácil, sendo pontuado por momentos de grande intensidade e polémica, de que será exemplo mais significativo, a denúncia de casos de pedofilia em larga escala no seio da Igreja Católica. E foi nestes momentos, e noutros, em que por exemplo assumiu publicamente erros históricos da Igreja, que Bento XVI se revelou um homem determinado e um líder particularmente incisivo, que procurou demonstrar a todos quantos o rodeiam que a resolução dos problemas começa pela aceitação da sua existência, sem ambiguidades e passa pelo seu tratamento de forma séria nas suas diversas vertentes, sejam elas religiosas, jurídicas, económicas, políticas, etc.
Em termos doutrinais/intelectuais, Bento XVI lega à Igreja e aos crentes em particular, um pontificado marcado por um pensamento focalizado particularmente no tema da fé. Seja sob a forma escrita, editada e publicada, seja através das intervenções que foi proferindo ao longo dos últimos oito anos, o Santo Padre, teorizou profundamente sobre a forma de entender a fé à luz da razão. Sobre a forma como cada ser humano pode livremente descobrir a verdade da fé se se predispuser a percorrer o caminho que leva à verdade, alimentado pela fé.
Em termos pastorais, do pontificado de Bento XVI ficam as suas viagens apostólicas, realizadas algumas delas em circunstâncias muito difíceis, e os seus encontros com personalidades ligadas a meios académicos, científicos, culturais e políticos, onde procurou constantemente lançar pontes para o diálogo inter-religioso, cultural e científico. 
Enfim, um pontificado relativamente curto, mas muito valoroso, que chega ao fim por vontade do próprio, num gesto sem paralelo na história recente da Igreja.

domingo, 6 de janeiro de 2013

O dia dos Reis Magos


A 6 de Janeiro, a maior parte das Igrejas Cristãs, celebram a festa dos Reis. Em termos litúrgicos, a Igreja Católica, em Portugal, assina-la a festa da Epifania (que quer dizer manifestação do Senhor) ou vulgarmente apelidada de visitação dos Magos, no Domingo seguinte, se a data não coincidir com um Domingo.
Esta festa tem na sua origem referências bíblicas, que ao longo dos séculos foram sendo acrescentadas com pormenores da tradição cristã.
O evangelista São Mateus, aquele que narra mais pormenorizadamente o nascimento e infância de Jesus, refere:
Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do Rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns Magos vindos do oriente. E perguntaram: “onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo.” (Mt 2 1-2).
Como se vê, os Magos não são quantificados, não se lhe conhece nome, nem são apresentados como Reis. Porém, na tradição cristã foi ganhando forma a ideia de que estas figuras seriam Reis, em número de três e se chamariam Belchior, Gaspar e Baltazar.
Muito provavelmente, ao denomina-los por Magos, o evangelista pretendia indicar que se tratavam de Sábios ou Sacerdotes, estudiosos dos astros e dos escritos proféticos da antiguidade. Assim o faz crer, a forma como tiveram conhecimento do nascimento de Jesus, através da identificação de uma estrela que lhes havia de indicar o lugar onde teria nascido o menino.
A ideia de que seriam Reis aparece na tradição cristã, muito provavelmente, por influência da interpretação teológica do episódio da visitação.
De facto, a Igreja diz que o menino Jesus – o Rei do Universo – se quis manifestar em primeiro lugar aos mais humildes do povo de Israel, representados na figura dos pastores. Mas que de seguida, a quando da visitação dos Magos, se manifestou aos gentios (estrangeiros e não crentes) para mostrar que tinha nascido para salvar toda a humanidade e submeter ao seu domínio todos os reinos e potestades da terra.
Daí que, na tradição, a figura dos Magos tenha sido associada à de Reis, que governavam regiões circunvizinhas (do oriente) e que naquela ocasião terão vindo prestar vassalagem ao Rei dos Reis.
Nessa altura, para venerar a divindade daquele menino, ter-lhe-ão também oferecido presentes.
"E entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, adoraram-no; e abrindo os cofres ofereceram-lhe presentes: ouro, incenso e mirra" (Mt 2 11).
Como se verifica neste trecho do evangelho, São Mateus refere que os Magos ofereceram ao menino presentes, com três naturezas físicas distintas, ouro, incenso e mirra.
Deste dado pode ter resultado a ideia de que número de Magos seria igual ao da variedade dos presentes, ou seja três, cada um deles ofertando um dos tipos de presente. Há no entanto outras teorias para fundamentar aquela quantificação, que associam o número de Magos, a reinos de regiões vizinhas.
Nesta panóplia de hipóteses há até quem arrisque a personificação dos presentes, sugerindo que o ouro foi oferecido por Belchior, que o incenso terá sido oferecido por Gaspar e que mirra terá sido ofertada por Baltazar.
Quanto aos presentes, propriamente ditos, cada um deles tem um significado doutrinal: o ouro foi oferecido ao menino como sinal da sua realeza, o incenso como sinal da sua divindade e a mirra como sinal da sua natureza humana.

