quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia de Portugal

Hoje é dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

Neste dia...
Celebramos a nossa identidade colectiva, a memória nacional... a nossa Pátria.
Enaltecemos o expoente da nossa poesia; do dizer em palavras os nossos feitos, as nossas angústias, a nossa alma... exaltamos o poeta, celebramos Camões.
Louvamos o espírito aventureiro da nossa gente, a sua capacidade para abraçar grandes empreitadas, o seu engenho para resolver pequenos e grandes problemas... celebramos as nossas Comunidades;

Celebra-se Portugal e lembram-se os Portugueses... onde quer que eles estejam.

Mas nos tempos que correm há muitos portugueses que se interrogam...
Haverá motivos para celebrar Portugal?
Como pode enaltecer-se uma sociedade que promove tantas desigualdades, que não protege verdadeiramente os mais fracos e em que a verdade e a justiça são postas em causa?
Como pode celebrar-se uma nação permanentemente acossada por notícias de corrupção, de méritos embusteados e de triunfos espertos?
Como podem celebrar Portugal aqueles que pouco têm e a quem são constantemente pedidos mais sacrifícios, não olhando sequer à sua condição?
A estas perguntas eu não ouso responder, porque a resposta me parece evidente.

Mas arrisco dizer, a esses portugueses que se interrogam, que Portugal são os Portugueses e que Portugal será o que nós dele fizermos.

Para terminar deixo aqui o poema "Mar Português" de um poeta moderno, talvez aquele que melhor interpretou a poesia de Camões: Fernando Pessoa.

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

                                                                  Fernando Pessoa, in Mensagem

Que as palavras do poeta funcionem como alento e sejam um bálsamo para os Portugueses nestes momentos tão difíceis; e que sirvam de inspiração para o futuro, porque Portugal tem futuro!

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