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quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Retrato de Portugal na Europa


Em 20 de outubro, a Pordata, portal gerido pela Fundação Francisco Manuel Santos, divulgou uma nova edição do Retrato de Portugal na Europa.
Ao longo de 13 capítulos temáticos, este trabalho compara os dados de Portugal com os dos restantes Estados membros da União Europeia, em   cerca de 80 indicadores sobre diversas áreas da sociedade.
Se há dados de que o país se pode orgulhar, por exemplo, ter um valor inferior à média europeia no que respeita ao número de emissões de gases com efeito estufa per capita, outros nem por isso: ser o terceiro país com menor percentagem de jovens no total da sua população residente, ocupar a quinta posição entre os países com maior desigualdade na distribuição dos rendimentos, ser o terceiro país com maior percentagem  de trabalhadores com contrato de trabalho temporário, ser dos países onde a fatura da eletricidade é mais pesada, etc..
Os dados para análise, reflexão e trabalho, estão disponíveis no 

terça-feira, 10 de abril de 2018

100 Anos da Batalha de La Lys e da participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial

Justa e merecida reparação moral. A síntese histórica, ainda que de forma involuntária, corre o risco de não evidenciar suficientemente todas as circunstâncias que rodearam a participação portuguesa na 1ª Guerra Mundial e ser injusta para aqueles que menos o merecem. As academias, a comunidade cientifica e o país em geral, deveriam continuar a investir no estudo deste episódio da nossa história. Os 100 anos que entretanto passaram, são tempo suficiente para permitir um debate de ideias objetivo, consistente e suficientemente independente.


Soldado Milhões

Nos 100 anos da batalha da La Lys um herói na primeira pessoa... 




sexta-feira, 10 de junho de 2016

10 de Junho, dia de Portugal

Comemorar o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas deve ser um ato de afirmação de Portugal no mundo.
A decisão do Presidente da República que, neste ano de 2016, decidiu realizar uma parte significativa das celebrações do 10 de Junho em Paris, junto da maior comunidade Portuguesa no estrangeiro, parece-me uma boa iniciativa. Ao destacar-se o terceiro vértice desta celebração – as Comunidades Portuguesas –  realça-se o papel que os portugueses da diáspora desempenham (e sempre desempenharam) na empreitada de dar a conhecer a nossa identidade, pessoal e coletiva, nos quatro cantos do mundo.
Faço votos para que nos próximos anos este gesto de levar esta celebração às comunidades se repita. Gostava, no entanto, que se mantivesse a tradição de que as celebrações realizadas em território português continuassem a percorrer o país e não se confinassem ao Terreiro do Paço, local onde decorrem este ano.
Por lado, quero deixar aqui um alerta. A afirmação da nossa identidade faz-se não só pela valorização dos nossos feitos ao longo de nove séculos de história, mas também pela capacidade de projetarmos o futuro, de forma inovadora e sustentável, que aproveite a nossa idiossincrasia e os nossos recursos naturais e científicos e que seja capaz de nos posicionar na linha da frente entre as nações mais desenvolvidas.
Para que esta última vertente da nossa afirmação coletiva se concretize é necessário potenciar convenientemente todos os nossos recursos estratégicos e um dos fundamentais, na minha opinião, é a língua portuguesa.
Sendo o português uma língua falada nos cinco continentes, por mais de 265 milhões de pessoas, constitui um ativo importantíssimo para a projeção de Portugal no mundo. Nessa medida, julgo que o investimento na preservação, investigação e divulgação da língua portuguesa deve aumentar. Uma intervenção estratégica a este nível dever ser concertada com os países de língua oficial portuguesa, porque, em alguns deles, particularmente em Moçambique, o português tem perdido espaço para os dialetos locais.

