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quinta-feira, 20 de junho de 2013

Autores de palmo e meio!

Uma viagem de sonho
            No final de um certo dia, à tardinha, estava na escola… Como a jornada de trabalho já tinha terminado, estava sentada na minha cadeira, com os braços apoiados na mesa e as mãos a segurar-me o rosto. Esperava pela chegada dos meus pais que daí a pouco me viriam buscar.
            Àquela hora, lá na frente, a professora Patrícia, sentada à secretária organizava as suas coisas, preparando a aula do dia seguinte. Ao redor, os meus colegas, em voz baixa, diziam graçolas, contavam segredos, mordiscavam-se uns aos outros… Enfim, uma algazarra em preparação, mas que, por aquela altura, era contrariada pela presença da professora!
            E foi assim, neste ambiente descontraído, que de repente me senti a sonhar. Sem sair da minha sala, senti-me a viajar pelo mundo inteiro!
            Nessa viagem imaginária, estive em sítios muito distantes e percorri quatro continentes: Europa, Ásia, África e América. Nas diversas paragens que fui fazendo fiquei a conhecer alguns países: as suas características, as suas gentes e as suas tradições.
            Para que saibam por onde andei e o que aprendi vou partilhar convosco o roteiro da minha viagem!
            Parti de Portugal, este jardim à beira mar plantado e a minha primeira paragem foi em Espanha, o país que se situa mesmo aqui ao lado!
            Aí chegada, cruzei-me com uma senhora vestida de sevilhana que me disse que a Espanha é um país situado na Península Ibérica, que tem a sua capital em Madrid e que faz fronteira terrestre com Portugal e França. Informou-me também que o regime político espanhol é uma monarquia, que o Rei se chama Juan Carlos e que as principais tradições do seu país são as touradas e as danças sevilhanas.
            Dali parti de barco e fui parar a Inglaterra. Na rua, um polícia com um capacete muito engraçado, falou-me do seu país. Fiquei a saber que a Inglaterra faz parte do Reino Unido, que se situa na ilha da Grã-Bretanha e que a sua língua é o inglês. Que, tal como Espanha, também é uma monarquia e que a sua Rainha se chama Elizabeth II. Então, é caso para dizer “God save the Queen”!
            Deixei aquele lugar num grande navio e poucas horas depois fui parar a FRANÇA. Lá cruzei-me com um ciclista que me deu boleia e me levou a conhecer a cidade de Paris, que é a capital de França. Aí visitei a famosa Torre- Eiffel e o Museu do Louvre e ainda assisti ao final de uma etapa da volta a França em bicicleta, que é um dos eventos mais tradicionais deste país, onde se fala o francês.
            A minha viagem continuou rumo ao centro da Europa e fui parar à Alemanha um país cuja capital é Berlim e que tem uma mulher como chefe do Governo - Angela Merkel. À porta de um bar, um homem alto e loiro, com uma grande caneca na mão, explicou-me que as salsichas e a cerveja são dois dos produtos mais conhecidos da Alemanha.
            E continuei a viajar para leste, para o leste da Europa… Parei então num país muito frio! Estava na Ucrânia, a terra natal da minha colega Sofia. Ali fala-se ucraniano e russo e a capital do país é Kiev. As especialidades gastronomias da Ucrânia são “ o frango a la Kiev “ e o “bolo de Kiev”.  
            E a viagem para leste continuou. Abandonei o continente europeu e entrei na Ásia!
             Fui parar à China, o país mais populoso do mundo. Lá as pessoas pareceram-me ensonadas, porque tinham os olhos em bico! A capital da China é Pequim e um dos seus alimentos mais característicos é o arroz. Aí visitei o monumento mais imponente do mundo, a grande muralha da China e aprendi algumas palavras de mandarim, a língua que se fala por lá.
