terça-feira, 29 de março de 2011

Falar claro sobre a situação de Portugal

Portugal está a correr a passos largos para um beco sem saída.
Até agora, embora pagando juros muito elevados, o país tem conseguido financiar-se. Mas juros a níveis tão altos, não são suportáveis por muito mais tempo. E sejamos claros, esta é uma situação que não é de agora, tão pouco foi provocada pelo chumbo do PEC IV, ela arrasta-se há quase um ano porque o Governo nunca foi capaz de incutir nos mercados a ideia de que teria capacidade para implementar medidas que permitissem corrigir o descontrolo das contas públicas, o aumento da dívida soberana e a trajectória em declínio da nossa economia.
Esta é que é a verdade.
De facto, na minha opinião, o Governo demorou tempo a perceber que os mercados são bem mais exigentes que os portugueses no que diz respeito a promessas e a boas intenções. Se os portugueses, na sua irritante complacência, são capazes de não se revoltarem contra um Governo que fala a várias vozes e que num dia diz uma coisa e no outro exactamente o seu contrário, como tantas vezes aconteceu nos últimos dois ou três anos – veja-se o que aconteceu com os incríveis recuos e avanços nos grandes projectos de obras públicas como TGV, o novo aeroporto ou terceira travessia sobre o Tejo – já os mercados não funcionam assim; levam as suas análises ao extremo, e não se deixam enredar por falinhas mansas, nem por discursos de trazer por casa. Avaliam riscos de investimento e fazem-se remunerar tendo por base essa avaliação.
Mas a situação pode tomar proporções ainda mais graves. Com os sucessivos cortes no “rating”, a dívida soberana de Portugal está à beira de ser considerada “lixo” para os mercados financeiros. Ora quando isto acontecer, ou melhor quando os mercados perspectivarem esta situação, já não haverá investidores interessados em comprar a nossa divida, nem com remuneração a juros muito altos. Isto acontece porque os fundos de investimentos têm estatutos onde constam regras que os impedem de fazer investimentos em produtos eventualmente tóxicos, como seja por exemplo a dívida soberana de um país não recomendável em termos financeiros e económicos. Numa situação extrema como esta, esses investidores só admitem continuar a financiar esses Estados, e as suas economias, se aqueles tiverem “fiadores”, como por exemplo o FMI. Ora, todos nós sabemos as regras que são impostas por organismos como o Fundo Monetário Internacional, para avalizarem um país em dificuldades...
Chegados a este ponto que alternativas nos restam?
Uma coisa parece certa, já não basta o Primeiro-ministro e o Governo dizerem que Portugal não vai recorrer a ajuda externa.
(E já agora, convém que estes dois agentes políticos se convençam que até aos portugueses mais simplórios já começa a incomodar este discurso de campanha eleitoral, em que se responsabilizam os adversários políticos pelo actual estado de coisas, quando são eles próprios responsáveis pela condução do país há seis anos)
Será que chega a declaração dos partidos da área da governação de que se comprometem a dar continuidade ao programa de reequilíbrio das contas públicas, negociado com a União Europeia?
Esperemos para ver.
Mas eu temo que já nos falte tempo, aquele que andamos a desperdiçar ao longo dos últimos dois ou três anos. Tomara que não.     

Dia negro para Portugal

A agência de “rating” Standard & Poor´s cortou, pela segunda vez em 5 dias, o “rating” da República. Portugal passou agora do nível “BBB” para o nível “BBB-“ e a nossa dívida está a um passo de ser considerada “lixo” para os mercados financeiros.
Com este corte no “rating”, os juros sobre das Obrigações do Tesouro a 5 anos tocaram hoje os 8,991%, o que é um novo máximo de sempre para os juros neste segmento.
Também hoje o Banco de Portugal divulgou o seu Boletim Económico de Primavera, onde reviu em baixa as estimativas de crescimento económico para este ano, prevendo uma contracção do PIB nacional de 1,4%.
Perante estas notícias, José Sócrates, o Primeiro-ministro demissionário, voltou esta tarde a ser categórico ao afirmar que o Governo não tem nenhuma intenção de pedir ajuda externa e acusou a oposição de ter tido um "gesto imaturo e irresponsável” ao chumbar o PEC IV e ter criado uma “barafunda” que conduziu o país ao estado de dificuldade em que se encontra.
Cautela! A situação é demasiado grave para que se não fale claro...

