terça-feira, 1 de janeiro de 2013

O Ano Novo do Bertinho

O David dos “Albertos” é um menino a quem os familiares e amigos, carinhosamente, chamam Bertinho. Vive numa qualquer aldeia deste país e é uma criança feliz. É atento ao mundo que o rodeia, teme os seus perigos, mas a felicidade com que vive a sua infância só lhe permite antever um futuro risonho.
Hoje, ao acordar, olhou para o calendário dos Missionários Combonianos que avó lhe pendurou na parede do quarto. Estamos a 31 de Dezembro, o derradeiro dia do ano.
Bertinho, ainda envolvido no quentinho dos cobertores, sabia que se aproximava um dia especial.
Que bom, nos últimos tempos os dias especiais têm-se sucedido: os anos do irmão, o Natal e agora o Ano Novo...
Quando ainda era acometido por este pensamento e se refazia para o mundo após uma noite de sonhos, a mãe entra-lhe pelo quarto. Acende o candeeiro da mesinha de cabeceira e à média luz sussurra... “Bom dia meninos...
Trazia consigo duas tigelas de leite, com sopas de molete de véspera.
De imediato, Bertinho retribui o cumprimento carinhoso da mãe e levanta-se, encostando-se à cabeceira da cama, com a almofada de permeio para lhe acomodar o encosto. Ao seu lado, Zé Alberto, o irmão com quem partilha a cama, tem mais dificuldade em se libertar do mundo dos sonhos. Mas o aroma do leite quentinho, ensopado no trigo do molete ressesso e uns afagos da mãe lá o trazem de volta ao mundo da luz.
Passado uma hora, Bertinho, devidamente vestido e bem acordado, calcorreia já os enregelados caminhos da aldeia, endurecidos pela geada da madrugada. Faz o percurso que separa a sua casa do posto de recolha de leite, transportando consigo a leiteira, que vai segurando alternadamente com uma das mãos, para repartir pelos dois braços o peso do leite que vai entregar. Com passadas proporcionais ao seu tamanho, vai caminhando ligeiro, mas evita fazer movimentos bruscos para não entornar o leite...
Depois de despejado o conteúdo da leiteira numa vasilha de medição, a senhora Gracinda, uma mulher na casa dos cinquenta e muitos, de estatura baixa, com rosto bochechudo e cabelos brancos, anunciou: “10 litros”. Apontou a quantidade na lista de entregas e despediu-se com um “Então adeus e  até pró ano! Boas entradas…”. O Bertinho ficou satisfeito. A medição do leite rendeu e a responsável pelo posto de recolha da Agros foi ternurenta nas palavras da despedida.
O Bertinho reveza-se com os irmãos e a mãe na tarefa de entregar o leite no posto de recolha. Orgulha-se do trabalho que faz, porque isso fá-lo sentir parte integrante da economia familiar e “o trabalho infantil termina onde começa o bem-estar da família” – pensa ele.
No caminho de volta a casa, passa pela senhora Carolina, a padeira que vende pão numa canastra em frente à loja da senhora Matilde. Porque na manhã seguinte “não haverá pão”, Bertinho vai comprar quantidades reforçadas. Duas dúzias e meia de moletes, mais dois cacetes, para as rabanadas... A Carolina padeira, uma senhora já entrada nos anos, prá aí da idade da avó Rosalina, termina com recomendações de agasalho por causa do frio e depois de pela enésima vez, lhe ter dito que os seus avós foram os únicos convidados na festa no seu casamento, despe-se dele com desejos de muita saúde, boa passagem de ano e “recomendações aos pais e avozinhos”.
Bertinho retoma o seu caminho de regresso a casa. O frio daquela manhã seca de inverno provoca-lhe cieiro nos lábios e as suas faces enregelaram; mas o menino sente o calor da amizade a invadir-lhe o coração!
Ao passar pela casa da senhora Augusta “manquinha”, àquela hora da manhã  com a porta da rua ainda  cerrada, vai meditando no quão importante foi para si o ano que está prestes a terminar.
É uma injustiça que deseje ansiosamente, como as pessoas adultas, a chegada do novo ano quando este me trouxe tantas coisas boas” – exclama em pensamento.
Ao matutar nestas ideias, no seu íntimo balançavam sentimentos aparentemente contraditórios. Por um lado, a nostalgia que o invadia motivada pelo final do ano, fazia-lhe crer que as pessoas mais velhas eram injustas, porque não valorizavam suficientemente tudo que tinham conseguido nesse período de tempo; por outro lado, apreciava a fraternidade que se gerava entre os adultos, com a chegada do ano novo. Aquele espirito de aparente partilha e concórdia, apertava-lhe o coraçãozito, embargava-lhe a voz e até lhe provocava lágrimas de felicidade.