            Da China, parti por terra e fui parar à ÍNDIA, o segundo país mais populoso do mundo. A sua capital é Nova Deli e lá falam-se várias línguas, mas as principais são o hindi e o inglês. A sua moeda é a rupia indiana e este país é conhecido pelos seus tradicionais encantadores de serpentes, pelas roupas com cores variadas e pelo uso de várias especiarias. A pinta que todas as mulheres usam na testa deixou-me impressionada pois, num primeiro momento, pareceu-me ser varicela! A atenção dada às vacas, que são tratadas como deuses, também me deixou muito admirada...
            E a viagem continuou... Agora novamente de barco. A minha próxima paragem foi em Timor LESTE, um dos países mais pequenos do mundo, cujo território corresponde a metade de uma ilha. Timor foi uma antiga colónia Portuguesa, invadida e ocupada pela Indonésia durante 24 anos. As línguas mais faladas em Timor Leste são o Tétum e o Português e a capital do país é Díli.
De Timor parti para Angola. Para trás deixei a Ásia e entrei noutro continente: África!
         Angola também foi uma colónia Portuguesa, descoberta pelo navegador Diogo Cão, no século XV. Situa-se na parte sul do continente africano e sua língua oficial é o português. Em Angola, cruzei-me com o Pedro Mantorras, antigo jogador do Benfica! Ele levou-me a visitar a capital do seu país, Luanda e disse-me que em Angola existem grandes produções de café e de cana-de-açúcar. Também me disse que Angola é segundo maior produtor de petróleo de Africa e que no país são explorados diamantes. Angola é um país com muitas riquezas e muito quentinho!
            Mas a minha viagem continuou, agora de Avião! Sobrevoei o Atlântico, deixando África para trás e parti em direção à América.
            Aterrei no México e lá fui recebida por um homem muito simpático que falava espanhol e vestia umas roupas muito coloridas e que na cabeça tinha um chapéu enorme. Começou por me explicar que o seu chapéu se chamava sombrero e que aquele era um dos símbolos mais conhecidos do seu país. Depois, informou-me que o México se localiza na América do Norte e que a sua capital, que tem o mesmo nome do país, Cidade do México, é a terceira maior cidade do mundo, com mais de vinte milhões de habitantes. Tanta gente! Disse-me ainda que no México existem muitos vestígios de civilizações antigas como os Maias, os Astecas e outras. Os mexicanos são um povo muito divertido e obrigaram-me a provar os seus pratos tradicionais: os Burritos e a Tortilha. Porque sou criança escapei-me de provar a sua bebida mais famosa, a tequila!
            E do México rumei a norte e cheguei aos Estados Unidos da América, o país mais poderoso do mundo! Este país situa-se na região central da América do Norte e é formado por 48 Estados. A sua língua oficial é o inglês e a moeda usada é o dólar americano. A sua capital é Washington e o presidente do país chama-se Barack Obama. Nos Estados Unidos é muito característica a comida tipo “fast food”: hambúrgueres, batatas fritas, cachorros-quentes, coca-cola… Hum! Tudo comida …
            Viajava assim quando de repente o meu sonho foi interrompido! Oh!
                        - Ana Rita Vieira…
            Entoou a professora Lina à porta da sala.
                        - Podes ir, chegaram os teus pais! 
            Terminava assim o meu sonho... Logo ali pude perceber que esta minha viagem imaginária tinha sido inspirada pelo projeto educativo que desenvolvemos ao longo do ano na minha escola e que teve como objetivo dar-nos a conhecer os países incluídos neste meu roteio de sonho.
            Ah! Já agora e para que saibam, o país que saiu em sorte à minha sala foi a Inglaterra. Então, é caso para terminar dizendo: Goodbye my friends!

