Há dias assisti a uma situação que me chocou profundamente.
Uma senhora, acompanhada do seu filho, com sete ou oito anos de idade, estava à minha frente na caixa de um supermercado para efectuar o pagamento das suas compras. Tudo normal. Pôs as compras em cima do tapete. Eram poucos artigos, chegaria rapidamente chegaria à minha vez, por isso fiquei contente.
Percebem o porquê da minha satisfação (?!!!)... Com certeza já todos experimentamos aquela sensação de desespero quando temos que esperar “tempo sem fim” porque quem está à nossa frente foi fazer as compras do mês. Os outros sentirão o mesmo, quando somos nós a fazê-las.
As perspectivas eram boas, o que veio a seguir è que não.
Depois de passar todos os artigos a funcionária fez as perguntas do costume – Tem cartão disto? Tem cartão daquilo? … A senhora foi respondendo sempre da mesma forma – Não.
Posto isto, a funcionária anunciou a conta. Vinte e tal euros.
A senhora tirou do bolso uma de dez euros, outra de cinco e três ou quatro moedas e deu-as à funcionária. A funcionária disse-lhe – Minha senhora, este dinheiro não chega... A senhora respondeu-lhe prontamente – Tire-me a polpa de tomate (uma embalagem das mais pequenas e de marca branca) e as bananas (um cacho com quatro bananas).
A empregada retorquiu – Ainda não chega. A senhora mandou tirar dois iogurtes.
Mais uma vez a funcionária a informou – Ainda não chega. A senhora mandou tirar um pacote de cenouras (que conteria umas dez).
Ainda assim o dinheiro da senhora não chegava, faltavam três cêntimos. A senhora olhava angustiada, para a funcionária. De que teria ela que prescindir a seguir? Mas vieram as palavras da operadora de caixa – Pronto, deixe estar, fica assim.
Ao lado o filho da senhora, com os cotovelos apoiados na beira da caixa e as mãos suportando-lhe o queixo, alternava o seu olhar entre o rosto da funcionária e o da mãe. Nem uma palavra…
Senti-me tentado a dizer à funcionária: eu pago a diferença. Mas nesse mesmo instante interroguei-me: não irá esta mulher sentir-se ainda mais atingida na sua dignidade se eu tiver esta atitude? Nada fiz, fiquei sem palavras.
Conclusão – Portugal, Novembro de 2009 – uma embalagem de polpa de tomate, quatro bananas, dois iogurtes e dez cenouras, estes são os números da verdadeira crise, aquela que de facto atinge as pessoas. Quem quiser que perceber que perceba.
Uma senhora, acompanhada do seu filho, com sete ou oito anos de idade, estava à minha frente na caixa de um supermercado para efectuar o pagamento das suas compras. Tudo normal. Pôs as compras em cima do tapete. Eram poucos artigos, chegaria rapidamente chegaria à minha vez, por isso fiquei contente.
Percebem o porquê da minha satisfação (?!!!)... Com certeza já todos experimentamos aquela sensação de desespero quando temos que esperar “tempo sem fim” porque quem está à nossa frente foi fazer as compras do mês. Os outros sentirão o mesmo, quando somos nós a fazê-las.
As perspectivas eram boas, o que veio a seguir è que não.
Depois de passar todos os artigos a funcionária fez as perguntas do costume – Tem cartão disto? Tem cartão daquilo? … A senhora foi respondendo sempre da mesma forma – Não.
Posto isto, a funcionária anunciou a conta. Vinte e tal euros.
A senhora tirou do bolso uma de dez euros, outra de cinco e três ou quatro moedas e deu-as à funcionária. A funcionária disse-lhe – Minha senhora, este dinheiro não chega... A senhora respondeu-lhe prontamente – Tire-me a polpa de tomate (uma embalagem das mais pequenas e de marca branca) e as bananas (um cacho com quatro bananas).
A empregada retorquiu – Ainda não chega. A senhora mandou tirar dois iogurtes.
Mais uma vez a funcionária a informou – Ainda não chega. A senhora mandou tirar um pacote de cenouras (que conteria umas dez).
Ainda assim o dinheiro da senhora não chegava, faltavam três cêntimos. A senhora olhava angustiada, para a funcionária. De que teria ela que prescindir a seguir? Mas vieram as palavras da operadora de caixa – Pronto, deixe estar, fica assim.
Ao lado o filho da senhora, com os cotovelos apoiados na beira da caixa e as mãos suportando-lhe o queixo, alternava o seu olhar entre o rosto da funcionária e o da mãe. Nem uma palavra…
Senti-me tentado a dizer à funcionária: eu pago a diferença. Mas nesse mesmo instante interroguei-me: não irá esta mulher sentir-se ainda mais atingida na sua dignidade se eu tiver esta atitude? Nada fiz, fiquei sem palavras.
Conclusão – Portugal, Novembro de 2009 – uma embalagem de polpa de tomate, quatro bananas, dois iogurtes e dez cenouras, estes são os números da verdadeira crise, aquela que de facto atinge as pessoas. Quem quiser que perceber que perceba.