Ontem fui a um funeral.
Seguramente este tema não é dos meus predilectos, também não o será, por certo, para alguns dos que possam ler estas minhas palavras. Ainda assim quero dizer que não sou daqueles que evitam falar deste tema ou mesmo participar nestes actos. Acho que o respeito pela dignidade humana, a par de outras convicções (para quem as tem), exige de nós um esforço para nestas ocasiões manifestarmos respeito para com os que partem e solidariedade para com os que ficam.
O último em que tinha participado aconteceu no verão passado. Nele foi a sepultar uma minha conterrânea, vítima da derrocada de uma falésia na praia Maria Luísa, em Albufeira. Foi muito participado e decorreu num clima de grande consternação.
Aquele em que participei ontem foi muito diferente.
Foi a sepultar o meu colega e amigo BR e é em homenagem a ele que aqui escrevo estas palavras.
Conheci o BR há dez anos, quando ingressamos na mesma carreira profissional e a minha convivência diária com o ele, fez-me formar a convicção (e a certeza) de que tratava de um homem sensato, solidário e amigo.
Passou os últimos quatro anos e meio a lutar contra uma doença muito rara. Neste período manteve-se igual a si próprio. Nunca se deixou abater pelas contrariedades da doença e perante os seus avanços, foi respondendo de forma quase inexplicável. A períodos de grande debilidade seguiram-se recuperações extraordinarias e apesar do corpo enfraquecer progressivamente a sua coragem e a sua presistência nunca esmoreceram.
O facto de apenas ter deixado o posto de trabalho, quando as pernas deixaram de funcionar, atesta bem a nobreza do seu carácter, o seu profissionalismo e sua amizade pelos colegas.
Estes factos foram invocados em testemeunhos antes e durante as cerimónias funebres, que se revestiram de uma sensibilidade poucas vezes vista nestas circuntâncias. No regresso alguém me dizia: este foi um funeral diferente. E foi de facto.
Amigo BR, ogrigado e até sempre.
Um beijo à L. e outro à P.
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