Mostrar mensagens com a etiqueta Crise. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Crise. Mostrar todas as mensagens

sábado, 30 de abril de 2011

Ataque à protecção social dos trabalhadores portugueses

O antigo primeiro-ministro da Dinamarca e pai da “flexisegurança”, Poul Rasmussen, mostra-se aqui muito céptico quanto ao futuro das relações laborais no nosso país.
Manifesta receio de que nas negociações para elaborar um plano de ajuda financeira a Portugal, a 'troika' da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional (FMI) " se esqueça do que é a flexisegurança e transforme esta negociação num expediente para “desmantelar a protecção dos trabalhadores e questionar os mecanismos da negociação colectiva”.
Rasmussen afirmou que “cabe agora a Portugal lutar para conseguir os melhores resultados das negociações” e aconselhou o nosso país “a negociar” e “a ser duro” nas negociações com o FMI e a EU (União Europeia).
O meu receio é de que devido ao factor tempo, e á situação de autêntica emergência financeira, o nosso país já não tenha capacidade para impor uma posição negocial forte. Portugal está de mão estendida e pôs-se a jeito para levar um pontapé, e ainda ter que agradecer a desfeita.
Constrangimentos provocados, na minha opinião, por causa de um pedido de ajuda feito fora de tempo.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Portugal pede ajuda externa

O primeiro-ministro anunciou hoje aos portugueses que o Governo irá pedir (ou já pediu inclusive) a ajuda da União Europeia para tentar resolver os problemas financeiros do país.
Nos últimos dias, tinham-se agravado de forma incomportável as condições de acesso de Portugal aos mercados financeiros. A República, e também a economia portuguesa, devido às constantes descidas de “rating” por parte das agências de notação, corriam um risco sério de entrar em ruptura financeira por não conseguirem financiamento nos mercados financeiros internacionais.
Progressivamente em Portugal foi ganhando forma a ideia de que o recurso a ajuda externa seria inevitável. Era também essa a minha intuição. A falta de liquidez na economia portuguesa, que se vinha sentindo nas últimas semanas, fazia adivinhar que ao país não restava outra alternativa. Os Bancos reduziram drasticamente o crédito concedido às empresas e aos particulares. Ontem mesmo, fizeram saber que não emprestavam mais ao Estado, nem  estavam disponíveis para comprar mais dívida pública. Soube-se também que empresas do Sector Empresarial do Estado, como por exemplo a Metro do Porto, vivem situações de autêntico estrangulamento financeiro, que colocam dúvidas quanto à sua capacidade para cumprir os seus compromissos para com credores, fornecedores e até o próprio pessoal.
Enfim, foi ficando claro que única forma de inverter o rumo dos acontecimentos seria pedir assistência financeira à União Europeia, através do FEEF e também, ainda que indirectamente, ao FMI. A Portugal não restava outra alternativa e na minha opinião o pedido de resgate chega já com meses de atraso. Ainda assim, tenho esperança de que o passo hoje dado pelo Governo português contribua para devolver ao nosso país (e à nossa economia) a credibilidade perdida junto dos mercados financeiros internacionais. Espero que com este passo, o Estado, e também economia, possam voltar a dispor dos meios de financiamento de que necessitam para o seu funcionamento, e a juros razoáveis. Só assim o nosso país poderá criar a riqueza que o leve a alcançar níveis de crescimento económico que lhe permitam sair da recessão em que se encontra.
É claro que a implementação desta solução vai trazer consigo um acréscimo de sacrifícios para os Portugueses. Essa é uma realidade incontornável e que não deve ser escamoteada. Por isso, nesta hora, é preciso falar verdade aos portugueses e as acções dos responsáveis pelo país, devem ser dirigidas com o pensamento naqueles que vão ver as suas condições de vida degradas pela aplicação de novas medidas de austeridade, que se antevêem inevitáveis.
Ainda assim, entendo que nestas circunstâncias, os responsáveis e as figuras públicas do país devem por de lado todo e qualquer cenário catastrofista e adoptar um uma postura e um discurso de mobilização, fazendo um apelo à capacidade dos portugueses para enfrentar e superar situações adversas.
Espero, sinceramente, não ter que vir aqui um dia destes lamentar que o pedido de ajuda externa esteja a funcionar como arma de arremesso na campanha eleitoral. Seja ele usado como factor de responsabilização, ou de vitimização.
Pensando assim, está claro que não fiquei muito satisfeito com a comunicação desta noite do primeiro-ministro. Esperava um discurso em tom de mobilização, e com uma palavra para os portugueses, sobretudo para os que mais estão a sofrer com a crise. Não esperava um discurso de vitimização, de sacudir de responsabilidades e de ataque constante aos adversários políticos. Acho que chegou a hora de pensar nos portugueses (um bocadinho que seja) e de baixar a sua realidade.