Acerca do 10 de Junho podes ler mais aqui


sábado, 4 de junho de 2016

Menos horas de trabalho podem dinamizar a economia e aumentar a criação de riqueza


Na semana que hoje termina falou-se muito da reposição das 35 horas como horário de trabalho semanal na função pública e do seu possível alargamento ao setor privado. Nos debates a que assisti esgrimiram-se argumentos contra e a favor. Os primeiros, escudam-se basicamente em questões de natureza económico-financeira ligadas à necessidade de controle da despesa pública e de competitividade económica. Os segundos, defendem que se trata, acima de tudo, da reposição da legalidade no contrato jurídico que regula a relação laboral entre o Estado e os seus trabalhadores (a maioria deles, se se quiser ser mais preciso), que foi unilateralmente quebrado por parte do empregador quando alargou o horário de trabalho sem o correspondente aumento de vencimento.
No confronto de argumentos nada de novo. As posições declaradas continuam em grande medida condicionadas pelos taticismos político-partidários e esse facto é suficiente para inquinar qualquer debate.  
Ainda assim, num desses debates, foi lançada, a meu ver, uma nova perspetiva nesta discussão. Um sociólogo, falando sobre o tema, disse a determinada altura, num á parte, que a redução do horário de trabalho representa um avanço civilizacional e que este é perfeitamente compatível com a necessidade de desenvolvimento económico e com o aumento da criação de riqueza. Em poucas palavras explicou o seu ponto de vista referindo, no essencial, que se o trabalhador trabalhar menos horas vai ter tempo para desenvolver outras atividades que podem ajudar a dinamizar a economia e contribuir para o aumento da criação de riqueza.
O orador foi interrompido na sua intervenção pelos outros protagonistas e o debate, com anuência de quem o conduzia, seguiu o seu curso previsível sem que alguém tivesse dado importância a esta perspetiva.
Eu, no entanto, fiquei a pensar nela.
Não é verdade que se alguém tiver mais tempo disponível pode dedicar-se a outras atividades que podem ser exploradas economicamente? Por exemplo, praticar desporto, ir ao cinema, cozinhar, ler, estudar, frequentar formação profissional, viajar, fazer turismo…  Não podem estas áreas de negócio beneficiar da redução do horário de trabalho semanal e contribuir para a dinamização da economia do país? Mais, com mais tempo disponível, os trabalhadores não poderão lançar-se no desenvolvimento de atividades complementares da que exercem profissionalmente? Estou a lembrar-me de atividades tradicionais ao nível do comércio, da agricultura, dos serviços, ou mesmo da micro industria; mas também de atividades ligadas ao empreendedorismo social ou á inovação tecnológica.
A resposta a estas questões parece-me afirmativa e, portanto, se Portugal se tem disponibilizado para ser cobaia para experimentação de teorias económicas, porque não explorar esta possibilidade?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O TGV está de volta?

O TGV Lisboa-Madrid afinal avança? Francamente... Mais uma desilusão!
Numa altura em que fala na reestruturação do sector dos transportes - identificado pelos responsáveis políticos como um dos maiores sorvedores de recursos públicos – onde se preveem reestruturações extremamente dolorosas, com extinções de postos de trabalho, redução nos serviços prestados e aumento de tarifas, voltar à carga com um projeto que, há pouco mais de um ano, foi abandonado por razões de insustentabilidade económica é uma decisão que me custa a compreender.
Este tempo que vivemos, em que (1) se sucedem as notícias de uma pertença economia de meiosEP vai cortarnos limpa-neves, iluminação e patrulhamento das estradas – em que (2) se promove o fim da exploração da linha férrea tradicional e se reduz a mínimos questionáveis o investimento na sua manutenção – veja-se o exemplo do projeto de eletrificação da linha do douro no troço Caíde-Marco de Canaveses – em que (3) se fala da necessidade qualificação/racionalização dos investimentos públicos, em que (4) se estabelece como prioridade a reindustrialização do país e em que (5) se submete os portugueses a um esfoço fiscal incomportável - o maior de que há memória - este tempo, dizia, não é o tempo para as meias verdades, ou para verdades de conveniência, é o tempo da coerência, ou da falta dela...

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Outro problema para Portugal resolver: a demografia

