terça-feira, 28 de junho de 2011

O cinto que salva vidas

O acidente de viação que recentemente envolveu o músico e actor Angélico Vieira vem, mais uma vez, alertar-nos para a necessidade do uso do cinto de segurança sempre que viajamos de carro.
Nunca será de mais lembrar que o uso deste dispositivo é obrigatório para todos os passageiros e não apenas para os ocupantes dos bancos da frente.
Os ganhos em segurança estão comprovados por estudos técnico-científicos e são atestados pela dura realidade dos factos.
O acidente de que foi vítima o artista de 28 anos, foi provocado pelo rebentamento de um pneu, seguido de vários capotamentos da viatura onde viajava, acompanhado por três amigos. Dos quatro ocupantes, apenas aquele que viajava ao lado do condutor, tinha o cinto de segurança colocado.
O resultado do acidente foi trágico e não deixa margem para dúvidas quanto à interpretação dos factos. Um dos ocupantes que seguia no banco de trás foi projectado para o exterior do veículo tendo sido atropelado por outra viatura que passava no local e morreu. O outro ocupante que seguia no banco de trás, uma rapariga de 17 anos, ficou gravemente ferida e corre risco de vida. Angélico Vieira, que conduzia o carro, está entre a vida e a morte. E o amigo do cantor que seguia ao seu lado, com o cinto de segurança colocado, saiu praticamente ileso do acidente, tendo sofrido apenas ligeiras escoriações.
Ora, aqui está um exemplo, infelizmente trágico, de como o uso do cinto de segurança pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O São João e as travessuras em Tabuado

Em Tabuado não há, e julgo que nunca houve, festejos organizados em honra de São João, um dos santos populares mais festejados no nosso país. Sempre me foram relatados festejos antigos, em que grupos de amigos, de forma não organizada, faziam tronos em lugares particulares ou públicos, e ali organizavam os seus bailaricos. Mas ao nível da freguesia e de forma organizada, não havia a tradição de se festejar o São João.
No entanto, pelo São João e pelo São Pedro, havia uma tradição muito curiosa, que ainda vivi na minha infância e juventude: as travessuras.
Para quem não sabe o que são as travessuras, eu explico!
Na noite da véspera de São João, e também na de São Pedro, os rapazes de Tabuado dedicavam-se a fazer traquinices, que consistiam em mudar de lugar os mais diversos objectos pertencentes aos habitantes da terra. Por regra, esses objectos eram transportados para o adro da Igreja Românica e ali eram expostos, até que os seus donos dali os fossem retirar, não raras vezes com bastante embaraço.
Os objectos mais clássicos para estas tropelias eram os vasos de flores, de preferência “extorquidos” em casa onde houvesse raparigas solteiras e alfaias agrícolas.
Pelos relatos que me fazem, eram noites de pura aventura em que adrenalina subia a níveis não habituais para a rapaziada lá da terra. É que nesta contenda havia dois lados a debaterem-se: de um, os rapazes novos, cujo objectivo era apoderam-se dos vasos e de outros objectos para os irem colocar no adro da Igreja; do outro, eram os habitantes da terra, que procuravam resguardar-se da investida dos jovens, acautelando os seus bens da melhor forma que podiam.
Ao longo da vida foi ouvindo relatos hilariantes de situações que se passaram nestas noites. Actos consumados, actos falhados, situações embaraçosas... de tudo um pouco! Um dos mais engraçados e que me foi relatado referia-se a uma cabra, que nas suas horas de descanso foi retirada ao seu dono e colocada na torre do sino... Acontece, que por ironia do destino, quem a lá colocou também teve que de lá a retirar, porque o dono do animal, desconhecendo a identidade dos autores da diabrura, foi justamente pedir ao “culpado” ajuda para retirar o animal do campanário.
Com o decorrer dos anos a tradição foi perdendo força.
No entanto, na minha infância, ainda me lembro das azáfamas que eram aqueles anoiteceres na noite de São João e de São Pedro: sob direcção da minha mãe, recolhíamos todos os vasos (e objectos de possível remoção) para lugar seguro.   
Nas travessuras propriamente ditas, só me lembro ter participado por duas vezes, já na minha juventude. Da experiência, ficou o espírito de aventura e camaradagem na penumbra daquelas noites; uns quantos vasos transportados para o adro, pois claro (!) e o receio de que um qualquer cachorro se atravessasse no nosso caminho!   
Mas nessa fase a tradição já tinha esmorecido um pouco. Já nessa altura as travessuras eram prejudicadas pelos actos de vandalismo que entretanto se foram instalando na nossa sociedade e que por confusão, prejudicaram o carácter “saudável” da atitude irreverente dos jovens de Tabuado, naquelas noites de santos populares. Para os habitantes de Tabuado, começou a ser difícil distinguir o que era travessura do que era vandalismo.
Por algumas situações a que assisti ao longo dos anos, percebo a atitude das gentes de Tabuado, mas tenho pena e saudade, porque tradição é sempre tradição!