Para a história

Fica aqui registado o momento em que neste dia 06 de Abril de 2011, o primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, anunciou aos portugueses que país irá pedir ajuda externa para resolver os seus problemas financeiros. Esta é a terceira vez que tal acontece. Fica aqui o registo.

Sócrates será desta?

Nos minutos que correm estamos todos suspensos de uma comunicação que o primeiro-ministro se prepara para fazer ao país.
Tudo leva a crer que José Sócrates irá, finalmente, anunciar que Portugal irá pedir ajuda externa.
Já todos perceberam que o pedido de ajuda é inevitável, só José Sócrates ainda não o admitiu. Será desta?
Aguardemos mais uns minutos...

terça-feira, 29 de março de 2011

Falar claro sobre a situação de Portugal

Portugal está a correr a passos largos para um beco sem saída.
Até agora, embora pagando juros muito elevados, o país tem conseguido financiar-se. Mas juros a níveis tão altos, não são suportáveis por muito mais tempo. E sejamos claros, esta é uma situação que não é de agora, tão pouco foi provocada pelo chumbo do PEC IV, ela arrasta-se há quase um ano porque o Governo nunca foi capaz de incutir nos mercados a ideia de que teria capacidade para implementar medidas que permitissem corrigir o descontrolo das contas públicas, o aumento da dívida soberana e a trajectória em declínio da nossa economia.
Esta é que é a verdade.
De facto, na minha opinião, o Governo demorou tempo a perceber que os mercados são bem mais exigentes que os portugueses no que diz respeito a promessas e a boas intenções. Se os portugueses, na sua irritante complacência, são capazes de não se revoltarem contra um Governo que fala a várias vozes e que num dia diz uma coisa e no outro exactamente o seu contrário, como tantas vezes aconteceu nos últimos dois ou três anos – veja-se o que aconteceu com os incríveis recuos e avanços nos grandes projectos de obras públicas como TGV, o novo aeroporto ou terceira travessia sobre o Tejo – já os mercados não funcionam assim; levam as suas análises ao extremo, e não se deixam enredar por falinhas mansas, nem por discursos de trazer por casa. Avaliam riscos de investimento e fazem-se remunerar tendo por base essa avaliação.
Mas a situação pode tomar proporções ainda mais graves. Com os sucessivos cortes no “rating”, a dívida soberana de Portugal está à beira de ser considerada “lixo” para os mercados financeiros. Ora quando isto acontecer, ou melhor quando os mercados perspectivarem esta situação, já não haverá investidores interessados em comprar a nossa divida, nem com remuneração a juros muito altos. Isto acontece porque os fundos de investimentos têm estatutos onde constam regras que os impedem de fazer investimentos em produtos eventualmente tóxicos, como seja por exemplo a dívida soberana de um país não recomendável em termos financeiros e económicos. Numa situação extrema como esta, esses investidores só admitem continuar a financiar esses Estados, e as suas economias, se aqueles tiverem “fiadores”, como por exemplo o FMI. Ora, todos nós sabemos as regras que são impostas por organismos como o Fundo Monetário Internacional, para avalizarem um país em dificuldades...
Chegados a este ponto que alternativas nos restam?
Uma coisa parece certa, já não basta o Primeiro-ministro e o Governo dizerem que Portugal não vai recorrer a ajuda externa.
(E já agora, convém que estes dois agentes políticos se convençam que até aos portugueses mais simplórios já começa a incomodar este discurso de campanha eleitoral, em que se responsabilizam os adversários políticos pelo actual estado de coisas, quando são eles próprios responsáveis pela condução do país há seis anos)
Será que chega a declaração dos partidos da área da governação de que se comprometem a dar continuidade ao programa de reequilíbrio das contas públicas, negociado com a União Europeia?
Esperemos para ver.
Mas eu temo que já nos falte tempo, aquele que andamos a desperdiçar ao longo dos últimos dois ou três anos. Tomara que não.     