segunda-feira, 28 de março de 2011

Souto Moura vence o prémio Pritzker 2011

Soube-se hoje que o arquitecto Souto Moura, foi galardoado com o prémio Pritzker, que é considerado o “Nobel” da arquitectura.
galardão, criado em 1979 pela Fundação Hyatt, sediada nos Estados Unidos, tem como objectivo distinguir anualmente um arquitecto vivo pelo seu trabalho excepcional e já foi atribuído a nomes como Philip Jonhson (1979), Oscar Niemeyer (1988), Frank Gehry (1989) ou Álvaro Siza Vieira (1992).
Nascido no Porto, em 1952, Eduardo Souto Moura, um dos grandes nomes da arquitectura moderna portuguesa, terminou a licenciatura, na Escola Superior de Belas Artes do Porto, em 1980 e iniciou a sua carreira colaborando no atelier de Álvaro Siza Vieira, com quem trabalhou durante 5 anos.

Estádio Municipal de Braga
Entre as suas obras mais conhecidas, destacam-se, além do Estádio Municipal de Braga (2000/03), a Casa das Histórias – museu da pintora Paula Rego, em Cascais, a Casa das Artes no Porto (1981/91), a Estação de Metro da Trindade, o Centro de Arte Contemporânea de Bragança (2004/2008), o Hotel do Bom Sucesso, em Óbidos, o Mercado da Cidade de Braga (1980/84), a Marginal de Matosinhos - Sul (1995), o Crematório de Kortrijk (Bélgica) ou o Pavilhão de Portugal na 11ª Bienal de Arquitectura de Veneza (1985).

Casa das Histórias - museu Paula Rêgo (Cascais)
No comunicado emitido pelo júri do prémio, pode ler-se «Durante as últimas três décadas, Eduardo Souto Moura, produziu um corpo de trabalho que é do nosso tempo mas que também tem ecos da arquitectura tradicional. Os seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas, como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza, a ousadia e simplicidade - ao mesmo tempo». O júri sublinha ainda a confiança que arquitecto português tem em «usar uma pedra com mais de mil anos ou a inspirar-se num detalhe moderno de Mies van der Rohe». 
Na minha opinião esta distinção é, antes de mais, um prémio justo para o trabalho que Souto Moura vem desenvolvendo há anos e que lhe tem granjeado grande prestígio a nível nacional e internacional; e para Portugal, é uma honra, que no espaço de pouco mais de trinta anos de existência, o prémio já tenha sido atribuído a dois arquitectos portugueses, e da escola do Porto.

sábado, 26 de março de 2011

Esta é a hora do planeta

Ah! Agora me lembro... esta é a hora do planeta!
Vou apagar todas as luzes cá em casa, e nessa medida faço também aqui um interregno no "Cidadão com Opinião".
Façam como eu... até breve, e obrigado por serem amigos do planeta.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Cientistas portugueses dão cartas

Em Portugal nem tudo são más noticias.
É com muita esperança e entusiasmo que leio estas notícias, que, felizmente, vão sendo cada vez mais frequentes, e que provam que os portugueses, quando lhes são dadas condições, conseguem estar na vanguarda do mundo científico, ser inovadores, enfim, ser tão bons como os melhores.
São os portugueses que continuam a fazer-me acreditar que o fado de Portugal pode ser diferente!
Parabéns para a equipa da Dra. Paula Soares e uma palavra de estimulo, para lhes dizer, que há muita gente que segue com admiração o seu trabalho de investigação e que deposita nele muita esperança.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Governo caiu e a campanha começou

O Plano de Estabilidade e Crescimento foi hoje disctuido na Assembleia da República e contra a vontade do PS, foi submetido a votação, tendo sido chumbado com votos contra de todos os partidos da oposição.
A crise política que estava anunciada concretizou-se: perante o chumbo do PEC o primeiro-ministro apresentou a sua demissão ao Presidente da República e ao que tudo indica, o país vai para eleições, o mais tardar lá para Junho.
O que também parece  ter ficado claro, é que pelo tom e conteúdo dos discursos que foram proferidos à tarde no Parlamento, e à noite, em reacção à demissão do Primeiro-ministro, a campanha eleitoral já começou.

