segunda-feira, 20 de junho de 2011

O corporativismo da classe política derrotou Fernando Nobre

Fernando Nobre viu hoje, por duas vezes, ser-lhe negada pelos deputados do CDS-PP, BE, PCP, PEV e PS, a eleição como presidente da Assembleia da República, como pretendia Passos Coelho, presidente do PSD e Primeiro-ministro indigitado.
Ao longo dos anos a nossa democracia nunca valorizou de forma significativa o cargo de Presidente da Assembleia da Republica, que é, formalmente, a segunda figura na hierarquia do Estado. Nessa medida, esta eleição foi sempre tida como um acto mais ou menos pacifico, resolvido por um acordo de cavalheiros, que acabava sempre com a eleição do candidato proposto pelo partido que tinha ganho as eleições.
Então porque é que desta vez não vingou essa lógica e não foi eleito o candidato proposto pelo PSD?
É que por regra, a eleição para este cargo, constituía uma espécie de prémio para parlamentares distintos, quase sempre em fim de carreira; mas desta vez o candidato que estava a votação tem um perfil que é antítese deste estereótipo. O PSD e principalmente Pedro Passos Coelho, ousaram propor para Presidente da Assembleia da República um independente, com vasta intervenção cívica, mas sem carreira política partidária e prática parlamentar, e que por diversas vezes ousou questionar o funcionamento do sistema político.
E esses foram os pecados capitais de Fernando Nobre: a sua independência e o seu discurso anti-sistema.
Os partidos da oposição e o CDS-PP, numa atitude corporativista, em tudo semelhante a uma luta de classe, invocaram os mais diversos pretextos para considerarem inadequado o perfil de Fernando Nobre para o cargo, e hoje, por duas vezes, recusaram a sua eleição.
Para quem está de fora, é incompreensível esta atitude dos antigos “amigos” de Nobre, que em tempos lhe reconheceram publicamente as suas virtudes, que se juntaram agora a outros políticos, neo-puritanos, que proclamam aos quatro ventos que é necessário aproximar politica dos cidadãos, para formarem uma coligação negativa, que impediu que pela primeira vez na história do Portugal democrático tivéssemos um independente como segunda figura do Estado. Esse facto, que mais não fosse pela sua simbologia, contribuiria certamente para a aproximação da sociedade à política.
Mas a maioria dos deputados entendeu que assim não devia ser, talvez para defender a classe da investida dos cidadãos. Se assim não foi, lá que pareceu, pareceu...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Festas de Santo António em Tabuado



Durante este fim-de-semana decorrem em Tabuado as festas em honra de Santo António.
O programa, que inclui manifestações de carácter popular e religioso, prolonga-se por tês dias, começa hoje e termina no próximo Domingo.
Constava-se, e agora é certo, que por motivos que se prendem com a gestão dos gastos na freguesia, este é último ano em que estas festas se realizam nos moldes actuais.
Penso que é bom que as comunidades, sobretudo em tempo de crise, estabeleçam prioridades para as suas manifestações/realizações colectivas. É salutar que assim seja e atitudes deste tipo também são reveladoras do seu grau de maturidade cívica.
No entanto, a maturidade cívica e o grau de desenvolvimento social, económico e cultural de uma terra, também se revela pela sua capacidade de manter (ou não) a sua identidade ao longo do tempo, adaptando-se ás condições socioeconómicas específicas de cada época.
Digo isto, porque entendo que o património colectivo, aquilo que é a nossa identidade enquanto terra única, tem que ser preservado. Que as manifestações sejam menos exuberantes, que se poupe dinheiro e que se dê prioridade a investimentos de capital, indutores de melhores condições de vida, sempre foi a linha que defendi. Mas esta linha de pensamento não me afasta de uma outra realidade que me leva a considerar que há dinâmicas que se instalaram, que há hábitos que se enraizaram, que há locais que se preservaram e valorizaram, enfim, que há todo um património sociocultural específico, que foi construído ao longo de anos, e que não pode pura e simplesmente desaparecer. Nem a terra pode prescindir dele.
Nessa medida o desafio que lanço aqui à sociedade de Tabuado, e a todos os seus agentes, é de que com imaginação, se encontrem formas alternativas para continuar a festejar o Santo António na nossa terra. Dessa forma, quiçá através de manifestações mais modestas, estaremos a perseverar uma tradição popular e a contribuir para que se continue a dinamizar o espaço da Capela de Santo António, um edifício embelemático da nossa freguesia e que foi recentemente alvo de obras de conservação e beneficiação.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Bactéria E.coli - quem provocou os danos devia pagar a factura