Absorvido nestes pensamentos, Bertinho entra na Costa do Lugar, um caminho ingreme, em terra batida, que vai percorrer, agora em sentido descendente. Dos sacos que carrega na mão esquerda provém um aroma agradável a pão fresco. Aos primeiros metros não resiste à tentação! Equilibra a leiteira vazia no braço direito, e, com a mão agora livre, retira de um dos sacos um molete, que leva á boca e trinca com deleite. Enquanto caminha, as dentadas no pão vão-se sucedendo ao ritmo da mastigação.
Desce cerca de trinta metros e cruza-se à direita com o senhor Oliveira e a senhora Amélia, marido e mulher, que plantam batatas nos quintais da casa da calçada. Ao vê-lo assim – leiteira numa mão, sacos do pão na outra e a mastigar – exclamam:
 “Ah Bertinho! Tu fazes pela vida para chegar ao ano novo… É assim mesmo!”.
Um bocado embasbacado com a situação, mas sem perder o despacho, Bertinho responde “Se quero lá chegar, embora falte pouco, não posso deixar de me alimentar…”.
Em resposta a esta afirmação tão expedita, o casal desata uma gargalhada em uníssono. Bertinho, ato contínuo, solta a saudação: “Tenham um bom ano! …”.
Também para ti!... ” Respondeu o casal a uma só voz.
O senhor Oliveira cobre de novo a careca com um chapéu que tinha retirado da cabeça enquanto falava com o gaiato e volta agarrar com vigor o cabo da enxada, para concluir a abertura de mais um carreiro de batatas.
 Bertinho seguiu em direção a casa.
espírito do novo ano enche-lhe cada vez mais o peito. Desta vez até tinha sido ele a desejar bom ano!
Pouco depois de dobrar a curva do Prazo, dá de caras com a senhora Margarida de Jesus, que regressava a casa depois de ter ido à fonte de Canhões lavar umas peças de roupa. Bertinho saúda-a com um “Bom dia senhora Margarida” e deseja-lhe um bom ano. A senhora, baixinha e de aparência franzina, com sessenta e poucos anos, responde com um abraço e dois beijos, acompanhados de elogios à boa educação e desejos de um bom ano.
Dali, o Bertinho já avista a sua casa e pouco tempo depois o seu percurso estava terminado.
Como está nas férias do Natal e já fez em devido tempo os deveres mandados pelos professores, o Bertinho vai passar o resto do dia liberto de obrigações, que não é o mesmo que dizer sem ocupações...
Ainda antes do almoço, vai, a mando da mãe, à mercearia comprar canela moída, para pôr na aletria... Aproveita estar ali dois passos e vai de novo dar uma olhadela no presépio da barbearia do Boaventura. Bertinho é um apreciador de presépios e este é um dos que mais admira na aldeia. Não é muito numeroso em peças, mas estas são muito bem trabalhadas e o curral, em madeira, é perfeito! Talvez tenha sido feito por algum carpinteiro profissional... E que dizer do efeito que o senhor Boaventura consegue ao combinar o verde do musgo com os ramos de austrália onde coloca a iluminação? "Perfeito (...) " – pensa para os seus botões.
Estava ainda pendurado na rede que contorna o canteiro defronte da janela da barbearia a observar o presépio quando ouve gritar:
Bertinho, ó Bertinho... “ – Era o seu colega Filipe, filho da Emília costureira, que chamava por si. Descia da casa do senhor Gabriel Sousa, que é tio de ambos. Veio ao seu encontro e convidou-o a passar por sua casa. Já tinha conseguido, numa troca com o Tó Tibério, arranjar-lhe o cromo do Néné, que lhe faltava na caderneta. Além disso, este ano, o Bertinho ainda não tinha visto o seu presépio...
Vais ver Bertinho... Está um espetáculo! Tem quarenta peças, só este ano, comprei mais seis ovelhas, um moleiro, dois pastores e uma banda com cinco músicos! Está um espetáculo! Anda daí...
Bertinho não gostava destas deslocações imprevistas. A mãe e a avó estariam a olhar para o caminho para ver quando regressava e, na certa, se persentissem que se atrasava, começariam logo a suspeitar o pior e haviam de pôr pés ao caminho para saber de si. Ainda assim...
A casa do Filipe fica aqui perto, ele tem o cromo que me falta para completar a caderneta e posso dar uma olhadela no seu presépio...” – Pensou.
 Ora, antes que alguma reflexão mais profunda o afastasse desta escapadela, aceitou o convite do amigo.