Hoje é dia de São João

Os festejos deste Santo Popular têm expressão mais visível (e grandiosa) na cidade do Porto. Nesta cidade, os primeiros relatos de devoção a São João Baptista remontam já ao século XIV, mas só há 100 anos é que este dia passou a ser feriado na cidade. De facto, em Janeiro de 1911, o Governo saído da revolução republicana de 05 de Outubro de 1910, começou a introduzir novas regras na ordem pública e foi nesse âmbito que solicitou a todos o Municípios do país a indicação de um dia para feriado municipal. Através de referendo à população, patrocinado pelo Jornal de Noticias, foi então apurado que os portuenses queriam que o seu dia feriado municipal fosse a 24 de Junho, festa litúrgica de São João Baptista.
Curiosamente São João Baptista não é o padroeiro da Cidade do Porto. A Padroeira da Cidade é desde a década de 80 do século XX, Nossa Senhora da Vandoma, que sucedeu nesse atributo a São Pantaleão e São Vicente.
O resto já todos sabem. O alho-porro, a erva-cidreira, o fogo-de-artifício, umas sardinhas nas Fontainhas e um passeio, dali até à baixa. Pelo meio uma volta nos carrosséis para os mais novos... e lá se cumpre a tradição.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Tomada de posse do XIX Governo Constitucional


Pedro Passos Coelho tomou hoje posse como Primeiro-Ministro.
Ficam aqui, para memória futura, afirmações que proferiu na cerimónia de tomada de posse:

Ninguém será deixado para trás... Não queremos uma sociedade que abandona os seus pobres, que ignora as pessoas com deficiência, que não socorre os seus aflitos, que esquece os seus emigrantes, que rejeita os que procuram o nosso País para trabalhar e viver, que desampara os seus idosos, que se fecha aos seus desempregados

Portugal não pode falhar e não falhará".

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O corporativismo da classe política derrotou Fernando Nobre

Fernando Nobre viu hoje, por duas vezes, ser-lhe negada pelos deputados do CDS-PP, BE, PCP, PEV e PS, a eleição como presidente da Assembleia da República, como pretendia Passos Coelho, presidente do PSD e Primeiro-ministro indigitado.
Ao longo dos anos a nossa democracia nunca valorizou de forma significativa o cargo de Presidente da Assembleia da Republica, que é, formalmente, a segunda figura na hierarquia do Estado. Nessa medida, esta eleição foi sempre tida como um acto mais ou menos pacifico, resolvido por um acordo de cavalheiros, que acabava sempre com a eleição do candidato proposto pelo partido que tinha ganho as eleições.
Então porque é que desta vez não vingou essa lógica e não foi eleito o candidato proposto pelo PSD?
É que por regra, a eleição para este cargo, constituía uma espécie de prémio para parlamentares distintos, quase sempre em fim de carreira; mas desta vez o candidato que estava a votação tem um perfil que é antítese deste estereótipo. O PSD e principalmente Pedro Passos Coelho, ousaram propor para Presidente da Assembleia da República um independente, com vasta intervenção cívica, mas sem carreira política partidária e prática parlamentar, e que por diversas vezes ousou questionar o funcionamento do sistema político.
E esses foram os pecados capitais de Fernando Nobre: a sua independência e o seu discurso anti-sistema.
Os partidos da oposição e o CDS-PP, numa atitude corporativista, em tudo semelhante a uma luta de classe, invocaram os mais diversos pretextos para considerarem inadequado o perfil de Fernando Nobre para o cargo, e hoje, por duas vezes, recusaram a sua eleição.
Para quem está de fora, é incompreensível esta atitude dos antigos “amigos” de Nobre, que em tempos lhe reconheceram publicamente as suas virtudes, que se juntaram agora a outros políticos, neo-puritanos, que proclamam aos quatro ventos que é necessário aproximar politica dos cidadãos, para formarem uma coligação negativa, que impediu que pela primeira vez na história do Portugal democrático tivéssemos um independente como segunda figura do Estado. Esse facto, que mais não fosse pela sua simbologia, contribuiria certamente para a aproximação da sociedade à política.
Mas a maioria dos deputados entendeu que assim não devia ser, talvez para defender a classe da investida dos cidadãos. Se assim não foi, lá que pareceu, pareceu...