Nos
próximos anos o nosso país vai lutar até à exaustão para resolver o problema da
dívida pública e privada.
Mas
se algo não for feito e neste país não existirem Homens que ousem pensar a
nossa existência coletiva a longo prazo outro problema gravíssimo nos assolará dentro
de uma ou, no máximo, duas décadas. E na resolução desse problema não haverá troika
que nos valha. Falo da questão demográfica.
Não
será necessário que passem muitos anos para que a pirâmide demográfica (etária)
do nosso país esteja completamente deformada. A manter-se o “status quo”, a sua base continuar-se-á a
estreitar, porque os nascimentos serão cada vez em menor número. Estes ficarão
muito aquém do necessário para promover uma substituição geracional sustentada
e temo que nos transformemos numa sociedade onde predominem as pessoas idosas, potencialmente
menos ativas.
O
problema será ainda mais dramático se o sistema de segurança social não
resistir, ou for profundamente afetado pela evolução demográfica negativa. Daqui
a duas ou três décadas a nossa sociedade já não terá condições para promover
uma solidariedade intergeracional dita normal, e muito menos invertida. Os mais
novos não serão suficientes para garantirem um mínimo de bem-estar aos mais
idosos, finda que seja a sua vida profissional, nem estes poderão ser
solidários com os mais novos, auxiliando-os com os rendimentos das suas reformas
e pensões de velhice, como acontece nos dias de hoje.
O
problema é grave e carece de ser colocado, em definitivo, na agenda de quem tem
a responsabilidade de conduzir os destinos do país. É claro que, se for por
vontade desses, o assunto será sempre empurrado para quem vier a seguir, tal
como o foi a questão da dívida. Mas como este problema é, no meu entender,
muito mais grave que o da dívida, espero que os especialistas que o estudam
tenham a coragem de o colocar na ordem do dia, para que a sociedade o possa
discutir e todos possam contribuir com ideias para a sua resolução.