O surto infeccioso provocado por uma estirpe perigosa da bactéria E.coli, que surgiu na Alemanha, já provocou 37 vítimas mortais registadas – 36 de nacionalidade alemã e uma de nacionalidade sueca.
Segundo dados revelados a E.coli é uma bactéria comum e bem conhecida do mundo científico. O seu habitat natural é o intestino dos seres humanos e de outros animais de sangue quente. A estirpe mais comum da bactéria raramente provoca problemas uma vez que é controlada pelo sistema imunitário dos seres onde habita. Mas estirpe detectada na Alemanha, identificada como 0104:H4, é bastante perigosa e pode provocar a paralisação da função renal e danos no cérebro.
Ao que se suspeita, a contaminação de seres humanos por esta variante da bactéria, foi feita através da ingestão de vegetais crus, em cuja produção foram utilizadas fezes de animais como fertilizante.
Chegados a este ponto, diria que se trata de um caso de saúde pública, tanto mais que para além das mortes registadas, contabilizam-se já mais de 3.200 pessoas contagiadas.
E perante um caso de saúde pública como actuaram as autoridades alemãs?
Mal, muito mal.
Identificada a origem da contaminação – a ingestão de legumes – as autoridades daquele país da Europa central seguiram uma estratégia altamente questionável para detectar o foco infeccioso. Com aparente ligeireza, foram disparando suspeições, pouco fundamentadas, na direcção dos diversos tipos de legumes.
Mas o mais grave é que esta espécie de tiro ao alvo, começou com a identificação de um primeiro suspeito estrangeiro: os pepinos importados de Espanha. Esta atitude alarmista das autoridades alemãs, configura a actuação de um mau perdedor que procura sacudir a água do capote, para limitar ao máximo os danos na sua própria imagem.
Mas o que é certo é que foram provocados enormes prejuízos aos produtores agrícolas, á escala europeia. Numa época do ano em que as explorações agrícolas apostam em força na produção de legumes, porque com a chegada do tempo quente aumenta o consumo daqueles produtos, os produtores agrícolas viram as suas vendas reduzidas ao mínimo e a sua produção ir para o lixo por falta de escoamento. Resultado: milhões e milhões de euros de prejuízo.
Os agricultores europeus reclamam agora uma ajuda, que a meu ver é justa.
 Mas quem deveria suportar o custo dessa ajuda? Todos os europeus, através das autoridades da União Europeia, ou quem esteve na sua origem?
A resposta parece-me óbvia: quem provocou os danos devia pagar a factura.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Dia de Portugal

Hoje é dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Luís de Camões ... um dos expoentes máximos da nossa literatura!

                                                            Ao desconcerto do Mundo

                                                            Os bons vi sempre passar
                                                            No Mundo graves tormentos;
                                                            E pera mais me espantar,
                                                            Os maus vi sempre nadar
                                                            Em mar de contentamentos.
                                                            Cuidando alcançar assim
                                                            O bem tão mal ordenado,
                                                            Fui mau, mas fui castigado.
                                                            Assim que, só pera mim,
                                                            Anda o Mundo concertado.

                                                            Luís de Camões

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pensamentos e citações

"É fácil viver no mundo conforme a opinião do mundo.
É fácil na solidão viver conforme a própria opinião.
Mas grande homem é o que, no meio da multidão, conserva com plena serenidade a independência da solidão.
"

Ralph Waldo Emerson
Estados Unidos
[1803-1882]
Escritor, Poeta, Filósofo, Ensaísta