In “Jornal da Academia” – Academia de Ensino Particular.
Autora: Ana Rita Vieira, aluna do 4º ano

(Publicado com autorização da autora) 

domingo, 30 de outubro de 2011

Há mais de um século já Eça nos comparava à Grécia

Como julgo saberão, porque já o disse por cá, Eça de Queirós é um dos meus escritores preferidos. A forma exímia como através da sua escrita descreve a sociedade do seu tempo faz-nos viajar até ele – o seu tempo – e sentir, aí chegados, que estamos no nosso. É de facto uma sensação estranha mas curiosa, a de ler palavras escritas há mais de 100 anos e sentir que assentam, que nem uma luva, á realidade contemporânea.
Em diversas situações, falando sobre a mutação das sociedades, seja pela alteração dos valores vigentes ou pela repetição dos ciclos económicos, citei Eça de Queirós, precisamente para dizer que ele, mais do que ninguém, nos faz ter a certeza de que as sociedades funcionam por ajustamentos, com cadência temporal, em que os ciclos tendem a repetir-se. Tenho feito esta a alusão ao autor, por causa da semelhança da realidade social, com mais de um século, por ele descrita (em escrita) com a dos nossos dias.
A propósito desta temática, encontrei no sítio da Rádio Renascença uma reportagem muito interessante de Matilde Torres Pereira que reproduzo a seguir e aconselho a leitura. Até parece ironia, mas vejam que Eça já no seu tempo comparava a nossa realidade com a Grega.
Bem se vê, como diria Eça, que em mais de um século de história evoluímos pouco.

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Reprodução do artigo na íntegra.

Eça escreveu sobre os dias de hoje. Já lá vão mais de 100 anos.
Conhecido pelo realismo da palavra, Eça de Queirós versou sobre um país só comparável à Grécia, nas "Farpas" de 1872. Mais de 100 anos depois, a Renascença encontrou "queirosianos" num espaço que o próprio escritor frequentou e foi tentar perceber, com Eça como mote, o que mudou em Portugal.

Por Matilde Torres Pereira em 27-10-2011 15:00

Há um "cliché" que versa sobre as palavras e que diz que "há frases sempre actuais". Quando se espreita as páginas escritas por Eça de Queirós há mais de 100 anos, percebe-se que a actualidade é um tempo que se estende por vários séculos.
"Nós estamos num estado comparável somente à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesma trapalhada económica, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma decadência de espírito", escreveu Eça nas "Farpas", em 1872. Fora do contexto, até pode parecer que foi pensado para os dias de hoje
“Se lermos o Eça neste momento, verificamos que algumas páginas parecem completamente actuais. Uma crítica muito grande às elites e à sua debilidade, uma incapacidade total de sermos respeitados internacionalmente, um desprestígio internacional que só perde para a Grécia", diz à Renascença o advogado Pedro Rebelo de Sousa, que frequenta regularmente jantares "queirosianos" no Grémio Literário de Lisboa. Curiosamente, o mesmo Grémio que Eça costumava frequentar.
Além da ponte que estabeleceu com a Grécia, que é mais actual que nunca, Eça também escreveu sobre o receio de uma crise perene. “De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura”, lê-se numa correspondência do escritor, datada de 1891.
O actual embaixador de Portugal em Paris, que também frequenta os encontros no Grémio, não tem dúvidas. “Há muitas coisas que ele dizia da sociedade portuguesa do seu tempo que aplicaria à sociedade hoje”, refere Francisco Seixas da Costa.
“O Eça era um homem hipercrítico em relação a Portugal e esse hipercriticismo traduzia muito do que era o seu amor a um certo Portugal”, prossegue o embaixador. “O Portugal em crise era um pouco um Portugal que ele sofria...Se fosse vivo hoje, Eça teria alguns adjectivos que ficariam famosos na nossa imprensa”, observa o Francisco Seixas da Costa.

O elemento trágico
Portugal mudou significativamente desde que Eça escreveu "As Farpas"? O embaixador de Portugal em Paris divide o seu raciocínio em duas metades: há elemento trágico e um vislumbre optimista.
“O Eça nasceu há 165 anos e Portugal é um país que manifestamente, em nível de vida, melhorou bastante”, começa por dizer Francisco Seixas da Costa. “Acontece que Portugal ainda não se libertou de um elemento que é quase endémico nos seus ciclos - a emigração”, constata o embaixador.
“A emigração é um elemento trágico para um país”, acrescenta Francisco Seixas da Costa. “É a prova provada de que um país não conseguiu encontrar para os seus cidadãos soluções de vida dentro da sociedade”, argumenta.

