segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Relatos "especiais" do meu Natal

Como aqui disse, vivi o Natal de 2009 repartido entre Tabuado e Lamego e adicionei-lhe ainda uma ida à Serra da Estrela. Temia que o estado do tempo pudesse de alguma forma obrigar-me a alterar os planos, mas felizmente correu tudo bem e fiz tudo conforme tinha previsto.
Agora vou aqui deixar alguns relatos "especiais"deste roteiro do meu Natal.
Primeiro – Chegou o pinheiro de "policutileno" a casa dos meus Pais.
Pela primeira vez, desde que me conheço, lá em casa, a árvore de natal não é natural. O meu irmão P. estava algo desiludido, não tinha tido tempo para arranjar o pinheiro natural, por isso recorreu à solução possível, comprar um artificial. Eu gostei, a árvore de natal está muito bonita e o ambiente agradece...
Segundo – A tradição das batatas raladas. Mais uma vez se cumpriu em casa dos meus Pais a tradição de comer batatas raladas ao almoço na véspera de Natal. Para os que gostam destas coisas, deixo aqui o fundamento desta tradição.
Na minha terra diz o povo, que em tempos idos, quando o país atravessava graves problemas económico-sociais e a população passava fome, a ceia de natal era a melhor refeição do ano. Só nessa noite se comiam determinados alimentos que eram vistos como autênticos luxos para a época, como por exemplo o bacalhau... e não era para todos. Ora, sendo aquela uma refeição absolutamente extraordinária, tinham os estômagos que estar devidamente preparados para tal acontecimento, que apenas se repetiria no próximo Natal. Sendo assim, naquele dia de vésperas de Natal, a refeição que antecedia a ceia teria que ser ligeira, de modo a que os ditos estômagos estivessem devidamente descongestionados para receberem aquele que seria o repasto mais abundante do ano. Nesse contexto é que surge a tradição de na véspera de Natal, ao almoço, se comerem apenas batatas raladas, alimento facilmente digerível e pouco nutritivo, que potenciava o apetite para a ceia de natal.
É claro que as circunstancias e os objectivos que hoje nos levam a continuar a comer as batas raladas ao almoço na véspera de Natal, como faziam os antigos, não são, felizmente, as mesmas; nem as batatas que hoje se comem terão nada a ver com as que se comiam naquela época, no entanto, a tradição mantém-se e honra-se a memória dos que nos antecederam...
Terceiro – Em Lamego estava um frio de rachar… como convém no Natal, mas a chuva atrapalhou um bocadinho. Não sei porquê, mas a cidade pareceu-me mais apática. Fui visitar o presépio à Igreja de São Francisco. Estava muito bonito, como sempre. Se puderem passem por lá, aconselho uma visita, pois em questão de presépios tradicionais, é do melhor que conheço. A comunidade Franciscana de Lamego faz questão de, também neste aspecto, pôr a render a herança do seu fundador.
Quarto – Serra da Estrela. Os acessos, pelo lado de Seia, estão impecáveis. Estradas com boas condições, bem sinalizadas e com protecção lateral adequada para estradas de montanha. Na Torre havia muita gente e… muita neve. A espaços ainda nevou e o vento levava a neve de uns lados para os outros. Os limpa-neve e os agentes da GNR funcionaram impecavelmente e as estradas mantiveram-se sempre transitáveis. Divertimo-nos imenso! Se puderem, é um local a visitar, nesta época.

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