(Noutra ocasião, quiçá para o ano [!], abordarei as tradições ligadas a esta festa. Um bom dia de Reis para todos – ou pelo menos o que resta dele).

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Roteiros do (meu) Natal


São Paio de Oleiros – Santa Maria da Feira

“Presépio do Cavalinho” -  O maior presépio do mundo em movimento!

Quadro do presépio

Uma "construção" magnifica que merece ser visitada por quem gosta de apreciar (e fazer) presépios. Ou simplesmente por quem gosta da temática do Natal e da reprodução de cenas do quotidiano através de peças em movimento!


Cozedura do pão no forno a lenha...
O espigueiro...

A procissão...


Comboio e volta a Portugal em bicicleta














 E tantas outras coisas espetaculares... Para admirar até Março, por miúdos e graúdos!
Parabéns ao promotor e aos seus colaboradores. Aqui está um bom exemplo de como uma empresa pode prosseguir fins sociais, de uma forma inesperada e genuína.  
                        

Paços de Brandão – Santa Maria da Feira

Museu do Papel



Muito bem enquadrado em termos paisagísticos - instalado numa antiga fábrica situada na margem de um rio - possuiu material em ótimo  estado conservação, perfeitamente adequado para divulgar a atividade de produção de papel que se desenvolveu naquele local, recorrendo a técnicas industriais que aos olhos do visitante, dada a evolução tecnológica, hoje parecem quase artesanais. 
Muito adequado para fins pedagógicos. Aconselho uma visita. 


Covilhã

Serra da Estrela - Torre

Será neve?













Parece mas não é...













Apesar da falta de neve a experiência foi espetacular! A imagem daquele mar branco que nos rodeava por todos os lados, fica na memória. Imperdível...

Óbidos

A Vila Natal

Óbidos uma vila extraordinariamente bonita...


A Vila Natal... Engraçada, mas com poucos motivos Natalícios, para o meu gosto... Confesso que esperava algo mais!



















Anda assim, agradável!

E por fim no Peso da Régua

Sem contar...


Ele mesmo: o Pai Natal! O maior que vi até hoje. Disseram-nos depois, tratar-se do maior da Europa...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