Vamos lá, mas tem que ser rápido (...) tenho que levar a canela à minha mãe” – Disse.
É um instantinho, vais ver... “ – Disse o outro.
Como planeado, a visita foi rápida e Bertinho, já com o cromo do Néne no bolso, regressa a casa pelo carreiro da levandeira, para encurtar distâncias.
A seguir ao almoço teve uma surpresa. Apesar de não ser Domingo, a RTP 1, começou a emitir o programa do Vasco Granja e os quatro irmãos (três rapazes e uma menina) tiveram uma sessão surpresa de Pantera Cor-de-rosa que se prolongou por mais de uma hora.
O resto da tarde, Bertinho, passa-a a ajudar a família; ora nos trabalhos da quinta – essencialmente a colher alimentos para os animais, porque estes, mesmo em dias de festa, têm que comer, como lhe ensinou seu Pai; ora em lides mais caseiras.
De premeio, ainda há tempo para umas sessões de jogo das escondidas, em versão de cowboys, em que participa grande parte da miudagem do lugar. Quer dizer, os rapazes, bem se vê pela natureza do jogo! A organização é simples e fica quase sempre a cargo dos mais velhos. Reúne-se a garotada disponível e formam-se duas equipas, neste caso, de oito elementos cada. Uma esconde-se, outra caça... As vitórias vão-se repartindo pelas duas equipas. Mas jogo acaba inesperadamente: o João Roque, “o terrível” do lugar, numa manobra arriscada, partiu a pistola de plástico que tinha recebido no sapatinho... Que drama!...
Ao anoitecer a mãe, a avó Rosalina e a senhora Felicidade – uma empregada que faz parte da família e é uma outra avó para o Bertinho e seus irmãos – reúnem-se na cozinha para preparem o jantar de ano de novo. Escolhem a hortaliça, descascam batatas, tiram o bacalhau do demolho... Uma azáfama de panelas e tachos!
Ao Bertinho, ao Zé, á Rita e ao Nuno é entregue a tarefa de pôr a mesa. Louça, talheres, copos, guardanapos de pano… tudo conferido!
Há! Falta o alho cru que os adultos fazem questão de misturar com as batatas, a hortaliça e o bacalhau.” – Assunto resolvido a avó já o descascou e partiu aos pedaços.
“E o galheteiro?” Também já está…
Agora parece estar tudo pronto, o movimento em torno das panelas está reduzido ao mínimo, a lareira arde intensamente e a cozinha está quentinha. O Bertinho e a sua irmã - a Rita - vão chamar o avô Afonso, para que se venha sentar na cabeceira da mesa.
Lá fora a noite está fria e quando se abre a porta da rua sente-se o vento gélido. Na cozinha, a mesa, com três metros de comprimento, está posta. Ao centro, o bolo-rei, ladeado por um arranjo de natal, feito pela Rita, que apesar de novita, já revela dotes de decoradora. O reboliço das cozinheiras acalmou, já todas trocaram de roupa. E eis que se sente uma corrente de ar inesperada. A porta entreabriu-se. É o pai que chega do emprego! Finalmente! Numa mão trás uma regueifa de pão-de-ló e na outra uma caixa muito bonita com duas garrafas, uma de vinho do porto e outra de espumante.
O Jantar vai começar. A Rita, em última hora, propõe que se coloque um castiçal na mesa. Mas todos concordam que o adereço é dispensável. O Nunito acaba de calçar as pantufas ao avô que aquecia os pés à lareira. A mãe roda-lhe a cadeira no sentido da cabeceira da mesa.
Agora sim, está tudo pronto, o jantar de ano novo vai começar. Ao cimo, por de trás da cabeceira da mesa, a leira continua a arder com veemência. Á cabeceira senta-se o avô Afonso. À sua direita a avó Rosalina, à direita desta a mãe do Bertinho. Do outro lado, em frente à mãe, senta-se o pai, ladeado pela Rita à sua direita, que fica sentada entre si e o avô e à esquerda pelo Nuno, o filho mais novo. Á esquerda do Nuno senta-se a senhora Felicidade. De frente para ela, do outro lado da mesa, senta-se o Bertinho e á sua esquerda, entre si e a sua mãe senta-se o seu outro irmão – o Zé.
O jantar começa com a avó a desejar um bom ano para todos e a pedir a Deus para que no próximo ano, neste mesmo dia, a família possa estar de novo reunida a festejar a chegada de um novo ano.
Se assim não acontecer e eu já tiver partido, peço-vos que rezeis um Padre-nosso pela minha alma”- concluiu a avó Rosalina.
O Bertinho repara que neste momento as lágrimas invadem os olhos de todos quantos se sentam à mesa. Mas a certeza de que para o ano ali se encontrarão todos a festejar a aurora de um novo ano, ajuda-os a enxugar as lágrimas.
............, 31 de Dezembro de 1982.

