A ter um desfecho
positivo, esta decisão estratégica da Fundação Calouste Gulbenkien constituiu um
exemplo de referência para o mundo empresarial e para a sociedade em geral.
Num tempo histórico em
que se procura a todo o custo alcançar o lucro, tantas vezes sem olhar a meios
e à custa do consumo desmesurado de recursos naturais, com danos irreparáveis para
a natureza e pondo em risco a sustentabilidade do planeta, uma decisão como a
que se perspetiva, tomada por uma Instituição, que tem tido, ao longo dos seus
61 anos de existência, um papel fundamental no desenvolvimento social, cultural,
científico e educacional de Portugal e de outras partes do mundo onde leva a cabo
a sua missão estatutária, revela a sua intenção de acompanhar a evolução dos
tempos, continuando a ser, em cada tempo, agente ativo na promoção do
desenvolvimento e bem-estar social da humanidade.
Nesta época em particular,
em que a sobrevivência do planeta, tal como o conhecemos, se encontra seriamente
ameaçada, esta decisão da Gulbenkian de procurar substituir as suas fontes tradicionais
de rendimentos por outras provenientes de atividades ligadas ao mesmo setor, mas
com matrizes mais sustentáveis, para além de se mostrar adequada em termos
ambientais, pode também ter um efeito pedagógico e funcionar como marco de referencia
para outros agentes económicos estimulando-os a prosseguir a mesma senda no
desenvolvimento das suas atividades.
A Fundação Calouste
Gulbenkien, que é uma instituição sem fins lucrativos, que foi criada com os
bens legados pelo mecenas arménio que lhe dá o nome, em jeito de agradecimento
a Portugal pelo acolhimento que aqui lhe foi proporcionado a quando da segunda
guerra mundial, regeu-se ao longo da sua existência por critérios de grande independência
na sua atuação. Nunca permitiu que outras entidades se imiscuíssem na sua
gestão e na programação das suas linhas estratégicas e sempre soube desempenhar
com distinção um papel de agente impulsionador de desenvolvimento, inovação e modernidade.
Para bem da Humanidade, espera-se que seja bem-sucedida neste novo desafio a
que se propõe, para que se lhe continue a aplicar com propriedade a velha a
máxima de que “a Gulbenkien anda sempre á frente do tempo”!