terça-feira, 22 de março de 2011

A crise política anunciada

A crise política que o país evitava, pelo menos para já, tem dia e hora marcada.
Amanhã, quarta-feira, ás 15:00 horas, é discutido no parlamento o PEC IV, e ao que tudo indica, será chumbado, porque todos os partidos da oposição já anunciaram a rejeição das medidas contidas no documento e já quase todos manifestaram intenção de submeter a votação projectos de resolução contra o mesmo.
Ora, a ser aprovado pelo menos um destes projectos de resolução, o PEC é chumbado e fazendo fé em declarações públicas proferidas pelo primeiro-ministro José Sócrates, este pedirá a demissão, o governo cairá e o país vai para eleições.

Morreu Artur Agostinho


Artur Agostinho
25-12-1920
22-03-2011

Aos 90 anos de idade, morreu hoje Artur Agostinho, um dos mais brilhantes comunicadores portugueses.
Artur Agostinho foi um Homem da rádio, da televisão, do cinema e fez ainda uma investida no mundo da escrita.
No pequeno ecrã, Artur Agostinho, apresentou o primeiro concurso da televisão portuguesa, o "Quem Sabe, Sabe", e participou em programas como "O Senhor que se Segue", "No Tempo Em Que Você Nasceu" e "Curto-Circuito". Participou ainda em séries e telenovelas como “Casa da Saudade”, “Ganância”, “Clube das Chaves”, “Ana e os Sete”, “Sonhos Traídos”, "Inspector Max","Tu e Eu", "Pai à Força" e "Perfeito Coração".
No cinema, como actor, Artur Agostinho, participou nos filmes Cais do Sodré (1946), “O Leão da Estrela (1947), “Capas Negras" (1947), “Cantiga da Rua"(1950), “Sonhar é Facil" (1951), “O Tarzan do 5º Esquerdo" (1958), “Dois Dias no Paraíso" (1958), “O Testamento do Senhor Napumoceno" (1977), “A Sombra dos Abutres (1998) e “Perfeito Coração" (2009).
Artur Agostinho, foi também jornalista, tendo dirigido o jornal “Record” entre 1963 e 1974 e escreveu dois livros, “Português sem Portugal” em 1977 e “Bela, riquíssima e além disso...viúva” em 2009.
Como radialista notabilizou-se aos microfones da Emissora Nacional de Radiodifusão, onde também se distinguiu como brilhante relator desportivo.
E foi a ouvir relatos de futebol, ao Domingo à tarde, na Rádio Renascença, corriam os anos 80 do século passado, que eu, então menino, soube quem era o Artur Agostinho... Grandes dérbis, boas memórias!

Obrigado Artur Agostinho.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Algumas medidas contidas no PEC IV

Numa análise rápida anotei algumas medidas contidas no documento do PEC IV.
Aqui está tema de conversa para os próximos dias!
  • Cenário macroeconómico para 2011 - contracção da economia em 0,9%;
  • Empresas públicas com despesas mais controladas e indemnizações compensatórias reduzidas;
  • Concessão a privados da exploração dos serviços de transporte ferroviário de passageiros integrados nas unidades de negócio CP Lisboa e CP Porto;
  • Gestão conjunta entre Carris e Metropolitano de Lisboa e entre STCP e Metro do Porto;
  • Aceleração e alargamento do plano de privatizações;
  • Maior controlo nas prestações sociais;
  • Cortes nas comparticipações dos medicamentos;
  • Redução de 10% nos custos com aquisição de bens e serviços na Administração Central do Estado nos próximos dois anos;
  • Racionalização das taxas do IVA;
  • Revisão de benefícios fiscais e deduções à colecta;
  • Os novos contratos de crédito à habitação não vão poder deduzir a amortização no IRS.
  • Planos de auto-poupança individual;
  • Trabalhadores, pensionistas e beneficiários de subsídios pagos pelo Estado vão poder aplicar de forma automática e periódica, uma parte da sua remuneração, da pensão de reforma ou do subsídio em produtos de poupança à sua escolha;
  • Extinção ou fusão de estruturas administrativas do Estado;
  • Supressão de 991 cargos dirigentes em 2011;
  • Corte de 170 milhões de euros nas transferências para as Autarquias em 2012;
  • Receitas adicionais de capital, decorrentes de concessões na área do jogo, comunicações e energia e venda de património;
  • Bancos com níveis de solidez mais elevados - rácio de solvabilidade no mínimo de oito por cento.