(O Ano Novo está próximo mas ainda não chegou... A história do "Ano Novo do Bertinho" continua para o ano! Bom ano para todos!)

Roteiros do (meu) Natal


São Paio de Oleiros – Santa Maria da Feira

“Presépio do Cavalinho” -  O maior presépio do mundo em movimento!

Quadro do presépio

Uma "construção" magnifica que merece ser visitada por quem gosta de apreciar (e fazer) presépios. Ou simplesmente por quem gosta da temática do Natal e da reprodução de cenas do quotidiano através de peças em movimento!


Cozedura do pão no forno a lenha...
O espigueiro...

A procissão...


Comboio e volta a Portugal em bicicleta














 E tantas outras coisas espetaculares... Para admirar até Março, por miúdos e graúdos!
Parabéns ao promotor e aos seus colaboradores. Aqui está um bom exemplo de como uma empresa pode prosseguir fins sociais, de uma forma inesperada e genuína.  
                        

Paços de Brandão – Santa Maria da Feira

Museu do Papel



Muito bem enquadrado em termos paisagísticos - instalado numa antiga fábrica situada na margem de um rio - possuiu material em ótimo  estado conservação, perfeitamente adequado para divulgar a atividade de produção de papel que se desenvolveu naquele local, recorrendo a técnicas industriais que aos olhos do visitante, dada a evolução tecnológica, hoje parecem quase artesanais. 
Muito adequado para fins pedagógicos. Aconselho uma visita. 


Covilhã

Serra da Estrela - Torre

Será neve?













Parece mas não é...













Apesar da falta de neve a experiência foi espetacular! A imagem daquele mar branco que nos rodeava por todos os lados, fica na memória. Imperdível...

Óbidos

A Vila Natal

Óbidos uma vila extraordinariamente bonita...


A Vila Natal... Engraçada, mas com poucos motivos Natalícios, para o meu gosto... Confesso que esperava algo mais!



















Anda assim, agradável!

E por fim no Peso da Régua

Sem contar...


