quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Corte dos subsídios de férias e Natal: Seguro vai bem, Passos vai mal.

Penso que vai bem António José Seguro ao bater-se pela ideia de poupar aos funcionários públicos e aos reformados um dos dois subsídios (férias ou Natal) que o Governo se propõe retirar-lhes no próximo ano.
Seguro disse ontem, em entrevista á TVI, que Pedro Passos Coelho e o Governo estão a ficar isolados nesta questão. De facto, também é o que me parece.
O actual e antigos Presidentes da República, a Conferência Episcopal Portuguesa, vários dirigentes partidários, inclusive do PSD, como por exemplo Rui Rio e muitas outras personalidades da sociedade portuguesa, têm-se pronunciado contra esta medida, sugerindo uma mais justa repartição dos sacrifícios no combate à crise.
O Governo, por seu lado, tem dito que o esforço para repor o equilíbrio orçamental, tal como está acordado com a troika, tem que ser conseguido à custa de um aumento da receita (1/3) e dois terços à custa de redução da despesa. Vai daí, há que cortar nas rubricas da despesa que podem ter algum impacto para se alcançar esse objectivo e em termos imediatos - despesa com o pessoal e prestações sociais, que é como quem diz salários e pensões. Acto consequente, olha-se para estes dois aglomerados da despesa, fazem-se cálculos para saber quanto é preciso cortar e corta-se. Assim o exige a situação de emergência em que o país se encontra.
Acontece que do outro lado dos cortes estão pessoas, estão famílias e estão vidas.
A mim parece-me de uma dureza extrema que, para concretização de um objectivo nacional, haja funcionários públicos que em menos de dois anos vejam o seu salário reduzido de forma compulsiva em mais de 25%. Não me parece justo. Já em diversas ocasiões por aqui defendi uma repartição justa dos sacrifícios no combate à crise. Defendi e continuo a defender que o esforço deve ser repartido por todos: empresas e singulares, sector público e privado, portugueses no activo e já aposentados... enfim todos. Naturalmente exigindo-se mais aqueles que mais podem.
Penso que com o aprofundamento desta discussão há cada vez mais pessoas sensíveis a esta problemática. Há cada vez mais gente que compreende que os funcionários públicos e os pensionistas (tal como os outros portugueses) não são culpados, pelos desvarios que foram cometidos ao longo dos anos por quem comandou os destinos do país. Pelo menos de forma directa.
Por isso espero que o Governo saiba ouvir a sociedade; que adopte uma postura de abertura e diálogo e que não confunda determinação na decisão com arrogância e ensimesmamento; que não se feche sobre si próprio e que seja capaz de descobrir soluções alternativas que melhor defendam os interesses do país e de TODOS os portugueses. É para isso que são eleitos e mandatados os governantes.

6 comentários:

  1. Completamente de acordo com o post.
    De facto parece que Passos Coelho se está a esquecer que temporariamente tem a responsabilidade de administrar o País.
    Se quer poupar mais ainda porque não encurtar o Hino Nacional para as cerimónias ficarem mais rápidas e as pessoas irem trabalhar (cf. Prof. César das Neves).
    Não pode fazer o que quer, nem tem esse direito.
    A política não pode ser um corte cego e louco.
    Primeiro as pessoas Sr. Primeiro Ministro. E já agora devia mudar de porta-voz, porquanto o Dr. Relvas parece mais o ministro das relações exteriores do Iraq Tarek Aziz, que por sinal acabou mal.
    Passos Coleho deve rodear-se de gente boa e que saiba explicar bem as coisas ao povo simples, não tratar o corte os subsídios como produtos texteis-lar (almofadas...:).
    Passos Coleho está a jogar sujo e muito mal quando coloca portugueses contra portugueses - funcionários públicos versus trabalhadores da inicativa privada.
    Aliás ele próprio o Dr. Relvas d4sempenham cargos públicos!

    ResponderEliminar
  2. MANDADO DE CAPTURA INTERNACIONAL

    Os povos de todo o mundo, emitem este mandado de captura internacional contra o chamado – MERCADO, pelos danos causados aos povos.
    Pretendem estes AGIOTAS E EXECRÁVEIS LADRÕES ESCONDIDOS roubar o melhor aos povos – A DIGNIDADE.
    Por favor quem saber onde se encontra o chamado MERCADO, comunique aos povos para serem linchados em praças públicas em todo o mundo.
    Publique-se e cumpra-se.

    POVOS DE TODO O MUNDO INDIGNADOS

    ResponderEliminar
  3. Caro Leitor,
    Muito obrigado pela sua opinião.
    Concordo consigo quando diz que as pessoas estão em primeiro. Assim o é de facto. O exercício de cargos públicos só tem significado se os mandatos forem cumpridos a pensar em quem os concedeu, ou seja no povo.
    Também concordo consigo quando diz que é muito perigoso colocar portugueses contra portugueses. Felizmente quer-me parecer que a nossa gente começa a perceber que as vantagens deste tipo de jogos são ilusórias. Na verdade, o mal de alguns pode transformar-se no mal geral.
    Quanto ao resto, apenas um aparte, para lhe dizer que, ao que julgo saber, Tarek Aziz, “o cristão”, era um moderado no regime iraquiano... Ora, não lhe parece que o país também precisará de líderes políticos decididos, mas ao mesmo tempo modestos e moderados?
    Cumprimentos e volte sempre.

    ResponderEliminar
  4. Caro Leitor, das 21:03
    Muito obrigado pelo seu texto
    Já pensou quão difícil é imaginar uma sociedade sem mercados? Sobretudo as sociedades urbanas?
    A origem e a lógica dos mercados estão profundamente ligadas á natureza humana, desde a antiguidade. Ao longo dos séculos, os mercados contribuíram muito para a socialização e desenvolvimento, a diversos níveis, do Homem.
    Provavelmente, com estes seus éditos, quer dizer que há “mercados e mercados”. Essa é uma verdade irrefutável, mas levar-nos-ia a outra discussão... e a ter que distinguir o trigo do joio.
    Cumprimentos e volte sempre.

    ResponderEliminar
  5. Numa coisa sejamos justos (e muita atenção aos textos do PS na comunicação social): o PS ou AJ Seguro ainda não apresentaram alternativas ao corte dos subsídios dos funcionários públicos!!! O Governo já foi muito claro que aceita discutir todas as propostas que não ponham em causa o défice e pessoalmente entendo que a meta do défice não pode falhar. Se seguro não apresentar essas alternativas, então não "foi bem", foi demagógico...
    Abraço ;)
    Ricardo Oliveira

    ResponderEliminar
  6. Caro Ricardo,
    Obrigado pela tua opinião.
    Parece-me que as alternativas existem. Elas têm sido apontadas por diversas personalidades, de diversos quadrantes políticos e sociais, a começar desde logo pelo Sr. Presidente da República. A este propósito, seria bom lembrarmo-nos da posição assumida por Cavaco Silva em reacção à medida tomada pelo anterior Governo que aplicou um corte salarial de 5% (em média) aos funcionários públicos que ganhavam mais de 1.500 euros. Já nessa ocasião o PR apontava soluções menos discriminatórias.
    Também julgo que a meta do défice não pode falhar. Mas esta minha preocupação nem tão pouco é de agora. Como sabes, defendo o rigor na execução das políticas orçamentais e lamento que, o nosso país, em 36 anos de Democracia, só tenha coleccionado orçamentos deficitários, uns atrás dos outros...
    Um abraço e volta sempre

    ResponderEliminar