Hoje, a Igreja Católica, celebra a Solenidade
do Corpo e Sangue de Cristo, popularmente apelidada como a festa
do Corpo de Deus.
Segundo a norma canónica, esta
festividade católica que exalta a presença de Cristo no pão e vinho consagrados
na Eucaristia, acontece no 60.º dia após a Páscoa, coincidindo sempre com a
quinta-feira seguinte ao domingo da Santíssima Trindade, que por sua vez sucede
ao domingo de Pentecostes.
Desta forma, estabelece-se uma ligação íntima entre o dia em que se celebra
esta festividade e a Quinta-feira Santa, precisamente o dia em que Cristo
instituiu a Eucaristia, durante a Última Ceia com os Apóstolos antes da Sua
crucificação e morte.
A origem desta celebração remonta ao século XIII e surge como resposta da
Igreja a um conjunto de heresias que colocavam em causa a presença real de
Cristo no pão consagrado, tendo-se afirmado a partir de então como um movimento
de devoção ao Santíssimo Sacramento.
A celebração começou a realizar-se em 1246, na cidade de Liége, na Bélgica,
impulsionada pela experiência de fé de uma freira agostiniana - Juliana de Mont
Comillon - que afirmava ter tido visões de Cristo demonstrando desejo de que o
mistério da Eucaristia fosse celebrado com destaque.
Esta celebração veio a estender-se a toda a Igreja com a instituição da
festa de Corpus Christ pelo Papa Urbano IV, em 1264.
Ora, Urbano IV, nascido em Troyese e a quem foi dado o nome batismo de
Jacques Pantaleon, foi cónego e diácono-chefe do Cabido Diocesano de Liège e
foi precisamente ele quem recebeu o segredo das visões da freira agostiniana.
Porém, segundo a tradição católica, há um outro episódio que contribuiu
decisivamente para que esta celebração se estendesse a toda a Igreja.
Conta a história que um sacerdote chamado Pedro de Praga vivia angustiado
por dúvidas sobre a presença de Cristo na Eucaristia. Decidiu então ir em
peregrinação ao túmulo dos apóstolos Pedro e Paulo em Roma, para pedir o Dom da
fé. Ao passar por Bolsena (cidade italiana), enquanto celebrava a Missa, foi de
novo assaltado pela dúvida. Mas no momento da consagração as suas dúvidas foram
esclarecidas por meio de um milagre: a Hóstia branca transformou-se em carne
viva, pingando sangue, manchando o corporal, e a toalha do altar sem no entanto
manchar as mãos do sacerdote, pois, a parte da Hóstia que estava entre seus
dedos, conservou as características de pão ázimo.
Foi então que, por solicitação do Papa Urbano IV, os objetos milagrosos de
Bolsena, foram levados para Orvieto numa grande procissão sendo recebidos
solenemente por Sua Santidade e levados para a Catedral de Santa Prisca. Crê-se
que esta tenha sido a primeira grande procissão do Corporal Eucarístico.
Entretanto, a 11 de agosto de 1264, o Papa lançou desde a cidade de Orvieto para todo o
mundo católico, através da bulaTransiturus o preceito de uma
festa com grande solenidade em honra do Corpo do Senhor.
E ainda hoje a procissão com o Santíssimo
Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que
"onde, a juízo do Bispo diocesano, for possível, para testemunhar
publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão
pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo"
(cânone 944, §1). É o que acontece, neste dia, em muitas cidades, vilas e aldeias do nosso país.