Nos próximos anos o nosso país vai lutar até à exaustão para resolver o problema da dívida pública e privada.
Mas se algo não for feito e neste país não existirem Homens que ousem pensar a nossa existência coletiva a longo prazo outro problema gravíssimo nos assolará dentro de uma ou, no máximo, duas décadas. E na resolução desse problema não haverá troika que nos valha. Falo da questão demográfica.
Não será necessário que passem muitos anos para que a pirâmide demográfica (etária) do nosso país esteja completamente deformada. A manter-se o “status quo”, a sua base continuar-se-á a estreitar, porque os nascimentos serão cada vez em menor número. Estes ficarão muito aquém do necessário para promover uma substituição geracional sustentada e temo que nos transformemos numa sociedade onde predominem as pessoas idosas, potencialmente menos ativas.
O problema será ainda mais dramático se o sistema de segurança social não resistir, ou for profundamente afetado pela evolução demográfica negativa. Daqui a duas ou três décadas a nossa sociedade já não terá condições para promover uma solidariedade intergeracional dita normal, e muito menos invertida. Os mais novos não serão suficientes para garantirem um mínimo de bem-estar aos mais idosos, finda que seja a sua vida profissional, nem estes poderão ser solidários com os mais novos, auxiliando-os com os rendimentos das suas reformas e pensões de velhice, como acontece nos dias de hoje.
O problema é grave e carece de ser colocado, em definitivo, na agenda de quem tem a responsabilidade de conduzir os destinos do país. É claro que, se for por vontade desses, o assunto será sempre empurrado para quem vier a seguir, tal como o foi a questão da dívida. Mas como este problema é, no meu entender, muito mais grave que o da dívida, espero que os especialistas que o estudam tenham a coragem de o colocar na ordem do dia, para que a sociedade o possa discutir e todos possam contribuir com ideias para a sua resolução.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Elementar

Pedro Passos Coelho disse ontem que Portugal vai necessitar de duas ou três décadas para resolver o problema a dívida pública (e privada – acrescento eu). Tenho uma vontade muito grande de dizer que o primeiro-ministro está enganado, mas não posso afirmá-lo, porque temo que tenha algum fundamento o seu vaticínio.
É lamentável que, enquanto nação, tenhamos chegado a este ponto. Que, sendo um povo com identidade secular, não tenhamos sido capazes de exigir dos responsáveis pela gestão do país duas atitudes muito simples:
(I) Rigor na seleção e qualificação dos investimentos efetuados ao longo dos anos; e
(II) Uma planificação a pensar no futuro do país e não apenas nos quatro anos de cada legislatura.
Atitudes que um chefe de família minimamente previdente teria sem que para isso necessitasse de grandes avisos. Elementar!

domingo, 10 de junho de 2012

A comemoração do 10 de junho em Portugal

Hoje é «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas».
A 10 de junho enaltece-se o passado glorioso do povo português, os feitos das suas comunidades espalhadas pelo mundo e exalta-se o poeta Luís de Camões.
Mas quando teve origem a comemoração do dia 10 de Junho em Portugal?
Para encontrarmos resposta para esta questão temos que recuar no tempo mais de um século.
Pode dizer-se que comemoração do dia 10 de Junho tem a sua referência mais remota no ano de 1880, quando, naquele dia, os militantes do Partido Republicano Português comemoraram o tricentenário da morte do poeta, transformando esse acontecimento numa das primeiras manifestações contra a Monarquia.
Após a proclamação da República, em 5 de outubro de 1910, o país assistiu a muitas mudanças no plano político, social e económico. Nos trabalhos legislativos dessa época e num contexto de mudança da ordem vigente, foi publicado um decreto que definiu o conjunto dos feriados nacionais, decreto esse, que procedeu à eliminação de alguns até então vigentes, de carater religioso, para reduzir a influência social da Igreja Católica e contribuir para a criação de um Estado laico.
Nessa época, Luís de Camões era tido como um génio da Pátria e gozava de bastante simpatia entre os republicanos que continuavam a atribuir grande importância ao 10 de junho, dia da sua morte, em 1580. Nesse dia, invocavam-se com particular enfâse as glórias camonianas, sem no entanto elevar a data à categoria de feriado nacional.
A propósito de Camões, autor de «Os Lusíadas» (quiçá a obra mais emblemática da literatura portuguesa), faço aqui um breve parêntesis, só para dizer que o poeta, à data da morte, era pobre e foi nessa condição que foi enterrado numa campa rasa. Crê-se que com o terramoto de 1755 ter-se-á perdido o rasto dos seus restos mortais, sendo que aqueles que jazem no seu túmulo, na igreja do Mosteiro dos Jerónimos (onde as mais altas individualidades que visitam o país costumam depor flores), só por feliz coincidência serão os seus. Esta realidade muito dificilmente poderá comprovada cientificamente dado o facto de se saber muito pouco a cerca das relações familiares do poeta o que inviabiliza a realização de testes de ADN.
Mas voltando ao 10 de junho, a comemoração da data ganha especial preponderância durante o Estado Novo, sendo o Dia de Camões decretado feriado nacional e como tal comemorado em todo o país.
No entanto, ao contrário dos republicanos, que pretendiam um Estado laico, os dirigentes do Estado Novo, particularmente o Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar procurou transformar Camões num símbolo nacionalista e propagandístico das ações do regime.
A partir de 1944, o «Dia de Camões e de Portugal» vê a sua designação alterada para «Dia de Camões, de Portugal e da Raça», sendo que este último apelido, criado por Salazar na inauguração do Estádio Nacional, se inseria numa política de cultivo e engrandecimento do espirito nacionalista.
Com início da guerra colonial, que em muito havia de contribuir para o fim do Estado Novo, a comemoração do dia 10 de junho passou a ser utilizada para homenagear as forças armadas e condecoram heróis das campanhas no ultramar.
Com o 25 de Abril de 1974 e a implantação daquela que muitos apelidam como 3ª República, o feriado manteve-se, tendo o entanto perdido a característica de celebração de feitos bélicos.
Em 1978, a data vê de novo a sua designação alterada passando agora a apelidar-se de «Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas», honrando passado glorioso do povo português, a nossa diáspora e a memória do poeta.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Caos nas lojas do “Pingo Doce”