Continuar a ser Portugal
Homem dos dias de hoje, o escritor Miguel Sousa Tavares cruzou-se com a Renascença no encontro do Grémio. Quando recorda o que Eça escreveu sobre a sociedade portuguesa de hoje, conclui que afinal parece que não se estava assim tão mal.
“O Eça seria talvez mais cáustico do que nós ainda somos e isto é um factor de optimismo - para Eça, Portugal há 100 anos não tinha futuro e nós ainda aqui estamos. Portanto, talvez continuemos”, diz Miguel Sousa Tavares.
Para o embaixador do Brasil em Portugal, Eça faz parte da estirpe de escritores que são autores de todos os tempos, de todas as eras. Mário Vilalva fez parte do painel que debateu há dias, no Grémio Literário de Lisboa, o escritor português.
"Eça e a sua obra são absolutamente intemporais, ou seja, podem ser vistos em qualquer um dos tempos e podem ser comparados com os tempos em que estamos vivendo no dia de hoje”, sustenta Mário Vilalva.
O embaixador brasileiro em Portugal sublinha ainda que Eça escreveu também sobre o que se encontra no lado de lá do Atlântico. "Os ‘tipos’ [sobre os quais] Eça de Queirós [escreveu] também poderiam ser encontrados no Brasil com muita facilidade, talvez até em mais quantidade - é muito actual."

As notícias exageradas da morte de Portugal
E hoje, como seria a análise do escritor de “Os Maias” e de “A Cidade e as Serras” a Portugal? Mariana Eça de Queirós olha para o busto do seu bisavô no bar do Grémio e responde convictamente que “veria da mesma maneira que via antigamente”.
“De uma forma crítica, uma crítica construtiva, porque não era propriamente fazer troça dos portugueses, nem falar mal”, assegura. “Era no sentido de irritação, pelo facto de os portugueses não serem mais evoluídos do que eram e do que são”.
Para Pedro Rebelo de Sousa, não é bem assim. “O mundo do Eça era o de um país com profundos atrasos e hoje Portugal, numa crise financeira, é um país diferente”, diz.
Miguel Sousa Tavares mantém a tónica optimista. "Mudou muita coisa, as situações não são comparáveis. Só espero que hoje, como então, as notícias da morte de Portugal sejam exageradas."
E sobre a crise financeira, o que teria Eça de Queirós a dizer? Pelo menos sabe-se o que pensava em 1867, num artigo publicado no "Distrito de Évora": "Hoje, que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? É disso que há-de vir a dissolução".
Mas Eça também era um optimista. "Quando os meios faltarem e um dia se perderem as fortunas nacionais, o regime estabelecido cairá para deixar o campo livre ao novo mundo económico."
Também podem ler o artigo aqui.
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domingo, 20 de junho de 2010

A minha leitura de Saramago

Eu fui um daqueles, certamente muitos, que foram absolutamente surpreendidos quando leram pela primeira vez Saramago.
O seu estilo de escrita, com frases muito longas e o uso da pontuação em moldes nada convencionais, baralharam-me completamente.
Lembro-me bem, nas primeiras 30 páginas, tive vontade de desistir.
Afligia-me o facto de o escritor usar vírgulas onde seria suposto usarem-se pontos finais, e de não separar, com travessões, as falas das personagens,...
Mas depois, consegui habituar-me ao ritmo da narrativa e tudo se simplificou; a leitura tornou-se fácil e estranhamente fluida!
É este estilo de escrita, que creio ser único na literatura contemporânea, aliado a uma capacidade criadora absolutamente sublime, que fizeram de Saramago um escritor absolutamente singular e merecedor da minha admiração.
No que toca ao homem Saramago, admiro particularmente a sua postura na defesa da dignidade humana, na luta por uma sociedade mais justa e mais recentemente, na defesa do meio ambiente.
Noto porém uma dissonância entre o autor Saramago e homem Saramago.
Passo a explicar.
Para mim, Saramago enquanto autor, deixou em muitos momentos transparecer na sua narrativa marcas indeléveis de uma dimensão mística, que o homem Saramago acossado pela sua ideologia, sempre tentou ocultar e mesmo combater, nem sempre da forma mais apropriada, na minha opinião.
Custou-me ver este homem, cuja obra lhe deu a passagem à galaria dos imortais, envolver-se em polémicas com Instituições que são tão merecedoras de respeito como o era o seu génio criador. E mais, que essas polémicas, quer pela sua natureza, quer pelo momento em que deflagraram, pudessem ser conotadas com técnicas de marketing para promover a venda dos seus livros.
Ainda assim, penso que as polémicas e as questiúnculas ideologias, que alguns fazem sempre questão de realçar sempre que se fala de Saramago, são minúsculas quando comparadas com dimensão da sua obra. Portanto, o acessório, não pode impedir-me de dizer que Portugal ficou mais pobre, porque viu partir um dos seus filhos mais ilustres. Fica-nos o seu legado.