A casa do Pai Natal, infelizmente, não se ilumina em 2012

Muitos leitores têm procurado notícias sobre “a casa do Pai do Natal” que todos os anos, por esta altura, com as suas milhares de luzes alegrava os olhos e corações, de miúdos e graúdos que passavam pelo alto da serra, na freguesia de Baguim do Monte, na confluência dos Concelhos de Gondomar e Valongo.
Só nos últimos dias foram mais de trezentos os leitores que procuraram informação a propósito deste assunto. Todos manifestam estranheza porque neste ano de 2012 a casa do Sr. Camilo e da Dª. Filomena não se encontra iluminada.
Para informação de todos deixo aqui uma notícia triste. Infelizmente, neste ano, a casa do Pai Natal não está iluminada porque recentemente faleceu a Dª. Filomena Pereira, a grande dinamizadora do evento.
Porque me incluo no rol daqueles que todos os anos passavam com a família pela rua António Correia de Oliveira, para ali viver – sobretudo com os mais pequenos – largos minutos de encanto, deixo aqui uma homenagem muito merecida à pessoa da Dª. Filomena.
É público que esta Senhora contribuiu ao longo dos anos para que muitas famílias e principalmente muitas crianças tivessem um Natal mais feliz. Era popular a sua iniciativa de solicitar aos mais pequenos que escrevessem uma carta ao Pai Natal e a colocassem na caixa de correio que tinha sempre um lugar de destaque na sua casa iluminada. Na resposta a essas cartas, a expensas próprias ou com colaboração de Instituições, ajudou muita gente a ter uma vida melhor.
Por tudo isto e pelos momentos de ternura que foi proporcionando ao longo dos anos a milhares de pessoas (sobretudo crianças), a Dª. Filomena Pereira é digna da nossa admiração e reconhecimento.
Aproveito a ocasião para deixar aqui uma palavra de conforto à família enlutada, de forma particular ao seu marido, Sr. Camilo Pereira, e aos seus filhos.
Para quem não sabe do que estou falar pode dar uma espreitadela aqui.

sábado, 8 de dezembro de 2012

VIII Encontro de Cânticos de Natal em Tabuado



Amanhã, dia 9 de Dezembro, vai realizar-se em Tabuado o “VIII Encontro de Cânticos de Natal”.
Este evento, organizado pela Junta de Freguesia de Tabuado, vai já na sua oitava edição consecutiva e reúne grupos corais da freguesia e de fora dela, que se juntam, a cada ano que passa, para reviver uma tradição da época natalícia – o cantar ao Menino Jesus.
O Encontro de Cânticos de Natal transformou-se ao longo dos anos num acontecimento que extravasa a simples componente musical e se converte num momento de partilha e convívio entre os diversos grupos participantes, que na sua maioria representam as forças vivas da freguesia e a população que assiste ao espetáculo.
A edição deste ano decorrerá, mais uma vez na Igreja Românica de Tabuado, tendo o começo agendado para as 14h.30m. Aos grupos da terra juntar-se-à o Coro da Universidade Sénior do Marco de Canaveses, convidado especialmente para esta edição.
De acordo com o que está anunciado, as atuações acontecerão por esta ordem:
Coro dos Alunos do Jardim de Infância das Cerdeiras
Coro dos Alunos da EB1 de Ladário
Coro do Centro de Convívio da Casa do Povo de Tabuado
Coro da Universidade Sénior do Maro de Canaveses
Grupo Coral da Associação Cultural e Recreativa de Tabuado
Grupo Coral da Paróquia do Divino Salvador de Tabuado

A seguir ao “Encontro de Cânticos de Natal” decorre o tradicional lanche/convívio para toda a população e visitantes.
Quem tiver oportunidade de não deixe de ir Tabuado, porque este evento é uma ótima forma de reviver o verdadeiro Espírito de Natal.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O Códice Calixtino


Esta é uma notícia que me alegra muito. Devo confessar que fiquei estupefacto com o desaparecimento da obra e que era muito cético quanto à sua possível recuperação. Ainda bem que tudo terminou em bem... e sobretudo com códice intacto.