Dia negro para Portugal

A agência de “rating” Standard & Poor´s cortou, pela segunda vez em 5 dias, o “rating” da República. Portugal passou agora do nível “BBB” para o nível “BBB-“ e a nossa dívida está a um passo de ser considerada “lixo” para os mercados financeiros.
Com este corte no “rating”, os juros sobre das Obrigações do Tesouro a 5 anos tocaram hoje os 8,991%, o que é um novo máximo de sempre para os juros neste segmento.
Também hoje o Banco de Portugal divulgou o seu Boletim Económico de Primavera, onde reviu em baixa as estimativas de crescimento económico para este ano, prevendo uma contracção do PIB nacional de 1,4%.
Perante estas notícias, José Sócrates, o Primeiro-ministro demissionário, voltou esta tarde a ser categórico ao afirmar que o Governo não tem nenhuma intenção de pedir ajuda externa e acusou a oposição de ter tido um "gesto imaturo e irresponsável” ao chumbar o PEC IV e ter criado uma “barafunda” que conduziu o país ao estado de dificuldade em que se encontra.
Cautela! A situação é demasiado grave para que se não fale claro...

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Governo caiu e a campanha começou

O Plano de Estabilidade e Crescimento foi hoje disctuido na Assembleia da República e contra a vontade do PS, foi submetido a votação, tendo sido chumbado com votos contra de todos os partidos da oposição.
A crise política que estava anunciada concretizou-se: perante o chumbo do PEC o primeiro-ministro apresentou a sua demissão ao Presidente da República e ao que tudo indica, o país vai para eleições, o mais tardar lá para Junho.
O que também parece  ter ficado claro, é que pelo tom e conteúdo dos discursos que foram proferidos à tarde no Parlamento, e à noite, em reacção à demissão do Primeiro-ministro, a campanha eleitoral já começou.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Algumas medidas contidas no PEC IV

Numa análise rápida anotei algumas medidas contidas no documento do PEC IV.
Aqui está tema de conversa para os próximos dias!
  • Cenário macroeconómico para 2011 - contracção da economia em 0,9%;
  • Empresas públicas com despesas mais controladas e indemnizações compensatórias reduzidas;
  • Concessão a privados da exploração dos serviços de transporte ferroviário de passageiros integrados nas unidades de negócio CP Lisboa e CP Porto;
  • Gestão conjunta entre Carris e Metropolitano de Lisboa e entre STCP e Metro do Porto;
  • Aceleração e alargamento do plano de privatizações;
  • Maior controlo nas prestações sociais;
  • Cortes nas comparticipações dos medicamentos;
  • Redução de 10% nos custos com aquisição de bens e serviços na Administração Central do Estado nos próximos dois anos;
  • Racionalização das taxas do IVA;
  • Revisão de benefícios fiscais e deduções à colecta;
  • Os novos contratos de crédito à habitação não vão poder deduzir a amortização no IRS.
  • Planos de auto-poupança individual;
  • Trabalhadores, pensionistas e beneficiários de subsídios pagos pelo Estado vão poder aplicar de forma automática e periódica, uma parte da sua remuneração, da pensão de reforma ou do subsídio em produtos de poupança à sua escolha;
  • Extinção ou fusão de estruturas administrativas do Estado;
  • Supressão de 991 cargos dirigentes em 2011;
  • Corte de 170 milhões de euros nas transferências para as Autarquias em 2012;
  • Receitas adicionais de capital, decorrentes de concessões na área do jogo, comunicações e energia e venda de património;
  • Bancos com níveis de solidez mais elevados - rácio de solvabilidade no mínimo de oito por cento.