Felizmente nunca na minha vida experimentei a sensação de viver num país em estado de sítio, ou lá próximo. As imagens de pessoas a açambarcar bens essenciais, sempre me foram dadas pela televisão e diziam respeito a uma realidade que, repito, felizmente nunca foi a minha.
Nunca tinha experimentado essa sensação até hoje, mas hoje aconteceu.
Ao entrar circunstancialmente numa loja da cadeia “Pingo Doce”, para efetuar uma daquelas compras de ocasião, dei por mim a viver num qualquer país em situação de emergência, em estado guerra eminente. Uma loja, de média dimensão, mas que tinha no seu interior seguramente 4 centenas de pessoas. Mal se  podia circular. As filas para as caixas de pagamento estendiam-se em forma de serpente por todos os corredores e pelos espaços mais improváveis da loja. Cada pessoa na fila de espera tinha ao seu lado volumes e mais volumes de produtos. Produtos alimentares, de higiene e tudo o que é essencial á sobrevivência. Os característicos carros de supermercado eram raros e as compras eram transportadas em contentores improvisados: caixotes de papelão, sacos de ráfia e até caixas de fruta da própria loja.
Um ambiente caótico com pessoas esbaforidas que se lamentavam pela falta de produtos. Prateleiras e expositores completamente vazios, onde apenas se via o preço dos produtos que lá tinham estado expostos. Enfim uma situação inacreditável.
A minha mulher, pouco depois de entramos na loja, percebeu o porquê daquela confusão quando leu um panfleto promocional da cadeia que anunciava descontos de 50% para compras de valor superior a 100,00€. Ela quis voltar imediatamente para trás, até porque temia pela nossa integridade física.
Eu resisti e com a minha filha pela mão fiz questão de viver este momento que se não é tristemente histórico para o nosso país pelo menos é inédito. E lá andei cerca de 10 minutos mergulhado na triste realidade deste nosso Portugal do século XXI.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Península Ibérica à noite


Imagem da Península Ibérica, captada durante a noite pela Estação Espacial Internacional (ISS), no início do mês de Dezembro.

sábado, 26 de novembro de 2011

Fado Património Imaterial da Humanidade

Na sequência de um processo que começou há mais de cinco anos, e que foi formalizado com uma candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Lisboa, a UNESCO decide este fim-de-semana se o Fado passa a ser, ou não, Património Imaterial da Humanidade.
Eu apoio esta candidatura e espero que ela seja bem sucedida.
O Fado é, sem dúvida, um símbolo da identidade portuguesa. Esta canção, com as suas diversas variantes e formas de expressão própria, ligadas a locais característicos, traduz na música, na letra e na forma como é cantada, muito do que é ser português. Muita da nossa história, da nossa forma de ser e estar, das nossas característica como pessoas e como Nação, estão lá representadas e de forma sublime. Por isso é que esta “canção urbana”, tão simples na sua forma, mas que é capaz de identificar um povo, uma nação e uma cultura tão antigas, merece ser elevada à categoria de Património do Mundo que interessa promover e preservar.
                                                                                 