José Saramago

A esta hora decorre o funeral de José Saramago.
José de Sousa Saramago nasceu no seio de uma família humilde, a 16 de Novembro de 1922, em Azinhaga, uma aldeia do concelho da Golegã.
Quando tinha apenas dois anos de idade seus pais mudaram-se para Lisboa. Foi na Capital que fez a sua instrução primária e posteriormente os estudos secundários, tendo frequentado o liceu e uma escola técnica.
 Apesar do gosto que demonstra pelos estudos, a sua condição económica não lhe permitiu continuar a formação académica e começou a trabalhar como serralheiro mecânico.
Mesmo afastado da escola, Saramago continua apaixonado pelos livros e cultiva um gosto exacerbado pela leitura; visita com frequência bibliotecas públicas e transforma-se num autodidacta.
Profissionalmente e para prover o seu sustento e de sua família, vai prosseguindo uma carreira onde exerce funções diversificadas, primeiro como funcionário público, nas áreas da saúde e da previdência social, e depois como editor, tradutor e jornalista.
A sua obra literária inicia-se em 1947, com o romance, “Terra do Pecado”. Tinha 24 anos de idade.
Seguiu-se um interregno de 19 anos.
Em 1966, retoma a sua carreira literária, com uma obra de poesia “Os poemas impossíveis”. A partir daí a sua veia literária alimentou uma carreira artística ligada ao mundo das letras que não mais cessou. Foi escritor, argumentista, dramaturgo, contista, diarista, contador de viagens, romancista e poeta.
A partir de 1976 viveu completamente dedicado à escrita.
Em 1998, foi distinguido com o Prémio Nobel de Literatura, o galardão mais alto atribuido a um escritor, a nível internacional.

No anúncio do prémio, a Academia Sueca destacou o talento de Saramago, que "com parábolas portadoras de imaginação, compaixão e ironia, torna compreensível uma realidade fugidia."
Saramago viu desta forma reconhecido, á escala mundial, o valor da sua obra e foi considerado responsável pelo efectivo reconhecimento internacional da literatura em língua portuguesa.
Saramago foi também distinguido com o Prémio Camões, distinção maior atribuída a um escritor de língua portuguesa.

Aqui fica a sua obra publicada:

                                               Romances                                                 Terra do Pecado, 1947
Manual de Pintura e Caligrafia, 1977
Levantado do Chão, 1980
Memorial do Convento, 1982
O Ano da Morte de Ricardo Reis, 1984
A Jangada de Pedra, 1986
História do Cerco de Lisboa, 1989
O Evangelho Segundo Jesus Cristo, 1991
Ensaio Sobre a Cegueira, 1995
Todos os Nomes, 1997
A Caverna, 2000
O Homem Duplicado, 2002
Ensaio Sobre a Lucidez, 2004
As Intermitências da Morte, 2005
A Viagem do Elefante, 2008
Caim, 2009

Poemas
Os Poemas Possíveis, 1966
Provavelmente Alegria, 1970
O Ano de 1993, 1975

Contos
Objecto Quase, 1978
Poética dos Cinco Sentidos - O Ouvido, 1979
O Conto da Ilha Desconhecida, 1997

Crónicas
Deste Mundo e do Outro, 1971
A Bagagem do Viajante, 1973
As Opiniões que o DL Teve, 1974
Os Apontamentos, 1977
Diário e Memórias
Cadernos de Lanzarote (I-V), 1994
As Pequenas Memórias, 2006

Viagens
Viagem a Portugal, 1981

Infantil
A Maior Flor do Mundo, 2001

sexta-feira, 18 de junho de 2010

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia de Portugal

Hoje é dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Neste dia...
Celebramos a nossa identidade colectiva, a memória nacional... a nossa Pátria.
Enaltecemos o expoente da nossa poesia; do dizer em palavras os nossos feitos, as nossas angústias, a nossa alma... exaltamos o poeta, celebramos Camões.
Louvamos o espírito aventureiro da nossa gente, a sua capacidade para abraçar grandes empreitadas, o seu engenho para resolver pequenos e grandes problemas... celebramos as nossas Comunidades;

Celebra-se Portugal e lembram-se os Portugueses... onde quer que eles estejam.