PEC IV - O documento

Quem quiser já pode consultar aqui o documento do PEC IV.

quinta-feira, 17 de março de 2011

PEC 4: a imagem da insensibilidade social

O Governo apresentou esta semana a “actualização anual do programa de estabilidade e crescimento” que fica conhecido como o PEC 4.
Genericamente este documento elenca uma série de medidas que o Governo se propõe implementar, quer do lado da despesa, quer do lado da receita, para conseguir alcançar as metas de redução do défice para os anos de 2011, 2012 e 2013.
Ora, no que diz respeito à despesa, o Governo propõe-se diminuir o valor daquela em 2,4% do PIB nos anos de 2012 e 20013.
Uma das medidas que o Governo pensa pôr em prática para atingir aquele desiderato é o congelamento dos salários no sector público e das pensões. No caso das pensões está ainda prevista a aplicação de uma contribuição especial com impactos semelhantes à da redução nos salários da Administração Pública, o que significa que os pensionistas com pensão superior a 1.500,00€ verão o valor daquela reduzida.
Esta medida parece-me extremamente injusta e revela uma grande insensibilidade social na hora de repartir os sacrifícios necessários para o equilíbrio das contas públicas.
Como é que é possível congelar pensões de 300,00€? Numa época de inflação crescente, como a que estamos a viver, em que todos os dias somos confrontados com aumentos dos medicamentos, da água, da luz, do pão, etc., atrevo-me a perguntar: como é que vão sobreviver os mais de um milhão de pensionistas que tê pensões iguais ou inferiores a 300,00€?
Não estará na hora de se ser mais justo na distribuição dos sacrifícios que se pedem às pessoas? Não será chegado o momento de pedir um esforço aos que mais podem?
Estou certo que sim e explico como e porquê.
O Governo já congelou os salários dos funcionários do sector público e reduziu a remuneração de todos aqueles que auferiam salários brutos mensais superiores a 1.500,00€; o mesmo Governo prepara-se agora para congelar todas as pensões e reduzir também as de valor superior a 1.500,00€.
Ora, porque que é ficam fora deste esforço, todos aqueles portugueses, que não sendo empregados do Estado ou do sector público, nem pensionistas, auferem também salários superiores a 1.500,00?
Não seria justo, por uma questão de equidade, fazer incidir também sobre estes salários uma contribuição especial nestes dois anos de esforço nacional para equilíbrio das contas públicas?
Penso que sim. Quanto mais não seja, pelo facto de também esses portugueses, empregados por conta de outrem ou trabalhadores por conta própria, profissionais liberais, empresários ou comerciantes, serem beneficiários do Estado, que a todos proporciona, por exemplo, ensino, assistência na saúde e segurança, tendencialmente gratuitos.
Se assim procedesse, o Governo por certo não necessitaria de congelar as pensões mais baixas e deixar uma percentagem significativa da população portuguesa num estado de autêntica emergência social.

sábado, 12 de março de 2011

A “Geração à Rasca” protestou!