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Hoje é dia de Greve Geral

Mais do que falar sobre os efeitos da paralisação, que são previsíveis, queria falar sobre o falar o seu significado. Os trabalhadores portugueses estão a usar o expediente da greve essencialmente para se fazerem ouvir e manifestarem a sua posição em relação às medidas de austeridade que estão a ser impostas à generalidade dos cidadãos. Ao contrário do que acontece noutros países, não é previsível que esta greve degenere em tumultos, o que diz bem do estado de maturidade cívica dos portugueses e leva a crer que os trabalhadores querem apenas fazer-se ouvir. A ser assim, parece-me que existirá neste momento em Portugal um défice de funcionamento dos mecanismos de diálogo social. Quero com isto dizer que os agentes que estão a tomar decisões que afectam os cidadãos estarão a ter pouco cuidado na forma como explicam, justificam e comunicam as medidas em questão. Parece-me, no essencial, que os portugueses compreendem que é necessário fazer sacrifícios e alcançar consensos para ultrapassar a crise, mas não admitem que as medidas sejam tomadas nas suas costas e que se pratiquem injustiças na repartição dos sacrifícios. Exigem ser tratados com respeito e com dignidade. Nessa medida neste dia de greve geral o meu apelo vai no sentido de que se aprofundem as formas de diálogo social. Que se seja recatado na forma como se anunciam as medidas de combate à crise e que se procure incluir o mais possível as pessoas nesse processo. Se assim for, para se fazerem ouvir, os portugueses não necessitarão de recorrer a formas tão extremas de manifestação de opinião e que ficam tão caras ao país no seu todo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Portugal: que futuro?

Quem hoje aqui escreve é um homem triste e profundamente angustiado com o futuro do seu país.
Soube-se hoje, ao final do dia, que os responsáveis da Troika estão satisfeitos com o trabalho realizado, até agora, pelo Governo português. Face a esta avaliação positiva as instituições que representam – o FMI, o BCE e a Comissão Europeia – irão desbloquear mais uma tranche de 8 mil milhões de euros do pacote de ajuda ao nosso país.
Mas soube-se mais. Soube-se que estes responsáveis preconizam um empobrecimento generalizado do nosso do país, porque defendem que para melhorar a competitividade dos custos da mão-de-obra, “os salários do sector privado deverão seguir o exemplo do sector público e aplicar reduções sustentadas".
Lê-se no relatório que elaboraram, e que foi tornado público, que "Portugal tem um grande problema de competitividade e que há duas maneiras de melhorar: pagar menos à mão de obra e aumentar a produtividade".
Ora, se ainda percebo alguma coisa de economia e desta língua em que vos escrevo, que é de Camões e também minha, estas palavras significarão que dado que Portugal não pode recorrer à desvalorização da moeda para tornar a sua produção mais competitiva, só pode alcançar essa competitividade por via da redução dos custos de produção, mormente da mão-de-obra. Na prática, isto significa que para que o nosso país ganhe a competitividade que lhe falta, todos teremos que trabalhar mais, quiçá bastante mais, e com salários mais baixos. Ou seja, à partida, todos temos que empobrecer.
Tristes e angustiantes perspectivas para todos nós. Regressão e nivelamento por baixo? Ganhar competitividade à custa de baixos salários e não através do enfoque em sectores estratégicos e na evolução tecnológica? Precariedade dos vínculos laborais em vez de politicas que promovam a valorização e a estabilidade dos trabalhadores, de forma a criar condições para que se promova a tão necessária expansão demográfica e reposição de gerações?
Enfim, tudo ao contrário do que se ensina nos bancos da escola. Andar para trás! Andar para trás... mas até onde?

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Orçamento de Estado par 2012 tem normas inconstitucionais?

