quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Armando Vara no papel da pouca vergonha

Quero começar por dizer que a atitude do cidadão Armando Vara, nem carece de classificação da minha parte, tal é o grau censurabilidade que ela me merece.
Pelo que vamos ouvindo na rua, e nas conversas de café, este tipo de enviesamentos ao ordenamento social, praticados por uma classe de privilegiados, é comum. A nossa sociedade, na sua imensa e perniciosa tolerância, vai aceitando a existência deste tipo de procedimentos e considera-os males menores. Entretanto a nossa vergonha colectiva vai-se contendo, porque, regra geral, sabe-se que estas situações acontecem, mas não se conhece o rosto dos prevaricadores e assim vamos continuando a enganarmo-nos a nós próprios, fingindo que nada acontece.
Agora o que eu noto é que, de há uns tempos a esta parte, uns quantos, das ditas elites, parecem ter perdido a noção de que vivemos num Estado democrático e civilizacionalmente dito avançado e actuam como se estivéssemos num qualquer país do terceiro mundo, onde reina a lei do mais forte e impera a corrupção.
Não estará na hora da nossa sociedade acordar para esta realidade, pondo termo à impunidade dos que perderam a vergonha, que mais não seja pela forte reprovação pública dos seus comportamentos?
Por outro lado, este caso também me leva a reflectir acerca do comportamento da classe médica.
Será que aquela clínica não deveria ter tido um comportamento diferente?
Então entra-lhe pelo consultório dentro um utente, sem que tenha sido chamado, e dá-lhe ordens para que lhe passe um atestado, porque tem que apanhar um avião... e ela obedece?(!!!)
Bem sei que, ao que parece, a médica foi ludibriada pela acção do ex-governante e viu-se completamente ultrapassada pelos acontecimentos. Mas será que se pela mesma porta tivesse entrado um cidadão anónimo, que estivesse a faltar ao seu emprego, a pedir-lhe que lhe passasse uma simples receita para medicação de um familiar, doente crónico, a mesma médica teria a acedido ao seu pedido, como o fez em relação a Armando Vara?
 A dúvida ficará para sempre no ar...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Petição pública – Linhas do Douro e Tâmega

Pretendo com esta divulgação dar o meu apoio a esta iniciativa que visa solicitar a apreciação deste assunto em plenário da Assembleia da República e a consequente recomendação ao Governo para que concretize, a curto prazo, estas obras que, sendo investimentos de proximidade, podem potenciar o desenvolvimento económico e social da Região do Tâmega e Sousa, uma das mais deprimidas de Portugal.
Espero que esta iniciativa dê a este assunto uma visibilidade nacional, que ele merece e necessita, e contribua  para tirar definitivamente do papel estes projectos que contam já com 14 anos de avanços e recuos, e constituem, há décadas, um justo anseio das populações desta região.
Peço a todos que subscrevam esta petição pois são necessárias, no mínimo, 4000 assinaturas, para levar à sua apreciação na Assembleia da República.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Mundo em mudança

O que se está a passar no norte de África não pode ser indiciador de que algo no mundo está a mudar?
Se não é, parece.
Em pouco mais de um mês, assistimos à queda de dois regimes governados, há décadas, por líderes cuja prática política era há muito questionada. Primeiro foi a Revolução de Jasmim que levou à queda do ditador Ben Ali, na Tunísia. Agora foi o Egipto que pôs fim a mais de trinta anos de domínio de Hosni Mubarak.
A causa próxima, e que funcionou como rastilho, para os recentes processos revolucionários terá sido a degradação da situação económica, com o aumento excessivo dos preços dos alimentos básicos e o elevado desemprego, que a aliados ao fenómeno da corrupção, tornaram a vida das populações daqueles dois países verdadeiramente insustentável.
Quanto aos processos revolucionários propriamente ditos, permito-me destacar três aspectos:
1.º Ambos tiveram raiz popular – traduziram-se em manifestações gigantescas, de origem popular, suportadas ideologicamente por organizações da sociedade civil;
2º As forças militares de ambos os países mantiveram uma postura patriótica e recusaram uma intervenção bélica contra os manifestantes;
3º Os Chefes de Estado depostos, ainda que com procedimentos hesitantes, tiveram o discernimento suficiente para saírem pelo próprio pé.
Sobre o futuro político e económico destes Estados algumas dúvidas se levantam, sobretudo porque existe o receio de que aos regimes depostos possam suceder outros ainda menos democráticos e inspirados em fundamentalismos religiosos.
Pelo que fui vendo nas reportagens e relatos que nos foram chegando do norte de África é minha convicção que tal não vai acontecer. Parece-me que há uma conjugação de interesses genuínos que pretendem, acima de tudo, impor regimes democráticos, mais respeitadores da liberdade individual dos cidadãos e que governem somente a pensar naqueles e nas melhorias das suas condições de vida.
Aliás, são estas perspectivas de mudança, que podem levar a que este movimento, de raiz popular, alastre a outros Estados vizinhos ou até de paragens mais remotas.
Uma coisa parece certa, os acontecimentos do último mês e meio fazem crer que quando o povo quer o povo pode... o mundo estará a mudar?

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Tabelas de Retenção na Fonte de IRS - 2011

Foi hoje publicado no Diário da República n.º 24, Série II - Suplemento, o Despacho nº 2517-A/2011 do Gabinete do Ministro das Finanças, aprovando as TABELAS DE RETENÇÃO NA FONTE DE IRS PARA O ANO DE 2011.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Nem parecem portugueses


A propósito do post anterior - prazo para entrega do IRS em 2011 – deixo aqui a minha homenagem àqueles portugueses que, contrariando o que se diz ser regra, fazem questão de entregar a sua declaração de IRS logo no primeiro dia do prazo.
Só que hoje aconteceu um insólito, que passo a explicar...
Há já muitos anos, o prazo para entrega da declaração de IRS tinha o seu início precisamente neste dia 1 de Fevereiro. Sucede que este ano esse prazo foi alterado e a entrega da declaração de rendimentos, em suporte de papel, decorre apenas durante o mês de Março. Ora, esta alteração, apanhou de surpresa muitos daqueles portugueses a que me referi no inicio, que desconhecendo o novo prazo, se dirigiram hoje aos Serviços de Finanças para entregar a sua declaração de rendimentos e ainda não o puderam fazer, porque o prazo ainda não está a decorrer!
Eu assisti hoje, logo pela manhã, a situações dessas...
É caso para dizer que estes portugueses, ainda que involuntariamente neste caso, e contrariando aquilo que se diz ser a regra do povo português (que deixa sempre tudo para o fim) rebentaram a escala do cidadão cumpridor...
Nem parecem portugueses... e talvez por isso merecem a minha admiração.