Pelo que se lê aqui e pelo que se foi vendo e ouvindo ao longo da tarde nas televisões e nas rádios, o protesto da “Geração à Rasca” atingiu proporções de uma grande manifestação, repartida por várias cidades ao longo do país, com natural destaque para Lisboa e Porto.
Pelo que foi possível constatar, esta acção de protesto, de origem popular e apartidária, convocada através da rede social facebook, foi em termos sociais bastante abrangente e transformou-se numa acção de contestação inter-geracional. De facto, sem nunca perder de vista a génese do protesto – a precariedade nas relações laborais e o desemprego que afecta os mais jovens – esta manifestação transformou-se numa acção de reivindicação de melhores condições de vida, não só para esses, mas também para os seus pais e avós.
Devo confessar que estava expectante quanto à expressão numérica que atingiria este protesto. Nos últimos dias, senti que foi criado um “ruído” à volta desta manifestação, com o objectivo de tentar conter o seu impacto. Pode ter sido impressão minha, mas o que é facto é que primeiro foram as críticas severas de certos comentadores políticos ao Presidente da República, presumindo que este se estaria a dirigir aos jovens que hoje se manifestaram, quando no discurso da sua tomada de posse apelou aos jovens de Portugal para que “Ajudem o seu país. Para que façam ouvir a vossa voz. Para que sonhem mais alto”; Depois foram as notícias de que os organizadores, e os bastidores desta manifestação, estariam a ser vigiados pelas forças de segurança e serviços de informação; Depois foi a tentativa de colagem da organização a partidos políticos ou a estruturas sindicais; E por fim, foi a tentativa de minorar os fundamentos sociológicos deste movimento: um dia destes dois comentadores na SIC Notícias, apelidavam este movimento de uma especie de "conversa de tasca".
Também por causa deste contexto intemidatório que foi criado em seu redor, havia uma natural expectativa para ver como decorreria o protesto. Felizmente tudo correu com normalidade. O protesto teve a dimensão de uma grande manifestação. Os jovens, e os menos jovens, tiveram oportunidade de fazer ouvir a sua voz. E, quem de direito – governantes, estudiosos, cementadores – tem agora obrigação de, pelo menos, tentarem perceber porque é que mais de duzentos e cinquenta mil portugueses saíram hoje à rua. Isto digo eu...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Contraste inquietante

Há dias um amigo, que também me dá a honra de passar por cá pelo “Cidadão com Opinião”, mandou-me um e-mail, onde me indicava o sítio de um filme premiado num festival de curtas-metragens e pedia-me para que o visse até ao fim.
Foi o que fiz e agora desafio-vos a que façam o mesmo.




segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Banco Alimentar Contra a Fome



O Banco Alimentar Contra a Fome, ou melhor a federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome, levaram a cabo no passado fim-de-semana mais uma campanha de recolha de alimentos.
Numa altura em que o nosso país se vê assolado por uma crise multifacetada, que nos afecta, por um lado, em termos económicos, com degradação das condições de vida e com um desemprego a níveis nunca dantes vistos, e por outro, em termos sociais, com o desaparecimento dos valores tradicionais na nossa prática quotidiana, havia uma natural expectativa para verificar como decorreria esta acção.
Na mente de todos pairava a possibilidade das dádivas para esta campanha poderem vir a diminuir devido às dificuldades que o país atravessa, ainda mais pelo facto de nos últimos dias terem sido conhecidas notícias que davam conta disso ter acontecido, por exemplo, ao nível das ofertas nas Igrejas.
Mas a resposta dos portugueses superou as melhores expectativas. Os Bancos Alimentares recolheram 3265 toneladas de alimentos, mais 775 toneladas do que na campanha realizada em Dezembro de 2009, naquilo que representa um acréscimo de 30%. O número de voluntários envolvidos também cresceu, atingindo a fasquia dos trinta mil.
Os alimentos doados pelos portugueses serão distribuídos a partir desta semana a mais de 1.800 instituições de solidariedade social que os irão entregar a cerca de 280 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.
O sucesso desta campanha mostra-nos que nem tudo vai mal em Portugal. Revela-nos um povo que é capaz de manter vivos os valores da solidariedade e da entreajuda, desde que seja chamado a contribuir para projectos em que perceba os objectivos e veja claramente serem alcançados os seus fins.
Esta iniciativa da sociedade civil, deve servir de exemplo a muitos decisores deste país que, ano após ano, pedem sacrifícios aos portugueses, e quase sempre aos mesmos, sem lhes conseguirem apontar um rumo para a nação, e um fim claro para esses sacrifícios, que não seja o bem-estar apenas de uns quantos.
Estão de parabéns os portugueses que contribuíram com a sua oferta para esta campanha e a legião de voluntários que a tornaram possível.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Greve geral