PEC IV - O documento

Quem quiser já pode consultar aqui o documento do PEC IV.

domingo, 20 de março de 2011

Como se ganha um ano de vida (ou a história de um engano)

Nestes dias, em que todos vivemos bastante amargurados com tantos problemas que nos rodeiam, sabe bem saber de coisas simples, quase caricatas, que nos vão dando pequenas alegrias e motivo para um bom par de gargalhadas. Digam lá se não é mesmo assim...
Um dia destes, liguei a um amigo (por coincidência um daqueles que também aparece por cá com frequência) para lhe dar os parabéns, por mais um aniversário.
Sabendo eu a sua idade, em tom de provocação, perguntei-lhe: então como te sentes com x... anos?
Propositadamente, na minha pergunta, acrescentei mais um ano à sua idade. Esperava eu ouvir do outro lado a resposta clássica (!): Alto lá (!)... Ainda não são x... anos, mas sim y... anos! Lá chegarei... aos x... anos!
Mas querem lá saber que esse meu amigo, ele próprio, durante um ano da sua vida também se enganou na sua própria idade! Disse-me que sempre que foi questionado acerca do assunto, durante o ano que passou, respondeu sempre que tinha a idade que só agora completou, ou seja, andou durante um ano convencido que tinha mais um ano de vida.
Naturalmente, só teve consciência dessa realidade agora, por ocasião do aniversário, quando se pôs a fazer contas à vida... que já viveu!
Dizia-me ele que, apesar do caricato, a situação lhe tinha provocado uma sensação de alívio, uma espécie de retrocesso no tempo, enfim, um rejuvenescimento... mesmo que fosse por engano!
Um grande abraço para o AM, o protagonista do rejuvenescimento (ou da história de um engano!).

sábado, 19 de março de 2011

Canções & Músicas TOP


 Roberto Carlos - Meu querido, meu velho, meu amigo (original)

Dia do Pai

Comemora-se neste dia 19 de Março o do Pai. A minha homenagem a todos os Pais, e em particular ao meu, fica aqui na forma de um humilde poema (da minha autoria...).

Dia do Pai

O Pai é como um dia,
Que começa no amanhecer,
Da vida,
De cada Filho.

O Pai é como a vida,
Que se consome,
Em cada dia, da vida,
De cada Filho.

Enquanto a vida der mais um dia,
A cada Filho,
Cada Pai viverá, mais um dia,
Pela vida, e na vida,
De cada Filho.

Então cada dia,
Na vida de cada Filho,
Será dia do Pai,
Porque cada Filho, prolonga na vida,
A vida de cada Pai.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Intervenção internacional na Líbia

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas aprovou ontem a Resolução 1973 que autoriza o uso da força na Líbia com base no capítulo VII da Carta da ONU. O documento foi aprovado com dez votos a favor, zero votos contra, e cinco abstenções – Alemanha, Brasil, China, índia e Rússia.
Numa manobra incoerente e de pura táctica política, o regime de Kadafi apressou-se a decretar unilateralmente o cessar-fogo para cumprir a resolução da ONU e declarou-se “interessado em proteger os civis”. (Como se alguém acreditasse em tão súbita mudança...)
Entretanto, pelo que se lê aquiaqui e também aqui, a comunidade internacional vai tomado posição e começa a organizar-se e a reunir meios para levar a cabo uma intervenção militar que faça cumprir a resolução da ONU.
Espero que a intervenção seja rápida e eficaz, porque tardia já ela o é. No entanto, mais vale tarde que nunca...