Mas nos tempos que correm há muitos portugueses que se interrogam...
Haverá motivos para celebrar Portugal?
Como pode enaltecer-se uma sociedade que promove tantas desigualdades, que não protege verdadeiramente os mais fracos e em que a verdade e a justiça são postas em causa?
Como pode celebrar-se uma nação permanentemente acossada por notícias de corrupção, de méritos embusteados e de triunfos espertos?
Como podem celebrar Portugal aqueles que pouco têm e a quem são constantemente pedidos mais sacrifícios, não olhando sequer à sua condição?
A estas perguntas eu não ouso responder, porque a resposta me parece evidente.

Mas arrisco dizer, a esses portugueses que se interrogam, que Portugal são os Portugueses e que Portugal será o que nós dele fizermos.

Para terminar deixo aqui o poema "Mar Português" de um poeta moderno, talvez aquele que melhor interpretou a poesia de Camões: Fernando Pessoa.

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

                                                                  Fernando Pessoa, in Mensagem

Que as palavras do poeta funcionem como alento e sejam um bálsamo para os Portugueses nestes momentos tão difíceis; e que sirvam de inspiração para o futuro, porque Portugal tem futuro!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Emílio Salgari

Emílio Salgari é o autor do livro que li durante o mês de Março - Sandokan Os Piratas da Malásia, que foi sugerido pela AR.
O escritor, jornalista e romancista, de nacionalidade italiana, nasceu em Verona a 21 de Agosto de 1862 e faleceu a 25 de Abril de 1911, quando tinha apenas 48 anos de idade.
Filho de comerciantes modestos, desde criança sentiu fascínio pelas viagens marítimas. Em adolescente chega mesmo a ingressar na Academia Naval de Veneza, mas, talvez devido à sua condição de pobre, nunca chegou a formar-se. Após esta tentativa fracassada de se tornar oficial da marinha, alistou-se num barco mercantil e este trabalho permitiu-lhe fazer muitas viagens marítimas e percorrer toda a costa adriática.
Mais tarde vira-se para o mundo da escrita e passa a ser esta a fonte do seu sustento. Inspira-se em enciclopédias e revistas de viagens e as personagens que cria são das mais populares na sua época. O seu estilo preferido é a acção/aventura e com as suas obras, que começam por ser publicadas em jornais, atinge grande notoriedade, chegando mesmo a ser condecorado pela Rainha de Itália. Em termos familiares, casou com Ida Peruzzi, com quem teve quatro filhos. Mas apesar da sua popularidade e do êxito dos seus livros, continuou a ter uma vida muito pouco desafogada em termos económicos.
A pós a morte da sua mulher pôs fim á sua vida, suicidando-se.
Aos editores do jornal para quem trabalhava em Turim deixou as seguintes palavras em carta que escreveu antes de se suicidar:
"Para vocês que têm enriquecido a partir do suor do meu rosto, mantendo-me a mim e á minha família na miséria, só peço que a partir dos vossos lucros possam encontrar os fundos para pagar o meu funeral..."

Principais Obras

Os Mistérios da Selva Negra escrito em 1889
O Tigre da Malásia
Os Piratas da Malásia
O Rei do Mar
A Cimitarra de Buda
O Rei da Montanha
Um Drama no Oceano Pacífico
O Corsário Negro
Os Peles Vermelhas
O Leão de Damasco
As Maravilhas do Ano 2000
Os Dois Tigres

sábado, 13 de março de 2010

José Rodrigues dos Santos

José Rodrigues dos Santos é o autor do romance "Fúria Divina", obra que acabei de ler.
O escritor e jornalista nasceu em Mocambique em 1964. Ingressou na carreira de jornalista em 1981, na Rádio Macau, tendo trabalhado ainda na BBC e colaborado com a CNN.
É douturado em ciências da comunicação e professor na Universidade Nova de Lisboa e continua a exercer a actividade de jornalista na RTP.
É um dos jornalistas portugueses mais premiados; entre os galardões destacam-se dois do Clube Português de Imprensa e três da CNN.