Ele mesmo: o Pai Natal! O maior que vi até hoje. Disseram-nos depois, tratar-se do maior da Europa...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Roupa blindada para crianças

Esta notícia, não é de todo surpreendente, mas ainda assim deixa-me a pensar.
Não me repugna a ideia de que em sociedades ditas violentas, como as da América do Norte, as pessoas procurem proteger-se o melhor que podem.
Quando os meios institucionais de ordenamento social – sistemas de segurança e justiça – são ultrapassados pela delinquência ou simplesmente pelas atitudes desviantes do comportamento humano, é compreensível que as pessoas acautelem o que têm de mais precioso, a vida.
É compreensível que assim seja, mas não é admissível que a isso sejam obrigadas.
Se assim não for que sentido faz a Declaração Universal dos Direitos do Homem? Leia-se o seu artigo 1º:
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade”.
O facto do estilista colombiano, Miguel Caballero, ter desenhado e se preparar para comercializar uma coleção de vestuário e acessórios blindados para crianças, pode aos olhos da sociedade parecer uma atitude consequente, mas nunca esta a poderá encarar como normal. Nunca.
Já alguém imaginou, numa destas manhãs, ter que perguntar a um filho (ou filha) se já vestiu o blindado, com a mesma naturalidade que se lhe pergunta se já vestiu uma camisola interior?
Não, claro que não.
Mas o simples facto de haver locais neste planeta onde essa prática já faz parte do quotidiano dá-me que pensar...

domingo, 30 de dezembro de 2012

Notícias da Assembleia de Freguesia de Tabuado

Na passada sexta-feira teve lugar mais uma reunião da Assembleia de Freguesia de Tabuado, a última deste ano de 2012.
Nesta reunião, que voltou a ter uma assistência diminuta – apenas dois fregueses – foram aprovados, por unanimidade, as opções do plano, o orçamento e o mapa de pessoal para o ano de 2013.
Das linhas de trabalho apresentadas pelo Executivo para o próximo ano destacaria quatro: (I) a conclusão da construção do novo cemitério, (II) a intervenção, conservação ou remodelação de equipamentos públicos e rede viária, (III) a requalificação do centro cívico da freguesia na extensão que compreende a zona envolvente à Igreja Românica e o Largo das Capelas e (IV) a criação de um espaço tipo museu para preservação e divulgação do património histórico e sociocultural da freguesia de Tabuado.
Pelos dados apresentados pelo Executivo da Junta pôde perceber-se que a execução deste programa vai depender em muito de uma boa execução orçamental no campo da receita, na medida em que todos estes projetos serão executados com recurso a autofinanciamento.
Das intervenções dos membros da Assembleia de Freguesia registo apenas para uma em que o Executivo foi alertado para necessidade de limpeza e manutenção de alguns equipamentos públicos, por forma a manter a sua operacionalidade e evitar que, pelo seu uso menos frequente, possam ser confundidos com bens do domínio privado.
Como é habitual eu estive presente nesta reunião e aproveitei a sua fase final lançar um repto à Assembleia de Freguesia no sentido desta promover um evento tipo “Assembleia Aberta aos Jovens de Tabuado”.
Trata-se de uma ideia que me acompanha há anos mas que nunca tive oportunidade de partilhar com Assembleia de Freguesia. Com esta iniciativa pretendia tão-somente que aquele Órgão se debruçasse sobre a possibilidade de organizar um encontro, em todo semelhante a uma reunião da Assembleia de Freguesia, mas para o qual fossem especialmente convocadas as novas gerações de Tabuadenses. Nesse encontro a Assembleia de Freguesia teria oportunidade de se dar a conhecer aos mais novos, explicando a suas funções e quiçá partilhando com eles um balanço das suas atividades. Mas, na minha perspetiva, esse encontro serviria, acima de tudo, para ouvir os Tabuadenses mais novos. Para saber das suas expectativas em relação ao seu futuro e ao da sua terra; constituiria uma oportunidade para promover a participação cívica das novas gerações e potenciar uma aproximação de pontos vista entre os eleitos da freguesia e os seus eleitores (e futuros eleitores).
A ideia foi assim entendida por alguns dos presentes. Houve também quem sugerisse derivações no modelo do evento. No entanto logo se levantaram uma série de questões de âmbito logístico à volta da organização do mesmo. Por isso, não sei se ideia passará disso mesmo, mas a semente foi lançada.
É que numa altura em que (como tudo leva a crer) Tabuado viu assegurado, em termos administrativos, um caminho autónomo (ao contrário de muitas outras freguesias) importa preparar o futuro para que a terra possa tirar partido dessa circunstância.
A meu ver o futuro da freguesia dependerá em boa medida da preparação das pessoas e da sua vontade para trabalhar em prol das causas coletivas e públicas. Por isso, em termos estratégicos, torna-se necessário envolver, quanto antes, as novas gerações neste processo.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Outro problema para Portugal resolver: a demografia

