quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Grupo Ricon... mais um exemplo

Nos processos especiais de revitalização de empresas que antecedem, em muitos casos, a sua declaração de insolvência, fala-se muito da posição assumida pelos credores. Nessas situações é muito frequente haver tentativas de justificação do insucesso dos processos negociais com a posição pouco flexível deste ou daquele credor e fala-se pouco das decisões de gestão que conduziram a empresa a esse estado de insolvabilidade. Neste contexto, porém, é necessário perceber a posição em que se encontram os diversos intervenientes no processo. 
Será justo exigir aos credores que façam cedências inusitadas, que abram mão de uma parte significativa dos seus créditos e que fiquem amarrados a planos de negócio que podem ser-lhes prejudiciais em termos estratégicos? 
Será justo branquear a atuação dos responsáveis das empresas insolventes, não os responsabilizando pelos seus atos de gestão, pela perda de postos de trabalho, pela frustração de créditos e ainda permitir-lhes que continuem a administrar as empresas insolventes, ou que se encontram a caminho dessa condição?
A resposta a estas questões parece evidente. Não se devem imputar a terceiros, ainda que de forma dissimulada, as consequências das más práticas de gestão, dos erros de estratégia, dos riscos mal calculados. Por outro, não raras vezes, verifica-se que  os detentores do capital das empresas que se encontram em situação de insolvência, em algum momento da vida daquelas, direta ou indiretamente, conseguiram realizar mais-valias generosas, obter lucros significativos ou alcançar situações patrimoniais confortáveis. É certo que não há regra sem exceção, mas os casos vão-se sucedendo.
Vem este apontamento a propósito da situação, que envolve o Grupo Ricon, em Vila Nova de Famalicão, que é bem ilustrado nesta noticia do Expresso e que lança pistas em relação ao que foi dito.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Dakar 2018: imagens do vencedor.

Carlos Sainz e Lucas Cruz celebram a vitória. (In El País).
O piloto espanhol Carlos Sainz ganhou a edição de 2018 do mítico Rali Dakar.
Ao volante de um carro da equipa oficial da Peugeot Total o experiente piloto de Madrid repetiu o triunfo que já tinha alcançado nesta prova no ano de 2010, ao volante de um volkswagen.
O Dakar deixa sempre imagens espetaculares... 
Momento em que um helicóptero da organização acompanha Sainz durante uma das etapas entre San Juan de Manorca e Arequipa, no Perú. (in El País).
Sainz e Cruz durante a etapa entre Belén e Chilecito (Argentina). (in El País).



A dupla espanhola atravessa uma duna durante a etapa que ligou Lima a Pico (Perú). (In El País).
Veja aqui o resumo de todas classificações do Dakar 2018 (Hiperligação: clique para aceder). Nesta da edição, não houve portugueses classificados em lugar de destaque. Foi pena...

O Sporting é campeão de inverno.



O Sporting Clube de Portugal venceu a Taça da Liga frente ao Vitória Futebol Clube (Vitória de Setúbal) no desempate por marcação de grandes penalidades. O resultado final, nos penaltis, foi de 5 – 4 favorável aos leões, após empate a uma bola durante o tempo regulamentar.
O Sporting C.P. conquistou pela primeira vez este troféu, que designa o seu vencedor, desde a última edição, por “Campeão de Inverno”.
Parabéns ao Sporting, aos seus sócios e aos seus simpatizantes pela vitória alcançada. Parabéns também ao Vitória de Setúbal pelo excelente desempenho na final e ao longo de todo a competição. Como fazia notar o seu treinador no final do jogo, o Vitória não conseguiu ganhar a Taça da Liga, mas ao longo da competição não perdeu com ninguém e no seu percurso defrontou o maiores emblemas do futebol português. 

domingo, 28 de janeiro de 2018

Roger Federer faz história

Roger Federer venceu hoje o Open da Austrália em ténis. Esta é sexta vez que o jogador suíço, de trinta e seis anos, vence este torneiro do Grand Slam.
No final do encontro, o tenista, que atualmente ocupa o segundo lugar no ranking ATP, disse ao referir-se a mais esta vitória "é um sonho, o conto de fadas continua". A sua afirmação é oportuna e cheia de propriedade, porque Federer construi ao longo dos anos uma carreira de sonho e já conquistou um lugar na história do ténis.
Com este triunfo, o tenista helvético, filho de pai suíço e mãe sul-africana, torna-se o primeiro homem a conquistar vinte títulos do Grand Slam na modalidade de singulares, um feito até agora apenas alcançado por três mulheres: Margaret Court, vinte quarto conquistas, Serena Williams, vinte e três e finalmente Steffi Graf , vinte e duas.

sábado, 27 de janeiro de 2018

Marcelo Rebelo de Sousa: retrato com legenda de dois anos de mandato


No que leva do mandato, Marcelo Rebelo de Sousa foi elevado ao estatuto de monarca numa república constitucional e viu-se transformado no ombro amigo onde a nação pode reclinar a cabeça.

