quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Grupo Ricon... mais um exemplo

Nos processos especiais de revitalização de empresas que antecedem, em muitos casos, a sua declaração de insolvência, fala-se muito da posição assumida pelos credores. Nessas situações é muito frequente haver tentativas de justificação do insucesso dos processos negociais com a posição pouco flexível deste ou daquele credor e fala-se pouco das decisões de gestão que conduziram a empresa a esse estado de insolvabilidade. Neste contexto, porém, é necessário perceber a posição em que se encontram os diversos intervenientes no processo. 
Será justo exigir aos credores que façam cedências inusitadas, que abram mão de uma parte significativa dos seus créditos e que fiquem amarrados a planos de negócio que podem ser-lhes prejudiciais em termos estratégicos? 
Será justo branquear a atuação dos responsáveis das empresas insolventes, não os responsabilizando pelos seus atos de gestão, pela perda de postos de trabalho, pela frustração de créditos e ainda permitir-lhes que continuem a administrar as empresas insolventes, ou que se encontram a caminho dessa condição?
A resposta a estas questões parece evidente. Não se devem imputar a terceiros, ainda que de forma dissimulada, as consequências das más práticas de gestão, dos erros de estratégia, dos riscos mal calculados. Por outro, não raras vezes, verifica-se que  os detentores do capital das empresas que se encontram em situação de insolvência, em algum momento da vida daquelas, direta ou indiretamente, conseguiram realizar mais-valias generosas, obter lucros significativos ou alcançar situações patrimoniais confortáveis. É certo que não há regra sem exceção, mas os casos vão-se sucedendo.
Vem este apontamento a propósito da situação, que envolve o Grupo Ricon, em Vila Nova de Famalicão, que é bem ilustrado nesta noticia do Expresso e que lança pistas em relação ao que foi dito.

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