O Banco Alimentar Contra a Fome, ou melhor a federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome, levaram a cabo no passado fim-de-semana mais uma campanha de recolha de alimentos.
Numa altura em que o nosso país se vê assolado por uma crise multifacetada, que nos afecta, por um lado, em termos económicos, com degradação das condições de vida e com um desemprego a níveis nunca dantes vistos, e por outro, em termos sociais, com o desaparecimento dos valores tradicionais na nossa prática quotidiana, havia uma natural expectativa para verificar como decorreria esta acção.
Na mente de todos pairava a possibilidade das dádivas para esta campanha poderem vir a diminuir devido às dificuldades que o país atravessa, ainda mais pelo facto de nos últimos dias terem sido conhecidas notícias que davam conta disso ter acontecido, por exemplo, ao nível das ofertas nas Igrejas.
Mas a resposta dos portugueses superou as melhores expectativas. Os Bancos Alimentares recolheram 3265 toneladas de alimentos, mais 775 toneladas do que na campanha realizada em Dezembro de 2009, naquilo que representa um acréscimo de 30%. O número de voluntários envolvidos também cresceu, atingindo a fasquia dos trinta mil.
Os alimentos doados pelos portugueses serão distribuídos a partir desta semana a mais de 1.800 instituições de solidariedade social que os irão entregar a cerca de 280 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.
O sucesso desta campanha mostra-nos que nem tudo vai mal em Portugal. Revela-nos um povo que é capaz de manter vivos os valores da solidariedade e da entreajuda, desde que seja chamado a contribuir para projectos em que perceba os objectivos e veja claramente serem alcançados os seus fins.
Esta iniciativa da sociedade civil, deve servir de exemplo a muitos decisores deste país que, ano após ano, pedem sacrifícios aos portugueses, e quase sempre aos mesmos, sem lhes conseguirem apontar um rumo para a nação, e um fim claro para esses sacrifícios, que não seja o bem-estar apenas de uns quantos.
Estão de parabéns os portugueses que contribuíram com a sua oferta para esta campanha e a legião de voluntários que a tornaram possível.