quinta-feira, 17 de março de 2011

PEC 4: a imagem da insensibilidade social

O Governo apresentou esta semana a “actualização anual do programa de estabilidade e crescimento” que fica conhecido como o PEC 4.
Genericamente este documento elenca uma série de medidas que o Governo se propõe implementar, quer do lado da despesa, quer do lado da receita, para conseguir alcançar as metas de redução do défice para os anos de 2011, 2012 e 2013.
Ora, no que diz respeito à despesa, o Governo propõe-se diminuir o valor daquela em 2,4% do PIB nos anos de 2012 e 20013.
Uma das medidas que o Governo pensa pôr em prática para atingir aquele desiderato é o congelamento dos salários no sector público e das pensões. No caso das pensões está ainda prevista a aplicação de uma contribuição especial com impactos semelhantes à da redução nos salários da Administração Pública, o que significa que os pensionistas com pensão superior a 1.500,00€ verão o valor daquela reduzida.
Esta medida parece-me extremamente injusta e revela uma grande insensibilidade social na hora de repartir os sacrifícios necessários para o equilíbrio das contas públicas.
Como é que é possível congelar pensões de 300,00€? Numa época de inflação crescente, como a que estamos a viver, em que todos os dias somos confrontados com aumentos dos medicamentos, da água, da luz, do pão, etc., atrevo-me a perguntar: como é que vão sobreviver os mais de um milhão de pensionistas que tê pensões iguais ou inferiores a 300,00€?
Não estará na hora de se ser mais justo na distribuição dos sacrifícios que se pedem às pessoas? Não será chegado o momento de pedir um esforço aos que mais podem?
Estou certo que sim e explico como e porquê.
O Governo já congelou os salários dos funcionários do sector público e reduziu a remuneração de todos aqueles que auferiam salários brutos mensais superiores a 1.500,00€; o mesmo Governo prepara-se agora para congelar todas as pensões e reduzir também as de valor superior a 1.500,00€.
Ora, porque que é ficam fora deste esforço, todos aqueles portugueses, que não sendo empregados do Estado ou do sector público, nem pensionistas, auferem também salários superiores a 1.500,00?
Não seria justo, por uma questão de equidade, fazer incidir também sobre estes salários uma contribuição especial nestes dois anos de esforço nacional para equilíbrio das contas públicas?
Penso que sim. Quanto mais não seja, pelo facto de também esses portugueses, empregados por conta de outrem ou trabalhadores por conta própria, profissionais liberais, empresários ou comerciantes, serem beneficiários do Estado, que a todos proporciona, por exemplo, ensino, assistência na saúde e segurança, tendencialmente gratuitos.
Se assim procedesse, o Governo por certo não necessitaria de congelar as pensões mais baixas e deixar uma percentagem significativa da população portuguesa num estado de autêntica emergência social.

quarta-feira, 16 de março de 2011

A comunidade internacional abandonou a Líbia?

Numa entrevista ao canal televisivo Euronews, que será transmitida esta quarta-feira à noite, Seif al-Islam (filho de Kadafi) disse que a eventual aprovação pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia "virá demasiado tarde", porque "dentro de 48 horas tudo estará concluído".

A ofensiva das forças governamentais sobre Benghazi, segunda cidade da Líbia e capital da revolta contra Muammar Kadafi, está em curso e poderá incluir bombardeamentos aéreos, o que acontecer se poderá transformar numa verdadeira chacina dos revoltosos.

Na minha opinião, trata-se de uma vergonha para a comunidade internacional...