Marcelo Rebelo de Sousa: dois anos de mandato em jeito de opinião


Passaram dois anos sobre a tomada de posse do Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa. O magistério do atual presidente da República tem sido marcado pelas suas caraterísticas de personalidade e influenciado pelas circunstâncias do tempo em que é exercido.
Marcelo é um homem ativo, metódico, calculista e muito inteligente. É católico convicto, profundo conhecedor dos princípios da doutrina social da Igreja e teve uma vida de décadas ligada ao ensino e á comunicação, a diversos níveis. Este caldo de caraterísticas de personalidade e experiência de vida concorreram para que Marcelo concebesse o exercício do magistério presidencial traduzido numa política de proximidade, de atenção aos mais vulneráveis, de pedagogia para causas, de afetos, mas também de intervenção e não apenas de mera influência. Esta derradeira caraterística idealizada por Marcelo para o exercício do cargo presidencial, era aquela que parecia ser de mais difícil concretização, porque, como se sabe, Portugal é uma república constitucional, semipresidencialista, em que os poderes executivos do Chefe do Estado, particularmente nesta Terceira República, estão bastante circunscritos.
Mas as circunstâncias políticas e sociais do momento em que Marcelo foi eleito encarregaram-se de lhe proporcionar, até agora, um exercício do mandato em moldes que vão para além dos por si concebidos.
De facto, em termos políticos, Rebelo de Sousa apresentou-se na corrida presidencial sob a capa de uma suposta independência e conseguiu ser eleito à primeira volta com números que ultrapassavam em muito, naquela altura, o eleitorado da sua área política e ideológica, ficando dessa forma numa posição confortável para o exercício do cargo, refém apenas das suas convicções, como pretendia.
A este nível tudo lhe correu de feição. Recebeu do seu antecessor, já resolvido, o difícil dossier da nomeação de um Governo com apoio parlamentar, mas liderado por um partido político que não ganhou as eleições legislativas. Passou a relacionar-se com um Primeiro-Ministro, seu antigo aluno, que apesar de não ser do seu espaço político, procurou nele apoio institucional e político para reforçar a sua legitimidade. Conviveu com um líder da oposição atordoado, que nunca se refez da armadilha parlamentar que o obrigou a retirar-se da chefia do Governo, e que não teve condições para reclamar dele mais do que a solidariedade institucional, apesar de pertencerem ambos ao mesmo partido político.
Em termos sociais, Marcelo recebeu em mãos um país com sinais de recuperação económica, mas dilacerado pelas medidas de austeridade. Depara-se com uma sociedade que anseia por uma figura protetora, por alguém que seja capaz de a ouvir e de lhe dar consolo e motivação. O Presidente encarnou na perfeição esse papel e de forma genuína foi ao encontro de pessoas, de empresas, de instituições, e entrou, sem esforço nem sobranceria, no seu quotidiano e transformou-se numa figura transversalmente consensual na sociedade portuguesa.
Entretanto, para compor o leque de condições favoráveis, deu-se a inversão do ciclo económico à escala mundial e Portugal começou a beneficiar do crescimento e do dinamismo das economias com quem se relaciona. Em paralelo, um conjunto de condições geopolíticas transformou Portugal num destino de oportunidade a nível internacional e o setor do turismo tornou-se fundamental no contexto da recuperação económica do país. País onde agora cresce a riqueza produzida, o emprego e o rendimento disponível. Onde se verifica o aumento das exportações, o reequilíbrio da balança comercial e a redução do défice e da dívida pública.
Este enquadramento politico e social tornou-se, nestes dois anos, chão fértil para Marcelo Rebelo de Sousa semear os seus planos pré-concebidos quanto ao exercício do magistério presidencial. Sem oposição política e com aprovação social generalizada, ratificada pelos elevados índices de popularidade, viu-se investido, em vários momentos, no papel de um presidente com poderes executivos, ainda que formalmente os não detenha. 
O Professor de Direito Constitucional, transformou a figura presidencial num agente político interventivo, que marca a agenda, que é próximo, que é afetuoso, que é pedagógico e que exerce uma influencia reclamada por muitos e consentida por todos.
Um resultado que supera as expectativas dos mais otimistas, e até talvez do próprio, e que faz dele, até ao momento, o Chefe de Estado mais consensual da democracia portuguesa.
Quanto ao futuro, o futuro dirá…, mas, até à data, o balanço é positivo, generosamente positivo!