Hoje é dia de greve geral.
Logo pela manhã, seremos, com toda a certeza, bombardeados com números bastante díspares, em função da sua proveniência - entidades patronais ou sindicatos.
Mas no final do dia o que é vai ficar para o País da greve, além dos constrangimentos da falta de transportes, das consultas médicas adiadas ou da escola dos filhos que não funciona?
Será que o Governo vai tirar algumas ilações do que hoje se passar? Ou melhor, será que Governo pode tirar algumas ilações do que hoje se passar? Ou melhor ainda, será que o Governo ainda pode tirar ilações do que hoje se passar?
Ora, como é sabido, esta greve é feita para contestar medidas que no actual contexto económico e financeiro do País são inevitáveis. Deste modo o Governo tem poucas ilações a tirar quanto á sua prática governativa, na medida em que tem um orçamento aprovado, resultante de uma negociação com o maior partido da oposição, e outra coisa não lhe resta que não seja aplicar as medidas nele contidas; ou em alternativa abrir as portas ao FMI para que seja aquele organismo a impor ao Governo do País (a este, ou a outro) estas mesmas medidas ou outras ainda mais duras.
Portanto, em termos da prática governativa, o Governo não vai, não pode, ou melhor, já não pode, tirar qualquer ilação da greve geral, pelo que esta não terá qualquer significado por essa via. Na prática o Governo, apesar de frágil e desorientado, não pode deixar de aplicar estas medidas, nem que seja confrontado com uma greve geral com níveis de adesão históricos.

As únicas ilações que o Governo, e que o partido que o suporta, poderão tirar desta greve geral serão de carácter político.
Lembre-se que o engenheiro José Sócrates lidera um Governo de centro-esquerda, apoiado pelo Partido Socialista, e verá hoje em luta (a fazer greve) uma parte muito significativa da sua base sociológica de apoio. Nessa medida, esta greve geral poderá ser um factor determinante, para imputar ao Governo erros políticos importantes, como seja, por exemplo, a acção tardia no combate a uma crise que dá sinais de não conseguir controlar, mas que procura a todo o custo, muitas vezes de forma ingénua, ocultar.
Quanto aos portugueses que farão os números desta greve geral, esses já sabem que o País e o Governo não estão em condições de lhe dar o que eles pretendem. As condições de vida não mudarão, não diminuirá a taxa de desemprego, não haverá uma descida dos juros com que nos financiamos no exterior e os hospitais e a justiça que temos continuarão a ser os mesmos. Ainda assim, esses mesmos portugueses, terão oportunidade de marcar posição e mostrar a dimensão das suas revoltas individuais numa contestação colectiva e à escala nacional.
Por estes dias, tenho ouvido muitos sociólogos e psicólogos, dizerem que este acontecimento (a greve geral) tem impacto positivo em termos de estabilização da sociedade, na medida em que cada um dos portugueses que se sentem injustiçados, dão asas à sua revolta, que mais não seja apenas interior, nesta manifestação, de índole colectivo, que tem data e hora marcadas. Socialmente, dizem esses especialistas, é mais benéfico que aconteça uma greve geral do que ter uma revolta latente em cada cidadão sem se poder prever o dia ou a hora em que rebentariam milhares de revoltas individuais.
Por último só queria lembrar que a contabilidade dos descontentes não se encerra com o número dos que amanhã farão greve; a esses será necessário acrescentar os milhares que até concordam com a greve, mas que a ela não aderem por motivos de ordem económica.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Alterações às medidas de combate à crise