O Códice Calixtino  (no Latim "Codex Calixtinus")   é um manuscrito, de meados do século XII, que reúne um conjunto de textos em Latim, com ilustrações, que visavam a promoção da Catedral de Santiago de Compostela.
Trata-se de uma obra com grande valor literário para a época, onde sobressai a utilização do Latim, com um elevado nível de correção.
Muito embora a sua autoria seja atribuída ao Papa Calisto II, crê-se que tenha sido redigido por vários autores, entre os anos de 1130 e 1160.
O códice divide-se em cinco livros e é composto por um total de 225 folhas, de dupla face, com as dimensões de 295mm x 214 mm. A maioria das folhas compreende uma única coluna com 34 linhas de texto.
O exemplar mais antigo deste códice, que se crê ser uma cópia de um exemplar modelo, encontra-se à guarda da Catedral de Santiago de Compostela, sendo datado da década de cinquenta do século XII (entre 1150 e 1160).
O livro I, designado por "Anthologia liturgica" (Antologia litúrgica) é o mais longo do códice, compreendendo um total de 139 folhas e possui um caráter marcadamente litúrgico. Trata-se de uma coletânea de homilias, de cânticos litúrgicos, de cânticos de peregrinos e de sermões em honra do apóstolo Santiago proferidos na Catedral de Santiago de Compostela. O âmago da obra – o sermão "Veneranda dies"- procura mostrar o sentido e o valor espiritual da peregrinação a Santiago.
O segundo livro, "De miraculi sancti Jacobi" (Milagres de Santiago), estende-se da folha 139 à 155 e compreende uma compilação de 22 milagres atribuídos a Santiago, ocorridos em diversas partes da Europa, em especial no percurso do Caminho de Santiago.
O livro III, "Liber de translatione corporis sancti Jacobi ad Compostellam" (livro da transladação do corpo de Santiago para Compostela) compreende as folhas de 156 a 162 e nele é relatada a evangelização do apóstolo Santiago em Espanha e a transladação do seu corpo para Compostela.
O quarto livro, "Historia Karoli Magni et Rothalandi" (História de Carlos Magno e Rolando) encontra-se entre as folhas 163 e 191 do códice. Nele é narrada, em tom épico, a história de Carlos Magno e de Rolando em Espanha. Carlos Magno é apresentado como tendo sido o descobridor do túmulo do apóstolo Santiago e criador das primeiras peregrinações a Compostela e à sua Catedral.
O livro V, "Iter pro peregrinis ad Compostellam", é provavelmente o mais conhecido do grande público e constitui o mais antigo guia para os peregrinos do Caminho de Santiago, incluindo conselhos, descrições do percurso e das obras de arte nele existentes, assim como usos e costumes das populações que viviam ao longo da rota.
O códice foi impresso pela primeira vez em 1882 tendo em 1966 sido objeto de restauro, ocasião em que lhe foi reincorporado o Livro IV, que dele havia sido destacado em 1609.
No dia 5 de Julho de 2011 a obra foi dada como desaparecida pelos responsáveis do arquivo da Sé Catedral de Santiago de Compostela, na sequência de um pertenço roubo. Ontem, quando faltavam dois dias para fazer um ano do seu desaparecimento, o mesmo foi recuperado pela polícia, em bom estado, na garagem de antigo electricista da Catedral de Santiago de Compostela. 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Fim do feriado do Corpo de Deus

