Felizmente
nunca na minha vida experimentei a sensação de viver num país em estado de sítio,
ou lá próximo. As imagens de pessoas a açambarcar bens essenciais, sempre me
foram dadas pela televisão e diziam respeito a uma realidade que, repito,
felizmente nunca foi a minha.
Nunca
tinha experimentado essa sensação até hoje, mas hoje aconteceu.
Ao
entrar circunstancialmente numa loja da cadeia “Pingo Doce”, para efetuar uma
daquelas compras de ocasião, dei por mim a viver num qualquer país em situação de
emergência, em estado guerra eminente. Uma loja, de média dimensão, mas que
tinha no seu interior seguramente 4 centenas de pessoas. Mal se podia circular. As filas para as caixas de pagamento estendiam-se em forma de
serpente por todos os corredores e pelos espaços mais improváveis da loja. Cada
pessoa na fila de espera tinha ao seu lado volumes e mais volumes de produtos. Produtos
alimentares, de higiene e tudo o que é essencial á sobrevivência. Os característicos
carros de supermercado eram raros e as compras eram transportadas em
contentores improvisados: caixotes de papelão, sacos de ráfia e até caixas de
fruta da própria loja.
Um
ambiente caótico com pessoas esbaforidas que se lamentavam pela falta de
produtos. Prateleiras e expositores completamente vazios, onde apenas se via o
preço dos produtos que lá tinham estado expostos. Enfim uma situação
inacreditável.
A minha
mulher, pouco depois de entramos na loja, percebeu o porquê daquela confusão quando
leu um panfleto promocional da cadeia que anunciava descontos de 50% para
compras de valor superior a 100,00€. Ela quis voltar imediatamente para trás,
até porque temia pela nossa integridade física.
Eu
resisti e com a minha filha pela mão fiz questão de viver este momento que se não é tristemente histórico para o nosso país pelo menos é inédito. E lá andei
cerca de 10 minutos mergulhado na triste realidade deste nosso Portugal do século XXI.
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