domingo, 13 de março de 2011

O Sismo no Japão

O sismo que atingiu o Japão na sexta-feira teve uma intensidade impressionante. A sua magnitude foi agora revista para 9 graus na “Escala de Richter”. Mas apesar da violência deste fenómeno natural que atingiu aquele país asiático, as estruturas edificadas resistiram de forma extraordinária. Viram-se arranha-céus que se moveram sobre si mesmos, mas não caíram – impressionante! Ficou assim provado que têm aplicação prática as teorias da construção anti-sísmica. O Japão que é um país desenvolvido e habituado a conviver com fenómenos desta natureza, há já muito tempo que implementou políticas de construção que seguem aquelas teorias. E o efeito está à vista: qual seria a dimensão da tragédia se todas aquelas grandes edificações não tivessem resistido?  
Ainda assim a natureza tem uma força inimaginável, e se o Homem foi capaz de enfrentar o tremor de terra pela resistência da construção, o mesmo já não conseguiu fazer em relação ao tsunami provocado pelo abalo. As ondas gigantes entraram pela terra adentro e investiram contra tudo o que encontraram pela frente, espalhando a destruição e a morte.
A dimensão desta tragédia naturalmente ainda não está determina e seguramente saldar-se-á em milhares de mortos, mas ainda assim, fica a ideia de que as suas consequências poderiam ser muito mais gravosas caso o Japão não tivesse investido de forma determinada em políticas de construção que aumentam a resistência a fenómenos desta natureza.
E por cá, temos feito o suficiente para nos preparamos para enfrentar um fenómeno semelhante a este? Até que ponto são acauteladas a regras de construção anti-sísmica no processo de licenciamento e fiscalização da construção no nosso país? Em que medida é que a nossa política de ordenamento do território prevê a protecção das zonas costeiras de fenómenos semelhantes aos tsunamis? De que forma temos investido na educação das nossas populações para agir em situações de catástrofe?
É que, tal como o Japão, Portugal também se encontra situado numa zona com propensão sísmica. É bom que não nos esqueçamos deste facto.

sábado, 12 de março de 2011

A “Geração à Rasca” protestou!

Pelo que se lê aqui e pelo que se foi vendo e ouvindo ao longo da tarde nas televisões e nas rádios, o protesto da “Geração à Rasca” atingiu proporções de uma grande manifestação, repartida por várias cidades ao longo do país, com natural destaque para Lisboa e Porto.
Pelo que foi possível constatar, esta acção de protesto, de origem popular e apartidária, convocada através da rede social facebook, foi em termos sociais bastante abrangente e transformou-se numa acção de contestação inter-geracional. De facto, sem nunca perder de vista a génese do protesto – a precariedade nas relações laborais e o desemprego que afecta os mais jovens – esta manifestação transformou-se numa acção de reivindicação de melhores condições de vida, não só para esses, mas também para os seus pais e avós.
Devo confessar que estava expectante quanto à expressão numérica que atingiria este protesto. Nos últimos dias, senti que foi criado um “ruído” à volta desta manifestação, com o objectivo de tentar conter o seu impacto. Pode ter sido impressão minha, mas o que é facto é que primeiro foram as críticas severas de certos comentadores políticos ao Presidente da República, presumindo que este se estaria a dirigir aos jovens que hoje se manifestaram, quando no discurso da sua tomada de posse apelou aos jovens de Portugal para que “Ajudem o seu país. Para que façam ouvir a vossa voz. Para que sonhem mais alto”; Depois foram as notícias de que os organizadores, e os bastidores desta manifestação, estariam a ser vigiados pelas forças de segurança e serviços de informação; Depois foi a tentativa de colagem da organização a partidos políticos ou a estruturas sindicais; E por fim, foi a tentativa de minorar os fundamentos sociológicos deste movimento: um dia destes dois comentadores na SIC Notícias, apelidavam este movimento de uma especie de "conversa de tasca".
Também por causa deste contexto intemidatório que foi criado em seu redor, havia uma natural expectativa para ver como decorreria o protesto. Felizmente tudo correu com normalidade. O protesto teve a dimensão de uma grande manifestação. Os jovens, e os menos jovens, tiveram oportunidade de fazer ouvir a sua voz. E, quem de direito – governantes, estudiosos, cementadores – tem agora obrigação de, pelo menos, tentarem perceber porque é que mais de duzentos e cinquenta mil portugueses saíram hoje à rua. Isto digo eu...

