quarta-feira, 26 de maio de 2010

Urna de combatente da guerra colonial afinal continha pedras e areia.

Esta é uma notícia que me deixou boquiaberto.


Quatro décadas depois, a família de um combatente falecido na guerra colonial, descobre que foi enganada. A urna, transladada há 42 anos, afinal não continha os restos mortais do militar, mas sim pedras e areia.
Aconteceu em Peniche e os familiares estão incrédulos e ponderam pedir uma indemnização ao Estado Português.
Este acontecimento dá-me que pensar; ele vem dar credibilidade às afirmações que ao longo da minha vida foi ouvindo a pessoas contemporâneas da guerra colonial, que a viveram cá (na Metrópole) ou no Ultramar, e que afirmam, em jeito de especulação, que terão acontecido inúmeras situações como esta.
Confesso que sempre encarei essas afirmações como meros exercícios especulativos, palpites, quiçá infundados. Mas perante este caso concreto, que agora é tornado público, começo a questionar-me se não terei que dar credibilidade a tais afirmações.
 E a ser assim interrogo-me: será este um caso único? Quantas dezenas, ou mesmo centenas, terão ocorrido?
Por respeito aos que tombaram pela pátria e aos seus familiares, nem quero colocar a hipótese desta ser uma prática reiterada das autoridades portuguesas à data, para minimizar o impacto resultante do mal-estar social provocado pela insatisfação das famílias que iam perdendo os seus filhos.
A pretensa devolução dos restos mortais terá possibilitado o luto e na ocasião terá funcionado como analgésico para suportar a dor, mas, casos como este, vêm abrir de novo as chagas de uma maleita que demora a curar, não só às famílias, mas também à nação.
Quero continuar a acreditar que este terá sido um caso sem paralelo.
Quero continuar a acreditar, repito, quero continuar a acreditar...

Podem ver os pormenores da notícia da Agencia Lusa aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário