O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, convidou Fernando Nobre para encabeçar a lista de candidatos a deputados por Lisboa nas eleições legislativas do próximo mês de Junho.
Quando soube da notícia, num primeiro momento, pensei que aquele gesto podia ser entendido como um passo do PSD no sentido de se abrir à sociedade civil.
Mas pelas reacções que se seguiram constatei que afinal não era assim.
Pelo que fui ouvindo e lendo fiquei então a saber que se tratava de uma incoerência de Nobre, de uma traição aos seus eleitores nas presidenciais. Um acto inqualificável e de puro oportunismo, assim caracterizado por quase todos, que na maioria dos casos dizem tê-lo por amigo e nutrir por ele, e pelo seu trabalho, admiração e respeito (!).
Mas soube mais. Que a atitude de PPC, é reveladora da sua imaturidade, que é mais uma das suas trapalhadas e fruto de um calculismo politico, que no final, contabilizadas as perdas e os benefícios, lhe trará prejuízos eleitorais. Além claro, de ser acto de absoluto e inadmissível desrespeito para com os barões do partido, mormente os da linha do Estoril.
Chegado a este ponto, até fiquei envergonhado, só de pensar que num primeiro momento cheguei a admitir que aquele gesto podia significar que um partido do xadrez político português se estava abrir à sociedade civil...
Depois de devidamente informado, fiquei a saber que assim não era.
Mas fiquei a saber mais.
Que Basílio Horta, fundador do CDS e antigo candidato da direita a presidente da república, contra Mário Soares, era cabeça de lista pelo PS, no Distrito de Leiria. Logo pensei: ora aqui está um acto de puro travestismo político.
Mas, mais uma vez, estava enganado, porque pelas reacções que se seguiram fiquei a saber que assim não era. Soube então que Basílio, afinal, porque já há demasiados anos se serve à mesa do poder, sob o alto patrocínio do PS, é por esse facto considerado um homem daquela casa, e nunca um pára-quedista, que efectua uma qualquer manobra de oportunismo eleitoral. Nem que daqui a anos dê o dito por não dito (!), como está agora a acontecer, com o também fundador do CDS, Freitas do Amaral, que, lembre-se, foi o primeiro ministro dos negócios estrangeiros de José Sócrates, e agora já disse publicamente que não votará nele nas próximas eleições.
Enfim, estava enganado e um pouco desiludido. É que eu incluo-me no conjunto daqueles “patetas” que pensam que os partidos políticos têm que se abrir à sociedade civil. Que sem isso a classe política não conseguirá regenerar-se e reconquistar algum crédito junto da opinião pública.
Estava nesta angústia, quando algo me pacificou o espírito.
Ainda temi que se seguissem reacções que me viessem fazer crer que assim não era, tal como aconteceu no caso de Fernando Nobre. Mas afinal não. Ainda bem que não se trata de mais uma fantochada!
Então tive a certeza de que o PS, esse sim, é de facto um partido que se está a abrir à sociedade civil. E com isso, até está a subir nas sondagens...
Assim vai Portugal, de mão estendida, mas alegre e contente, a contar anedotas e a rir-se do seu próprio ridículo.