Começou hoje a discussão do Orçamento de Estado para 2012. Não pretendo falar aqui dos aspectos técnicos do documento, tão pouco da linha de austeridade que o mesmo encerra, traduzida em medidas com as quais não concordo, porque as tenho por demasiado severas, provocadoras de uma recessão evitável, pelo menos na dimensão que se anuncia e indutoras de uma discriminação negativa na repartição dos sacrifícios, para alguns grupos sociais.
Quero aqui falar, isso sim, é de uma questão formal, que se prende com a legalidade da aprovação de algumas medidas contidas no mesmo. Refiro-me concretamente à suposta inconstitucionalidade do corte dos subsídios de férias e Natal aos reformados e funcionários públicos.
Preocupa-me o facto de já ter ouvido alguns constitucionalistas, inclusive da área da governação, como por exemplo Bacelar Gouveia, a pronunciarem-se no sentido de aconselharem o Presidente da República a pedir ao Tribunal Constitucional uma fiscalização preventiva do documento, ainda antes da sua promulgação, ou em alternativa, a sugerirem-lhe que exerça influência junto do Governo para que retire essas propostas, por ferirem os princípios constitucionais da proporcionalidade e da igualdade.
Perante este cenário, e enquanto cidadão que entende que o Estado de Direito tem valores que se sobrepõem a qualquer circunstância conjuntural, sou assaltado por algumas interrogações que deixo para reflexão e que me levam a não ficar sossegado quanto ao desfecho e às implicações futuras deste processo.
Primeira questão: Se as normas em causa forem efectivamente inconstitucionais e assim vierem a ser declaradas pelo Tribunal Constitucional, significa que teremos agora um orçamento aprovado que daqui a algum tempo pode ser totalmente desvirtuado pelo facto de algumas das suas medidas, nomeadamente as mais significativas, não poderem ser postas em prática, por serem contrárias à constituição. Que implicações resultariam para o nosso pais se se viesse a concretizar uma situação desta natureza?
Segunda questão: É possível ao Presidente da República ignorar (ou pelo menos não relevar convenientemente) a suposta inconstitucionalidade de algumas normas orçamentais, para não comprometer a sobrevivência económica e financeira do país?
Terceira questão: Esta é uma situação que exige decisões políticas e jurisdicionais muito delicadas, ainda assim, atrevo-me a perguntar qual será o superior interesse da nação, que por si só, justifica que se faça tábua rasa do garante do estado de direito que é a constituição?

Responda quem souber...

domingo, 30 de outubro de 2011

O sistema político português segundo Cavaco Silva

Cavaco Silva à margem da XXI cimeira Ibero-Americana, em Assunção, no Paraguai, a propósito do sistema politico português e da aparente divergência entre o Governo e Presidente da República quanto a algumas das medidas contidas no OE para 2012:

"No nosso sistema político existem vários órgãos de soberania separados uns dos outros. É o princípio da separação de poderes: cada um com os seus poderes, mas nenhum com todos os poderes" (...)

(...) “A Assembleia da República pode ultrapassar decisões do Governo, o Presidente da República pode recusar decisões do Governo e da Assembleia da República e a Assembleia da República pode ultrapassar decisões do próprio Presidente da República" (...)

(...) "É o que se chama o equilíbrio de poderes que vigora no nosso sistema".

Perceberam? Com um bocadinho de esforço percebe-se, isso sim, é o porquê das coisas, às vezes, não funcionarem em Portugal.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dia de Portugal

Hoje é dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Luís de Camões ... um dos expoentes máximos da nossa literatura!

                                                            Ao desconcerto do Mundo

                                                            Os bons vi sempre passar
                                                            No Mundo graves tormentos;
                                                            E pera mais me espantar,
                                                            Os maus vi sempre nadar
                                                            Em mar de contentamentos.
                                                            Cuidando alcançar assim
                                                            O bem tão mal ordenado,
                                                            Fui mau, mas fui castigado.
                                                            Assim que, só pera mim,
                                                            Anda o Mundo concertado.

                                                            Luís de Camões

domingo, 5 de junho de 2011

Hoje é dia de Eleições Legislativas.

Mais de 9,6 milhões de Portugueses são hoje chamados a participar no acto eleitoral, para eleição de uma nova Assembleia da República, de onde sairá o futuro Governo.
Dizia ontem o Presidente da República na sua comunicação ao país a  propósito desta eleição, que quem abdicar de votar “ não tem depois autoridade para criticar as politicas públicas. Só quem vota poderá legitimamente exigir o melhor do próximo Governo”
Estou completamente de acordo com as palavras de Cavaco Silva.
Por isso, apelo a todos, para que exerçam este direito (e dever) cívico e vão votar. O direito ao voto confere aos cidadãos, por um lado, a possibilidade de escolher aqueles que entendem estar melhor capacitados para dirigem os destinos da nação, mas por outro lado, também os responsabiliza por essa escolha, ou pela falta dela.