Obras do Autor

Ensaio
Comunicação - 1992
Crónicas de Gerra I - Da Crimeia a Dachau - 2002
Crónicas de Gerra II - De Saigão a Bagdade - 2002
A Verdade da Guerra - 2002

Ficção
A Ilha das Trevas - 2002
A Filha do Capitão - 2004
O Codex 632 - 2005
A Fórmula de Deus - 2006
O Sétimo Selo - 2007
A Vida Num Sopro - 2008
Fúria Divina - 2009

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Rosa Lobato Faria

Rosa Lobato Faria deixou-nos...
Decorreram hoje as cerimónias fúnebres desta SENHORA que foi uma personalidade de grande relevo no meio artístico em Portugal, nas últimas duas décadas. RLF que se distinguiu como poetisa, romancista, actriz e compositora, nasceu em Lisboa, a 20 de Abril de 1932 e faleceu no passado dia 02 de Fevereiro, vítima de uma anemia, que se veio a revelar fatal, relacionada, ao que se sabe, com problemas intestinais graves de que vinha padecendo hà algum tempo. O seu percurso artístico dividiu-se entre a Literatura, a Televisão, o Teatro e o Cinema.
O seu primeiro romance, "O Pranto de Lúcifer", foi editado em 1995 e seguiram-se-lhe "Os Pássaros de Seda" (1996), "Os Três Casamentos de Camilla S." (1997), "Romance de Cordélia" (1998), "O Prenúncio das Águas" (1999), "A Trança de Inês" (2001), "O Sétimo Véu" (2003), "Os Linhos da Avó" (2004), "A Flor do Sal" (2005), "A Alma Trocada" (2007), "A Estrela de Gonçalo Enes" (2007) e “As Esquinas do Tempo” em 2008.
Escreveu também vários contos infantis, entre os quais, “A Erva milagrosa”, “As quatro Portas do Céu” e “Histórias de Muitas Cores”.
Publicou várias obras de poesia "Os Deuses de Pedra" (1983), "As Pequenas Palavras" (1987), "Poemas Escolhidos e Dispersos" (1997) e "A Gaveta de Baixo", em 1999.
Para teatro escreveu as peças “A Hora do Gato”, “Sete Anos – Esquemas de um Casamento” e “A Severa” (adaptação da peça de Júlio Dantas); como actriz, representou “A Gaivota” e “Celestina”.
A nível cinematográfico destaca-se pela participação nos filmes “Paisagem Sem Barcos" (1983), "O Vestido Cor de Fogo" (1986), "Tráfico, (1998) e "A Mulher Que Acreditava Ser Presidente dos Estados Unidos da América", em 2003.
Em televisão, estreou-se como locutora na RTP na década de 1960, tendo apresentado ao longo dos anos vários programas. Como actriz participou na primeira telenovela portuguesa, “Vila Faia” (1983) e em várias outras novelas e séries das quais se destacam “Origens”, “Palavras Cruzadas”, “A minha sogra é uma bruxa”, “Crime na pensão estrelinha II”, “Humor de Perdição”, “Telhados de Vidro” e “Ninguém como Tu”. Ainda para televisão escreveu as novelas "Telhados de vidro" e "Passerelle" e outras séries como “Nem o Pai Morre...”, “Pisca-Pisca”, “Tudo ao Molho e Fé em Deus” e “Trapos e Companhia”.
Escreveu ainda diversas letras para canções, muitas delas para festivais da canção. Entre elas o conhecido "Chamar a Música", interpretado por Sara Tavares.
E uma curiosidade... RLF é a autora da letra do hino do CDS-Partido Popular e da Juventude Popular.
À mulher e à obra que perpetua a sua memória, a minha homenagem.