sexta-feira, 11 de março de 2011

O livro que estou a ler “O Primo Bazilio” - II

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Finalmente conclui a leitura de “O Primo Bazilio”.
Tal como aqui tinha dito, esta não era a primeira vez que tentava ler esta obra de Eça de Queirós. Já alguns anos o tinha tentado e, por força de circunstâncias, que já nem recordo, acabei por não concluir a sua leitura na totalidade. Curiosamente, também agora, nesta segunda tentativa, tive dificuldades para ler o livro de “forma continuada”, que é como quem diz de forma célere.
Todavia, a circunstância da leitura se ter prolongado no tempo, não significa que o livro tenha sido pouco interessante, bem pelo contrário. A labuta do dia-a-dia é que nem sempre me permitiu esfolhear tantas páginas como gostaria, inclusive ao ritmo do que a própria narrativa ia exigindo. Ainda assim, fui lendo, ora mais, ora menos... e finalmente acabei.
Nesta obra, Eça de Queirós faz um retrato da burguesia média baixa, da Lisboa da década de setenta, do século dezoito. O seu modo de vida, os seus luxos, as suas futilidades, os seus valores...
Neste livro, o autor aborda em particular o tema do adultério. “Uma jovem, muito bela, casada com um homem, também ele jovem e bem-parecido, com um bom emprego e muito estimado no seu círculo de amigos. Um casal que se ama e que é perfeito aos olhos da sociedade (...) Por motivos profissionais, o marido ausenta-se por um largo período de tempo e o inesperado acontece: uma paixão antiga, entre dois primos que se reencontram, renasce (...) Mas esta relação extraconjugal, que parecia ser fundada em sentimentos genuínos e sinceros, transforma-se num drama, porque para ele – o Primo – esta relação não passa de um biscate para satisfação dos seus deleites, durante uma permanência em Lisboa, que depois se vê foi breve...”
Para quem lê o livro, as páginas de “O Primo Bazilio” transformam-se numa espécie de tabuleiro, onde vão evoluindo duas sociedades que coexistem no Portugal daquela época; uma, conservadora, fechada e muito institucionalista; a outra progressista e liberal, que põe de lado muitos dos valores tradicionais.
É neste contexto, de uma sociedade em ebulição, que se desenrola a narrativa que a determinado altura fica irremediavelmente marcada pela tristeza de um drama humano, vivido por uma mulher, que engana e é enganada.
Devo confessar, que o “retrato” que Eça faz da mulher, como um objecto de que se dispõe a belo prazer, se usa e depois se deita fora, de forma brutal e cruel, me impressionou. O mesmo já tinha acontecido quando li outra obra do mesmo autor e contemporânea desta “O Crime do Padre Amaro”.

O Primo Bazilio” em cinco personagens:
Luíza (a mulher), Jorge (o marido), Bazilio (o primo), D. Leopoldina (a amiga) e Juliana (a empregada).

O Primo Bazilio” num excerto:
É que o amor é essencialmente perecível, e na hora que nasce, começa a morrer. Só os começos são bons. Há um delírio, um entusiasmo, um bocadinho de Céu. Mas depois...
Seria pois necessário estar sempre a começar para o poder sempre sentir?...


quarta-feira, 9 de março de 2011

Cavaco Silva tomou posse



Cavaco Silva tomou hoje posse no seu segundo mandato como Presidente da República.
Do seu discurso na cerimónia de tomada de posse, retive algumas frases. Disse o Presidente reeleito: é preciso fazer "um diagnóstico correcto e um discurso de verdade sobre a situação do país" e vincou esta ideia acrescentando que “Portugal vive uma situação de emergência económica e financeira que é já, também, uma situação de emergência social
O Chefe de Estado defendeu ainda que "Portugal precisa de um sobressalto cívico" e que está na altura "dos portugueses despertarem da letargia em que têm vivido e perceberem claramente que só uma grande mobilização da sociedade civil permitirá garantir um rumo de futuro para a legítima ambição de nos aproximarmos do nível de desenvolvimento dos países mais avançados da União Europeia".
Cavaco disse ainda que "ao Estado cabe definir com clareza as linhas estratégicas de orientação, as prioridades e os principais desígnios para o todo nacional", que servirão de modelo para o sector público e privado  e que "Portugal precisa de ser realista em relação aos seus sonhos".
Por fim o Presidente da República deixou um apelo aos jovens de Portugal: "Ajudem o vosso país. Façam ouvir a vossa voz. Sonhem mais alto".

domingo, 6 de março de 2011

Que futebol este (fora de campo)