Ainda a propósito do dia do Corpo de Deus, importará dizer, que pelas razões que todos conhecem, este é o último ano em que o mesmo é feriado em Portugal.
Este facto leva-me a tecer algumas considerações a propósito desta circunstância.
Desde logo para dizer que há países onde, à semelhança do que acontecia em Portugal, esta solenidade de natureza religiosa é feriado nacional; mas também há exemplos de Estados onde o mesmo já foi feriado e atualmente não o é.
Por outro lado, em termos estritamente religiosos, parece-me que o desaparecimento do feriado e a transferência da celebração festiva para o domingo seguinte é perfeitamente razoável. Assim já acontece com outras festividades onde a celebração litúrgica não coincide com a data do acontecimento referenciada pela tradição cristã. Estou a lembrar-me por exemplo do dia de Reis.
Dito isto e pensando, repito, na pura prática religiosa, parece-me que os crentes e particularmente os devotos do Santíssimo Sacramento, não deixarão de o ser pelo facto de este dia deixar de ser feriado.
Ainda assim, não posso deixar de notar que em muitas terras do nosso país, que se engalanavam (e de que maneira) para comemorarem esta festividade, existe hoje um sentimento de que se perdeu um acontecimento que fazia parte da sua tradição histórico religiosa e que era celebrado num dia de calendário especial.
Tapetes de Flores na festa do "Corpo de Deus" - Caminha 
Admitir este facto leva-me a constatar que as medidas que o Governo tem tomado (ou tem sido obrigado a tomar) começam a atingir os portugueses numa dimensão muito mais profunda que o indesejável “ir-lhes ao bolso”. E isso é mau, muito mau.
E no caso do corte dos feriados, parece-me que essa situação se torna evidente, pois falta demonstrar, em termos económicos, que o país venha a beneficiar com tal medida. Pelo contrário, tenho ouvido opiniões de gente muito informada (e bem formada), que garante que esta medida não terá qualquer impacto na economia real. E mais, garantem também que há países com economias bem mais desenvolvidas que a nossa onde o número de feriados até é superior.
Posto isto, e com o devido respeito por quem pensa de forma diferente, julgo que num país civilizado o aumento da produtividade nunca poderá ser alcançado com a degradação do bem-estar dos trabalhadores.
A diminuição do custo do fator trabalho parece-me que poderá ser suficientemente conseguida pelos ajustamentos no mercado laboral, pois a oferta de trabalho (por parte dos trabalhadores) supera em muito a procura do mesmo (por parte dos empregadores) e esta realidade conduz necessariamente a um abaixamento do preço de equilíbrio no mercado, facto que, por si só, já permite que as empresas adquiram trabalho a preços significativamente mais baixos.
Não valorizar adequadamente a realidade económica e social do país e tomar medidas com impacto na vida das pessoas que vão muito para além da questão económica e cujos benefícios não estão suficientemente comprovados, pode ferir de morte a credibilidade do Governo.
Passos Coelho disse, um dia destes, admirar a paciência dos portugueses. Mas o primeiro-ministro deve lembrar-se que a paciência é um recurso limitado e que tende acabar com o uso frequente...

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dia da Criança


“Não existe revelação mais nítida da alma de uma sociedade do que a forma como esta trata as suas crianças.”

Nelson Mandela

terça-feira, 1 de maio de 2012

1º de Maio – Dia do Trabalhador

Hoje lembra-se o trabalhador - aquele que trabalha – e celebra-se o ato de trabalhar, como um direito que assiste a todos cidadãos e que deve ser exercido em condições dignas e respeitadoras da condição humana.
Foi precisamente a busca dessa dignidade que levou ativistas dos direitos dos trabalhadores a empreenderam no final do século XIX, nos Estados Unidos e em França, uma luta na defesa por uma jornada de trabalho com oito horas diárias. Os acontecimentos associados a essas lutas, como greves e grandes manifestações, inspiraram a comemoração deste dia à escala mundial.
Não deixa de ser espantoso que na atualidade, passado mais de um século, se assista a um movimento regressivo das conquistas dos trabalhadores de então.
Por isso, hoje, mais do que nunca, faz todo o sentido celebrar o "Dia do Trabalhador". Celebrar os direitos daqueles que trabalham; celebrar os direitos daqueles que queriam trabalhar, mas que não têm trabalho; e também, celebrar os direitos daqueles que já fizeram uma vida de trabalho.
Este é o dia para dizer bem alto, que não faz qualquer sentido destruir os alicerces sobre os quais se construiu a nossa sociedade.

sábado, 28 de abril de 2012

Novo Cemitério de Tabuado


Estão finalmente em marcha os procedimentos que levarão à construção do novo cemitério da freguesia de Tabuado. Quis o destino que a minha pessoa tivesse uma intervenção de circunstância na cerimónia de lançamento da primeira pedra. Nesta, como noutras ocasiões, apesar dos gravadores, o relato feito por outos, nem sempre corresponde rigorosamente àquilo que por nós foi dito. Assim, parece-me pertinente que deixe aqui para memória futura as palavras que proferi na ocasião.