Existe hoje uma ideia generalizada na sociedade portuguesa de que as medidas de combate à crise se revestem de uma dureza ímpar, que exigem de todos um sacrifício excepcional, mas que são necessárias.
No entanto para que estas medidas produzam os efeitos pretendidos têm que ser convenientemente definidas, explicadas e aplicadas, por quem têm que o fazer, ou seja pelo Governo.
Em meu entender para que este processo resulte duas condições terão que ser garantidas á partida:
          Primeira – justiça na repartição dos sacrifícios, provocados pelas medidas;
          Segunda – um Governo firme e decidido, para as aplicar.
Pelo que se tem visto nos últimos dias, e particularmente nas últimas horas, os mercados estão cépticos quanto à capacidade do país  para, de per si, aplicar estas medidas de combate à crise.
Ora, eu meu entender, esta era uma boa altura para o nosso Governo dar sinais de firmeza quanto à aplicação e à transversalidade das medidas já anunciadas.
Mas ao contrário do que era para mim expectável, o PS, o partido que suporta o Governo, esta tarde, no âmbito da aprovação na especialidade do Orçamento de Estado fez aprovar uma alteração à norma dos cortes salariais nas empresas públicas com maioria de capital do Estado e entidades públicas empresariais, abrindo a porta a "adaptações" desde que autorizadas e justificadas "pela sua natureza empresarial".
Afinal onde é que está a justiça na repartição dos sacrificios? Está a querer proteger-se alguém? Não será este o primeiro passo para o descrédito total?

Só me apetece dizer que neste país há uns quantos senhores  que continuam a querer brincar com fogo...
A notícia poder ser lida aqui 

sábado, 13 de novembro de 2010

A sobriedade necessária em tempos de austeridade

Ontem fui fazer compras a um centro comercial, por sinal, aquele que mais frequento no dia-a-dia.
A exemplo do que tem acontecido nos últimos anos, apesar de ainda estarmos a mais de um mês do Natal, o espaço já está iluminado com os motivos alusivos à quadra. Acontece que este ano, o impacto do primeiro contacto com a iluminação de Natal, foi ligeiramente diferente da dos outros anos. Porquê? A iluminação é muito mais sóbria e as peças decorativas são em muito menor número.
Devo confessar que a primeira impressão que me causou aquele cenário foi de estupefacção: mas que coisa tão pobre...
Mas logo de seguida assaltou-me o pensamento racional e justificativo para o que estava a ver: é tempo de crise...
De facto assim é. Neste tempo de crise a sociedade portuguesa não pode continuar a assobiar para o lado fingindo que nada se passa. Atitudes como esta, de uma grande empresa que frequentemente faz apelo ao consumo, muitas vezes exagerado, vêm lembrar-nos que nestes tempos, que são difíceis, tem que se cortar no supérfluo para que não falte o essencial.
Neste caso concreto da iluminação de Natal, espero que este exemplo de sobriedade e economia de meios chegue às Autarquias Locais, que nesta quadra gastam rios de dinheiro com a iluminação de Natal.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Desempregados a receber subsídio vão limpar florestas

Hoje à saída do I Encontro de Sapadores Florestais do Distrito da Guarda o Secretário de Estado da Protecção Civil, Vasco Franco, afirmou que os Governos Civis vão convocar beneficiários do subsídio de desemprego para a limpar as florestas, secundando o trabalho dos sapadores florestais.

Ora que aqui está uma boa notícia.

A nova geração de políticas sociais, que uns tantos, como eu, defendem para Portugal passam por acções como esta. A ajuda que a sociedade presta a quem dela precisa, não é gratuita, tem uma contrapartida, o trabalho para a comunidade.

Com este procedimento alcançam-se dois objectivos:

Primeiro – quem é ajudado mantém-se integrado num ambiente activo e a desempenhar uma função que pode ser socialmente relevante, elevando assim os seus níveis de auto-estima;

Segundo – a comunidade (o Estado, as Autarquias, as IPSS, etc.) beneficia da colaboração prestada por estes trabalhadores temporários, em áreas onde os mesmos podem suprir a falta de recursos humanos para desempenhar tarefas simples, mas muitas vezes essenciais para o bem-estar colectivo.

Todos saem a ganhar e o Estado Social torna-se mais justo e mais razoável.

A notícia pode ser lida aqui Jornal de Noticias.