O Benfica perdeu esta noite com Sporting de Braga por 2 a 1 e disse adeus à revalidação do título nacional. Este é um facto que parece pacífico...
Acompanhei o final do jogo, através do relato de uma emissora de rádio, via INTERNET. Depois senti-me tentado a fazer um zapping pelos diversos canais de notícias para ver o que por lá se dizia a propósito da derrota do Benfica.
Na TVI e na RTPN, nada de novo: o reconhecimento de que o campeonato teria acabado para o Benfica; a ideia de que o Clube da Luz, neste jogo, esteve uns furos abaixo da performance que vinha apresentando nas últimas semanas; os deslizes individuais na equipa encarnada; e mais nada... (desempenho e/ou mérito do Braga – zero opiniões!)
Na SIC Noticias, o supra sumo dos comentadores desportivos em Portugal: Rui Santos.
Como habitualmente, cotovelos em cima da secretária, mãos ao nível do peito, em constante movimento, ora gesticulando, ora esfregando-as uma na outra. Semblante pouco expressivo, e quanto ao jogo: disputado num clima muito agreste para o Benfica; arbitragem com erros; a equipa (o Benfica) chegava a este jogo muito desgastada porque vinha a praticar um futebol espectáculo, muito exigente em termos físicos, ao longo dos 90 minutos.
Mas o melhor estava para vir. Quanto ao Sporting de Braga, nas palavras do comentador, o clube encarou este jogo de forma desmesurada: “parece que até ganharam a liga dos campeões...”
Realmente, que saloios estes rapazes do Minho! Não saberiam eles que a sua função era estender a passadeira vermelha aos vermelhos da segunda circular?
Faltas de isenção e facciosismo, cada um toma os que quer. Eu mudei de canal, fui ver o Canal História!

Conflito na Líbia


Na Líbia, fruto da revolta popular contra o Coronel Muammar Kadafi, começa a ganhar forma um rio em que corre o sangue das vítimas do conflito. Ao certo, ninguém sabe qual é a dimensão exacta do drama humano provocado por aquela espécie de guerra civil, não declarada, em que aquele país do Norte de África se viu mergulhado.
Comparando a revolta que eclodiu na Líbia com as que se lhe antecederam na Tunísia e Egipto, poder-se-á perguntar: o que distingue esta das outras para que o número de vítimas seja já, nesta altura do conflito, muito superior?
Na minha opinião tudo tem a ver com a forma de organização dos Estados e com estruturação das forças de segurança e militares. Quero com isto dizer que nos outros dois países, Tunísia e Egipto, as forças de segurança e militares, sobretudo o exército, apesar de estarem submetidas ao poder político, eram organizacionalmente estruturadas e obedeciam a uma hierarquia autónoma e bem definida. Foi por isso que quando a estrutura militar decidiu ficar neutra, não investindo contra a população, se pouparam seguramente muitas vidas. No caso da Líbia parece-me que o grau de autonomia organizacional das forças policiais e militares é muito menos perceptível. Daí que, o ainda Chefe de Estado, se permita comandar de forma “musculada” estruturas militares (que não sei se a sua totalidade) e as faça investir contra os revoltosos, transformando esta revolução num conflito que assemelha a uma espécie de guerra civil, em que perda de vidas humanas e muito mais significativa.
E que futuro terá a Líbia?
Creio que o caminho só pode ser um: o de um Estado democrático, ou semi-democrático, onde possa coexistir a democracia, tal como a conhecemos, e uma espécie de poder tribal, ainda reminiscente naquele país.
O que parece indubitável, é que não se antevê futuro para um regime em que um Chefe de Estado diz que lutará até à morte pelo país, quando do outro lado da contenda  está uma grande parte da população desse mesmo país.
Um líder só o é, enquanto é querido pelos liderados, tudo o resto é uma questão de tempo... Mesmo que a comunidade internacional invente uma solução para este conflito semelhante à que encontrou para a primeira guerra do Iraque.

sábado, 5 de março de 2011

Pensamentos e citações

"Aceita o conselho dos outros, mas nunca desistas da tua própria opinião"

William Shakespear

(Dramaturgo, Poeta, Actor e Compositor inglês - 1564/1616)