Exmo. Senhor, Presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses;
(...)
Por força da ausência da Sra. Presidente da Junta de Freguesia Tabuado, Sra. Professora Maria de Fátima Vasconcelos, que aqui não pode estar presente por motivos de ordem pessoal, cabe-me a mim, na qualidade de Vogal da Junta e seu substituto legal, saudar-vos de forma muito fraterna e agradecer a vossa presença nesta cerimónia de lançamento da primeira pedra na obra de construção do novo complexo mortuário da freguesia de Tabuado.
Quis o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Marco de Canaveses, Sr. Dr. Manuel Moreira, assinalar de forma solene o início desta obra com esta cerimónia. Muito nos honra que assim tenha decidido, pois este ato tem um significado muito especial, não só para a Junta de Freguesia de Tabuado, mas também para todos Tabuadenses e amigos desta terra, pois ele representa o início do fim de um processo que se arrasta há mais de quarenta anos nesta freguesia: a construção de um novo cemitério.
Se me permitem uma breve sumula histórica de todo este processo, até porque estamos numa terra com história, começaria por dizer, que o atual cemitério desta freguesia, como os demais na generalidade do mundo rural em Portugal, se situa numa zona contígua à Igreja, numa prática ligada à tradição do culto cristão da idade média, de enterrar os mortos em sítios muito próximos dos locais de culto.
Com a evolução dos tempos esta tradição foi-se desvanecendo e a construção de novos cemitérios deixou de obedecer àquela regra de inspiração marcadamente religiosa e estas infraestruturas públicas passaram a ser implantadas em locais que respondem a preocupações de natureza diversa, como sejam questões ambientais, de saúde pública e urbanística. Com esta evolução permitiu-se que os espaços de enterramento passassem de locais de reduzida dimensão, muitas vezes sem condições adequadas, para novos espaços, com dimensões apropriadas, mais funcionais e também por isso mais dignos.
Mas, em muitas terras, como em Tabuado, os enterramentos continuaram a ser efetuados nos antigos cemitérios. Porém esses espaços deixaram de responder às necessidades das populações, pois tornaram-se locais exíguos, quero dizer tornaram-se pequenos (apertados), para responder ao número de enterramentos que era necessário lá realizar.
Pois bem, este problema foi pela primeira vez identificado na nossa terra, na década de setenta do século passado e logo aí foi determinado que a solução do problema passaria pela construção de um novo cemitério num local diferente do atual.
O processo de escolha e disponibilização de um novo local evoluiu com avanços e recuos, até que foi concluído com a construção de uma nova infraestrutura no lugar do Peso, que dista daqui cerca de 500 metros. Sucede que, por razões pouco percetíveis em termos de gestão pública, mas que não importa aqui abordar, o novo cemitério, depois de construído, nunca chegou a ser utilizado, continuando os enterramentos a ser efetuados no atual, com as condições de utilização do mesmo a degradarem-se progressivamente.
Neste contexto, quando o atual executivo da Junta de Freguesia tomou posse, foi confrontado com um projeto do anterior executivo que previa o alargamento do cemitério atual para terrenos da paróquia.
Confrontado com aquele projeto, o executivo, como se impunha, contactou o pároco de então, no sentido de saber da sua autorização para a concretização do referido alargamento. O Reverendo Padre Joaquim Pereira da Cunha disse-nos, nessa ocasião, que todo esse processo só poderia resultar de um equívoco, dado que nunca teria dado consentimento para a realização da obra que lhe estávamos a apresentar, nem de qualquer outra que previsse o alargamento do cemitério para terrenos da paróquia.
Ainda assim e no sentido de dissipar dúvidas e rumores que começaram a instalar-se quanto a uma possível autorização para a realização da obra por parte da Diocese, autorização essa que estaria a ser inviabilizada pelo Pároco, a Junta, com conhecimento deste, decidiu consultar diretamente o Sr. Bispo do Porto, para saber se a decisão da Diocese era concordante com a do Pároco, ou se por parte daquele Órgão Eclesiástico, haveria abertura para encontrar algum tipo de solução que fosse de encontro à resolução do problema da freguesia.