Nos próximos anos o nosso país vai lutar até à exaustão para resolver o problema da dívida pública e privada.
Mas se algo não for feito e neste país não existirem Homens que ousem pensar a nossa existência coletiva a longo prazo outro problema gravíssimo nos assolará dentro de uma ou, no máximo, duas décadas. E na resolução desse problema não haverá troika que nos valha. Falo da questão demográfica.
Não será necessário que passem muitos anos para que a pirâmide demográfica (etária) do nosso país esteja completamente deformada. A manter-se o “status quo”, a sua base continuar-se-á a estreitar, porque os nascimentos serão cada vez em menor número. Estes ficarão muito aquém do necessário para promover uma substituição geracional sustentada e temo que nos transformemos numa sociedade onde predominem as pessoas idosas, potencialmente menos ativas.
O problema será ainda mais dramático se o sistema de segurança social não resistir, ou for profundamente afetado pela evolução demográfica negativa. Daqui a duas ou três décadas a nossa sociedade já não terá condições para promover uma solidariedade intergeracional dita normal, e muito menos invertida. Os mais novos não serão suficientes para garantirem um mínimo de bem-estar aos mais idosos, finda que seja a sua vida profissional, nem estes poderão ser solidários com os mais novos, auxiliando-os com os rendimentos das suas reformas e pensões de velhice, como acontece nos dias de hoje.
O problema é grave e carece de ser colocado, em definitivo, na agenda de quem tem a responsabilidade de conduzir os destinos do país. É claro que, se for por vontade desses, o assunto será sempre empurrado para quem vier a seguir, tal como o foi a questão da dívida. Mas como este problema é, no meu entender, muito mais grave que o da dívida, espero que os especialistas que o estudam tenham a coragem de o colocar na ordem do dia, para que a sociedade o possa discutir e todos possam contribuir com ideias para a sua resolução.

A casa do Pai Natal, infelizmente, não se ilumina em 2012

Muitos leitores têm procurado notícias sobre “a casa do Pai do Natal” que todos os anos, por esta altura, com as suas milhares de luzes alegrava os olhos e corações, de miúdos e graúdos que passavam pelo alto da serra, na freguesia de Baguim do Monte, na confluência dos Concelhos de Gondomar e Valongo.
Só nos últimos dias foram mais de trezentos os leitores que procuraram informação a propósito deste assunto. Todos manifestam estranheza porque neste ano de 2012 a casa do Sr. Camilo e da Dª. Filomena não se encontra iluminada.
Para informação de todos deixo aqui uma notícia triste. Infelizmente, neste ano, a casa do Pai Natal não está iluminada porque recentemente faleceu a Dª. Filomena Pereira, a grande dinamizadora do evento.
Porque me incluo no rol daqueles que todos os anos passavam com a família pela rua António Correia de Oliveira, para ali viver – sobretudo com os mais pequenos – largos minutos de encanto, deixo aqui uma homenagem muito merecida à pessoa da Dª. Filomena.
É público que esta Senhora contribuiu ao longo dos anos para que muitas famílias e principalmente muitas crianças tivessem um Natal mais feliz. Era popular a sua iniciativa de solicitar aos mais pequenos que escrevessem uma carta ao Pai Natal e a colocassem na caixa de correio que tinha sempre um lugar de destaque na sua casa iluminada. Na resposta a essas cartas, a expensas próprias ou com colaboração de Instituições, ajudou muita gente a ter uma vida melhor.
Por tudo isto e pelos momentos de ternura que foi proporcionando ao longo dos anos a milhares de pessoas (sobretudo crianças), a Dª. Filomena Pereira é digna da nossa admiração e reconhecimento.
Aproveito a ocasião para deixar aqui uma palavra de conforto à família enlutada, de forma particular ao seu marido, Sr. Camilo Pereira, e aos seus filhos.
Para quem não sabe do que estou falar pode dar uma espreitadela aqui.