A resposta do Sr. Bispo, fundada num parecer emitido pela Comissão de Infraestruturas da Diocese foi perentória: a diocese, tal como o pároco, não autorizava o alargamento do cemitério antigo para terrenos da paróquia, porque isso em nada dignificaria o bem edificado mais precioso da freguesia de tabuado: a sua Igreja Românica.
Confrontado com essa decisão e no sentido de encontrar uma solução para aquele que identificamos ser o problema que merecia uma resolução mais imediata na freguesia, o executivo lançou-se na procura de um espaço onde pudesse ser construído um novo cemitério que fosse de encontro aos interesses da população.
Sabendo que algumas das razões evocadas para a não utilização do cemitério no lugar do Peso se prendiam com a sua localização, elegemos como critérios principais na procura de um novo local a sua localização nas imediações da Igreja, os bons acessos e que a sua dimensão fosse tal que não inviabilizasse futuros alargamentos.
Foi um trabalho muito árduo, que teve várias frentes e que exigiu da nossa parte muita descrição, respeito para com os nossos interlocutores e muita firmeza.
Depois de colocadas várias hipóteses, encontrámos o terreno que queríamos. Contactamos os proprietários e conseguimos, a muito custo, disponibilidade da sua parte para negociar. Foi então que solicitamos a ajuda necessária da CMMC, para a disponibilização dos meios financeiros e, em parceria, negociámos o terreno.
Foi uma negociação longa e muito difícil, na qual se empenhou particularmente o Sr. Presidente da Câmara, Dr. Manuel Moreira, mas que teve um desfecho feliz.
A CMMC adquiriu, em 07 de Fevereiro de 2007, pelo preço de 90.000,00€, esta parcela de terreno, com 5.795m2, para aqui se construir o complexo mortuário da freguesia de Tabuado, onde se incluiu a construção de um novo cemitério.
O passo decisivo estava dado mas outros se lhe seguiram, igualmente importantes e bastante morosos. Falo das questões de natureza jurídica e administrativa, relacionadas com a legalização do terreno, em termos que permitissem a construção desta infraestrutura. Mas com o tempo necessário, que é sempre muito para quem espera, o processo foi concretizado.
Seguiu-se a elaboração do projeto, mais uma vez com a colaboração fundamental da CMMC, que através dos seus serviços técnicos procedeu à sua elaboração. Este procedimento, que voltou ter um acompanhamento direto do Sr. Presidente da Câmara, foi, naturalmente, bastante demorado, por um lado devido às soluções técnicas e estéticas que foi necessário estudar e por outro, devido ao elevado volume de trabalho a que os serviços técnicos da CMMC têm que dar resposta.
Certo é que fruto de um diálogo quase permanente entre técnicos e autarcas o projeto foi elaborado e a sua versão final foi-nos apresentada em termos que correspondiam aos nossos objetivos, vertidos num projeto arrojado, funcional, bonito e que dignifica e prestigia a nossa terra de Tabuado e o nosso concelho de Marco de Canaveses.
Porém, como é de todos sabido, o país viu-se mergulhado numa financeira e económica, provocada por desequilíbrios orçamentais, que obrigaram inclusive o país a recorrer a ajuda externa, ajuda essa condicionada à execução de um plano de reequilíbrio das contas públicas.
A persecução deste plano está a obrigar o Estado a por em prática uma política de racionalização de gastos públicos, que afeta os diversos sectores públicos e com natural incidência nas autarquias locais que se viram privadas nestes dois últimos anos de percentagens significativas de verbas a que lhe provinham do orçamento geral do estado.
Estas condicionantes financeiras obrigaram a ter que repensar, mais uma vez, o nosso projeto. Foi neste contexto que em diálogo com CMMC, decidimos reformular o projeto inicial, para o tornar exequível nesta fase em termos financeiros. Sem diminuir a qualidade nem os princípios estruturantes da obra, decidiu-se construir a mesma por fazes. Assim nesta primeira fase vai construir-se o novo cemitério, com as mesmas características, mas com dimensões mais reduzidas que o inicialmente previsto. Ainda assim capaz de responder às necessidades da freguesia por muitos anos. Nesta fase construir-se-ão também os respetivos acessos. Numa segunda fase concluir-se-á a construção da parte restante do complexo, com a edificação da casa mortuária.

Sr. Presidente (...)
Minhas senhoras e meus senhores,

O que nos trás aqui hoje é a certeza da execução de uma obra há muito reclamada por esta terra e que muito a vai dignificar. Construir um complexo mortuário, com as características do que aqui vai ser edificado, traduz o ser e o sentir da gente da nossa terra, que prepara no presente o seu futuro, mas que alicerça este presente no seu passado, que pretende preservar, nas suas mais diversas vertentes em condições de dignidade absoluta. Nessa medida tornar mais dignas as condições de um cemitério representa o apreço por todos os que nos antecederam e o valor incalculável que para nós, enquanto comunidade, tem a sua memória.

Sr. Presidente (...)
Minhas senhoras e meus senhores,

È chegado o momento. Chegou o momento de por fim a um assunto que incomoda esta terra há demasiados anos; chegou o momento de dizer aos incrédulos, que podem acreditar; chegou o momento de transformar o sonho em realidade.

Sr. Presidente, meus senhores e minhas senhoras;

Somos chegados ao momento em que é possível afirmar que neste local se vai construir o complexo mortuário de Tabuado; complexo este, que originará o aparecimento de uma nova centralidade na freguesia, e que compreende a construção de um cemitério com capacidade, para 96 campas devidamente infraestruturadas e 4 espaços para jazigos em altura. Um cemitério moderno, funcional, com espaço aprazível e digno; um cemitério num local acessível e de horizontes abertos, que promova a dignidade da pessoa humana e que estimule a igualdade nessa condição, com respeito pela diversidade de origens e credos.
Um complexo mortuário que compreende ainda a construção de uma casa mortuária, com uma sala com capacidade para velar dois corpos em simultâneo e a possibilidade de ali realizar serviços religiosos; casa mortuária que compreende também uma sala de apoio e sanitários adaptados a pessoas com mobilidade limitada. Um complexo mortuário que compreende ainda a construção dos acessos e parque de estacionamento e uma casa de apoio para concessionar.
Uma obra que é necessária e mais uma vez repito, vai dignificar esta freguesia de Tabuado, o concelho do Marco de Canaveses, a Junta de Freguesia de Tabuado e Câmara Municipal do Marco de Canaveses.
Mas uma obra que envolve meios financeiros avultados e para a qual todos são chamados a contribuir e que só poderá realizar-se com a colaboração e apoio de todos.

Sr. Presidente (...)  

Termino agradecendo a V. Exa. em nome da Junta de Freguesia de Tabuado a realização desta cerimónia, que como disse no início, muito nos honra; agradeço-lhe todo o apoio técnico e financeiro prestado pela Câmara Municipal de Marco de Canaveses à realização deste projeto; e em particular agradeço o seu apoio pessoal e a preocupação que tem manifestado no acompanhamento deste projeto.
Em termos pessoais, e na qualidade de Tabuadense, formulo o desejo de que V. Exa. se sinta tão feliz quanto eu, neste dia tão importante para a terra, que a ambos nos serviu de berço.

Muito obrigado.